No domingo, 18 de dezembro de 2022, aconteceu pela primeira vez no Brasil e mais especificamente na capital paulista, a estreia do tão aguardado Knotfest, anunciado em 2020 e adiado por conta da pandemia de COVID-19. Enfim, o ano fechou com louvores, energia e um PESO para os amantes do Heavy Metal!

O público estimado foi de 45 mil pessoas no Anhembi, ocupando toda sua extensão. Fun fact: para quem já acompanhou o carnaval com as escolas de samba e esteve por lá, viu o QUÃO grande é a pista/arquibancada do sambódromo que as escolas desfilam e nestes extremos, situavam os dois palcos, Carnival Stage e Knotstage, onde se apresentaram Slipknot, Pantera, Judas Priest, Bring Me The Horizon, entre outros.

Filas Not Fast

Vou começar com minha única crítica e reclamação a organização do Knotfest: sobre as filas de entrada. Quem se programou para entrar e curtir as primeiras bandas, agendadas para as 11h da manhã, se frustrou. As filas do lado externo dos Portões para a área interna do Anhembi estavam desorganizadas, com pouca sinalização e ao meu ver, com poucos staffs.

Segundo relatos do público nas redes sociais, muitos aguardaram mais de 2 horas para entrar, prejudicando quem veria as primeiras bandas como Black Pantera e Oitão, como também as próprias atrações que tiveram um público mais reduzido pela falta de logística.

Já do lado de dentro a experiência foi melhor, com muitos pontos de alimentação, lojas com produtos oficiais e banheiro, nada fora do comum para um festival deste porte. Quanto ao Museu do Slipknot, este sim, contava com uma fila mais extensa; mas faz parte da relação Custo x Benefício e do quanto você é fã da banda principal, já que perderia alguma apresentação enquanto estivesse por lá.

knotfest 2022
Foto: @sucodm / @brunobellan

Estrutura Knotfest: Sol ou Chuva?

Há duas preocupações inerentes de uma pessoa com um festival. A primeira, é de que se fizer sol, que foi o caso, estar com roupas leves, passar protetor solar e se possível se hidratar – o que pode contribuir para mais idas ao banheiro e se você quer um lugar cativo na frente, bem, é melhor ter uma estratégia por aqui.

Já a segunda preocupação, e a mais danosa: a chuva! Ainda bem que não veio um pingo se quer, já que eu estava totalmente desamparado e sem uma capa de chuva. Ei você, não faça como eu! Sempre tenha uma (capa) no seu bolso – e de preferência compre antes para não pagar uma fortuna com os ambulantes.

Como dito acima, a manhã, passando pela tarde e até a entrada da noite foi um dia ensolarado, quente, com irradiação do calor pelo cimento do sambódromo, mas ainda agradável. Tudo bem que eram longas distâncias de um palco a outro, já que as bandas tocavam de forma alternada, mas permitia termos a experiência completa do line-up, parecido com o que tivemos nas duas edições do SWU no passado.

Para quem buscava um lugar na frente havia os telões, que falhavam algumas vezes e nem eram tão grandes assim, mas ajudava o pessoal a se locomover menos e dar uma descansada nas pernas. Havia também a experiência por quem optou os ingressos mais caros dos camarotes ao lado do Knotstage (o palco principal); um primeiro espaço para centenas de pessoas com open bar de Black Princess, água e refrigerante, com alimentação a parte, onde optei ficar para ter um registro melhor dos shows e imagens, já que achei ser a vista mais privilegiada do palco; e uma segunda localidade mais reservada, com menos pessoas, que além do open bar, havia também um buffet variado e uma vista mais lateral do palco.

knotfest 2022
Foto: @sucodm / @brunobellan

Bandas em Ascensão 

Com o advento do cancelamento do Motionless in White, por sinal, uma das bandas que eu mais queria ver no Knotfest, a sua substituta foi o Black Pantera, escalado nos 45 do segundo tempo e que agitou DEMAIS o pessoal que havia acabado de entrar – e estava com as energias cheias. Destaco que foi JUSTÍSSIMA e ACERTADA a convocação deste trio, que deve ganhar o Brasil em breve. Teve roda punk, é claro!

Na sequência tivemos Oitão e Jimmy & Rats, uma parceria inusitada mas funcional; foram boas apresentações e o tatuadíssimo masterchef Henrique Fogaça, se mostrou um frontman de respeito a frente de sua banda. O destaque para a primeira leva totalmente nacional, foi com o pessoal do Project 46, estes sim, elevando o metal nacional na OITAVA potência e quem sabe, o Knotfest não dá aquele “trampolim” pra banda, mundo afora?

Bandas Consolidadas

Twitchzeiro guitarrístico de plantão, junto com o Herman Li (Dragonforce), quem subiu no palco naquele domingão foi o Matt Heafy. Um dos expoentes da nova geração da música pesada, ídolo da galera mais nova e referência no metalcore, o Trivium mostrou a que veio e mandou ver um setlist enxuto, mas poderoso, recheado de riffs grooveados e melodias agridoces em meio a turbulência sonora dos instrumentos.

Heafy não demorou para aparecer como convidado especial de outro show, dos brazucas do Sepultura, que também chamou ao palco Scott Ian (Mr. Bungle/Anthrax) e Phil Anselmo (Pantera) para tocarem clássicos e fazer referência ao último trabalho da banda, o SEPULQUARTAS.

Não menos especial, preciso dar o destaque devido ao Mr. Bungle. Não conhecia grande parte do repertório, a não ser pelos covers apresentados, mas o que Mike Patton e companhia fazem em palco é de tirar o chapéu. A surpresa foi de que seria um show morno, mas o público cantou muita coisa e ovacionou com Territory, cover do Sepultura e que claro, chamaram Andreas Kisser para tocar junto, retribuindo o convite de uma hora antes. Memorável!

knotfest 2022 phil anselmo pantera
Foto: @sucodm / @brunobellan

Banda que não gostei: VENDED

De todas as apresentações, flertando ou não com meu gosto, já que podemos apreciar o espetáculo por si só, os meninos do VENDED foram sofríveis. A começar pela mixagem de som, que não acertaram do começo ao fim, a performance se mostrou forçada e talvez, nervosa demais.

A banda formada por filhos dos membros do Slipknot conta com uma produção que se assemelha a dos pais, um pouco mais enxuta, claro, mas que além de não trazer uma identidade ainda formada, peca pela execução, principalmente do vocalista Griffin Taylor, com berros fracos e sem muita técnica.

É claro, daremos aquela passada de pano pois estão começando, mas colocá-los em um horário mais “privilegiado” é o mais puro nepotismo, não é mesmo? Brincadeiras a parte, acredito que com toda a assessoria que os meninos terão no decorrer da carreira, caso dê tudo certo, em quatro anos terão uma concisão interessante e com performance para horários nobres em festivais de grande porte, como este.

Bandas Populares

Vamos falar de gente grande? É incrível como um festival de metal ainda atrai quase 50 mil pessoas. Na verdade, fico bem feliz com isso. É graças aos 50 anos de história de um Judas Priest ou da recorrente renovação de público do BMTH, características determinantes para atrair as mais diversas faixas etárias para o Knotfest.

A penúltima apresentação no Carnival Stage seria do Pantera. Digo o “seria”, pois, considero – assim como a própria banda – um tributo aos irmãos fundadores Abott. De fato, uma homenagem de peso a Dimebag Darrel e Vinnie Paul. É inevitável e sempre devemos falar sobre as polêmicas que envolvem Phil Anselmo, até para não repeti-las, como também é inevitável falar de como o cara tá mando muito bem ao vivo, com um vocal potente e afinado.

Apesar da BAIXA ausência de Rex Brown, que não pôde se apresentar por se contaminar com a COVID-19, seu substituto Derek Engemann, da banda Cattle Decapitation, fez o papel dos graves, mas a dobradinha Zakk Wylde somada a Charlie Benante (Anthrax) foi o que pegou a galera por ali. Entrosados, entoaram hinos como “Walk”, “Fucking Hostile” e minha favorita “Domination / Hollow”. Terminaram com “Cowboys From Hell” e para tristeza de muitos, não tocaram “Cemetery Gates”, que serviu de música de fundo para homenagem dos irmãos finados.

knotfest 2022 zakk wylde pantera
Foto: @sucodm / @brunobellan

Na sequência, e voltando para o Knotstage, Oli Sykes e sua banda Bring Me the Horizon performaram e contagiaram a faixa etária mais nova presente no Knotfest. Ainda pretendo escrever uma matéria especial e focada apenas neste show para evidenciar o quanto a banda melhorou sua performance ao vivo nos últimos anos.

Mas deixando claro e direto por aqui, o peso, melodia e batida eletrônica foram o cerne de toda a apresentação da banda, que também teve como acompanhamento um telão cheio de efeitos especiais tecnológicos, cores e um flerte com a música mais Pop. Sykes extrapolou até demais sua paixão pelo Brasil, por sua esposa e bem, entoou muitas frases em português. Valeu a tentativa e foi um show divertidíssimo!

knotfest 2022 oliver sykes bmth
Foto: @sucodm / @brunobellan

Para a última apresentação no Carnival Stage, os veteranos e mais que cinquentões – de carreira – do Judas Priest se apresentaram. Foi a segunda vez que vejo a banda de Birmingham por aqui, e agora, com um show mais curto. Obviamente, a esta altura do evento minhas pernas já estavam doloridas, costas pedindo arrego, então foi aquele show para relaxar e curtir o som “dazantiga” ao longe.

Rob Halford não precisa provar mais nada pra ninguém, ícone e frontman absoluto, demonstrou um cansaço, sim, mas nada que prejudicasse a performance da banda. O destaque foram as músicas que não ouvi outrora em 2011, em uma tour conjunta com o Whitesnake e curiosamente também no Anhembi, como “Firepower”. Vida longa ao Judas!

knotfest 2022 rob halford judas priest
Foto: @sucodm / @brunobellan

Slipknot fechando a noite e minha terceira experiência com os meninos de IOWA. Ainda acho a apresentação de 2011 da banda no Rock in Rio uma de suas melhores ever, como também da minha vida – e nem sou tão fã da banda assim, heim?

O setlist começou com “Disasterpiece” e foi martelada atrás de martelada. Algo que me incomodou um pouco é de que as pausas eram um pouco longas entre uma música e outra, provavelmente por conta da logística de palco, mas mesmo assim foi bom demais ver “Duality”, “Spit It Out” e a minha preferida do grupo, “Heretic Anthem”.

O bis para a ótima apresentação, não muito longa, mas que faz jus ao sucesso da banda e ao Knotfest foi com “People = Shit” e “Surfacing”, que bem, quem ainda tinha energia para pular, que não foi o meu caso, saiu com o sentimento de dever cumprido e em harmonia com o mais alto nível do berimbau metalizado.

knotfest 2022 slipknot
Foto: @sucodm / @brunobellan

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