Conheça Machi Ayamadori, uma jovem sacerdotisa de 14 anos que cresceu em uma vila mágica, na qual ursos convivem normalmente com humanos. Ela é a sacerdotisa da sua vila, e basicamente vive com esses ursos, dos quais o mais importante é Natsu Kumai, um urso muito simpático que é basicamente sua mãe, e mais alguns humanos. E todos convivem pacificamente, e tudo é muito bonito e rural.
O fato é que Machi poderia viver normalmente como uma jovem, cumprindo seu papel de sacerdotisa daquela vila… mas um belo dia ela decide que cansou de tudo aquilo, e quer ir cursar o Ensino Médio na cidade grande. E é aí que começamos a penosa acompanhar a jornada da sacerdotisa – ou seja, miko – para tentar ser melhor e merecer ir pra cidade.
E digo “penosa” porque para ter uma ideia, na sua primeira tentativa de sair da vila, ela despedaça a bicicleta. É assim que seguem as suas aventuras tentando sair da vila sob a proteção do urso Natsu, que decide tudo por ela, já que ela é meio… burrinha.
Kuma Miko (Kumamiko: Girl Meets Bear) é um anime de comédia que tem como premissa acompanhar como essa sacerdotisa dos ursos vai se virar (ou não) com as coisas da cidade, vinda do seu “universo simples” com ursos falantes, é baseado em um mangá seinen em andamento, escrito por Masume Yoshimoto para a revista Comic Flapper (Dance in the Vampire Bund, Tonari no Seki-kun).
Animado pelo Kinema Citrus (Black Bullet, Tokyo Magnitude 8.0, Barakamon), é inevitável compará-lo com este último. A semelhança com Barakamon é evidente: o traço extremamente fofo, sobretudo nas crianças, é inconfundível, ainda mais quando colocado em uma história slice-of-life sobre “caipiras” tentando conhecer o que existe na cidade grande – e como é de se esperar, sim, a animação é muito bonita desde o primeiro momento!
Moe e comédia otaku: as palavras de ordem!
No entanto, Kuma Miko não tem compromisso com nenhum lema fugere urben, ao contrário de Barakamon. Bem pelo contrário, aliás: a comédia é muito cheia de referências à cultura pop japonesa, e é basicamente – ao menos até agora – a história de uma sacerdotisa que vivia em um mundo selvagem mágico, ficou totalmente encantada pela sociedade de consumo japonesa, e começa a tentar se encaixar naquela sociedade. Tudo é um grande “Chico Bento e seu primo” versão mangá seinen, com direito a todas as referências culturais possíveis – e sim, você vai perder muito da comédia se não entender referências a músicas antigas da Kyary Pamyu Pamyu ou a vestimentas Heattech da UNIQLO, por exemplo. Mas você certamente deve entender as referências a “use (programa do Office)!”, pelo menos, então nem todo o humor está perdido.
Além da comédia, moe é palavra de ordem. Objetivamente, Kuma Miko tem uma das melhores aberturas, e definitivamente o melhor encerramento da temporada; a animação é muito boa e colorida, e extremamente fofa em todos os momentos. Talvez seja justo dizer que Kuma Miko é um anime de moe e comédia, nessa ordem; mesmo antes de nos envolvermos com os personagens e começarem as boas piadas, enquanto ainda está sonolenta, a série já ganha os fãs de moe com sua estética fofa, e claro, cenas ecchi com a protagonista loli burrinha, como um digno “seinen pra otakus”. Tudo é fofo. E vagamente furry. E então é mais um pouco fofo.
O que ficou disso?
Eu confesso que demorei uns três episódios para “sacar” Kuma Miko. Porque Kuma Miko é muito único, sem medo, e sabe bem que público quer cativar: fãs de seinen, de moe, de muitas referências a cultura pop. Basicamente, otakus no sentido japonês. Eu fiquei confusa no começo, e ainda tem alguns momentos em que eu me pego pensando “eu não entendi isso, e acho que é melhor assim”.
Isso é ruim? Aí é com você. Se você é desses otakus diferentões, vá na fé, Kuma Miko é ótimo. Muito mais para um Shirokuma Cafe ou Gugure Kokkuri-san com a produção de Barakamon, a comédia cheia de referências culturais (muito, muito japonesas) e personagens bizarros tende a agradar. Se você só quer ver umas lolis, ei, a protagonista dojikko é uma graça. Pode assistir sem medo! No entanto, se você é uma pessoa que não vai entender as referências à vida no Japão, nem tem um interesse particular em piadas sobre “anime de pedobear”… pode ficar longe sem arrependimentos também. Nada de valor pra ver aqui.