Mais um anime esperado dentre os da Temporada de Inverno 2017 (confira nossas expectativas AQUI), hoje vamos com Kobayashi-san Chi no Maid Dragon!
Quando um dragão bate sua porta…
Primeiramente, um close de um dragão batendo suas asas imensas em um movimento tão lento quanto imponente. Uma mulher ruiva – com character design de garotinha, mencionemos – então desperta. Enquanto a ruiva vive uma vida normal, se arrumando, tomando remédio e se preparando para um dia de trabalho em uma empresa, o imenso dragão sobrevoa a cidade, movendo correntes de vento e assustando todos que olham para o céu. E então o dragão pára na porta de menina, e… se transforma em uma outra menina loira.
É assim que começa o primeiro episódio do ousado Kobayashi-san Chi no Maid Dragon, dirigido por Yasuhiro Takemoto (Amagi Brilliant Park, Haruhi Suzumiya no Shousitsu, Full Metal Panic The Second Raid) o mais novo anime do estúdio Kyoto Animation. Baseado em mangá – ao contrário de muitas obras do estúdio, que desde 2011 produz muitas obras baseadas em light novels da sua própria editora – Kobayashi-san Chi no Maid Dragon é a grande aposta da temporada especialmente para os fãs de shounen, de comédia, e de… yuri? Calma, já chegamos lá.
Um início promissor
Temos então a abertura, e preciso dizer que a abertura visualmente simplista porém muito colorida e divertida me lembrou bem alguns verdadeiros clássicos da comédia shounen em décadas recentes, como Azumanga e School Rumble, e por que não o também-do-KyoAni Nichijou. Com muitas pistas visuais em forma de textos, estilo reminiscente do estúdio SHAFT, muitos peitos balançando a la Gainax (eles não pouparam esforços na animação, sério) e paletas de cores fortes e contrastantes, Maid Dragon já começa impactante de várias formas. Começa promissor e criando um hype. Mas até aí, os flopadíssimos Amagi Brilliant Park e Tamako Market também conseguiram essa proeza – o que a animação do estúdio sempre consegue. E aí, o que vem no resto do episódio?
O que vem é uma consistência do nível da comédia, ao menos, e várias gratas surpresas. A menina ruiva não tem muita certeza se está vivendo ou se é só um sonho, mas é claro que um dragão imenso na sua porta só pode ser um sonho… ou não? Na verdade, não. A fulana é uma dragoazinha incrível chamada Tooru que não se esqueceu da promessa que a moradora do até-então-pacífico-lar chamado Kobayashi a fez. Ela se apaixonou pela sua prometida, e quer se tornar sua empregada para ajudá-la e viver com ela, em um sério caso de Notice Me Senpai. “Apaixonada?” Sim. Sexualmente, ela faz questão de deixar claro. E ela aparentemente sabe do crush que sua patroa tem em maids, o que só vamos descobrir depois.
A Kobayashi não aceita de cara um dragão enorme em forma de menininha como sua empregada, mas quando ela aceita levá-la até o trabalho literalmente voando, ela é obrigada a repensar sua ideia. Acontece que a melhor parte da comédia nesse primeiro momento é que a dragoa mora em outro universo, e no universo dos dragões não existem empregadas; pra ela, ser uma empregada é que nem ser uma funcionária de maid café, com uniformes sensuais e falando “goshuujin-sama” pra lá e pra cá. Tooru tem poderes mágicos que a permitem destruir e reconstruir a sala em poucos segundos, mas ela simplesmente não sabe como ser uma empregada regular. E a missão de Kobayashi é ensiná-la a ser, basicamente, uma empregada normal; e a missão de Tooru é reconstruir sua vida nesse mundo humano e agradar sua crush.
Problematizações?
Com trocadilhos ingênuos como “dorogon”, uma patroa quase que kuudere que não se abala nem com um dragão em casa, piadinhas recorrentes, telefonemas para amigos do submundo dos dragões e muitas piadinhas nível shounen-primeira-série de “abuso sexual, kawaii!”, a comédia de Kobayashi-san Chi no Maid Dragon é terrivelmente simplista e até meio retrógrada, fora de moda sob uma certa ótica. Mas é ótimo. É ótimo porque fazia tempo que não tínhamos uma comédia tão descompromissada, por um lado; admito que sou fã dessas comédias shounen que tem como graça não se levarem a sério, e apesar de não parecerem meu estilo, já assisti muito Nyan Koi e Bokura wa Minna Kawaisou na vida.
Confesso que no fim do episódio estava rindo com o nível de absurdo dos acontecimentos, e quero ver como essa dragoa excêntrica vai se virar. Por outro lado, fazia mais tempo ainda que não tínhamos um yuri. Com Tooru lambendo os beiços e se jogando na mesma cama que a Kobayashi, ela não precisava nem ter falado com todas as letras que ela tem um interesse sexual na patroa – mas falou. Então, é o que tem pra agora.
É original? Pouco – dragão fofinho é quase um estereótipo em mídias japonesas, de Princess Maker 2 a Dragon Crisis (garota loira que é um dragão e se sente atraída pelo protagonista normal? Check). O estilo da comédia também não é tão original, apesar de fazer anos que não temos uma comédia tão ingênua, em certo sentido, quanto Maid Dragon. A animação maravilhosa e a trilha sonora funcional não são mais que o esperado do padrão de qualidade KyoAni.
Vai ter gente problematizando porque a dragoa beira o abuso sexual com a patroa? Provavelmente. Vai ter gente irritada porque não tem profundidade nenhuma? Idem. Mas se você não se importa com todas essas dores e só quer rir um pouco com uma comédia pouco profunda, talvez Maid Dragon seja o anime que você estava esperando.