BELLAN
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    O #BELLAN é um nerd assíduo e extremamente sistemático com o que assiste ou lê; ele vai querer terminar mesmo sendo a pior coisa do mundo. Bizarrices, experimentalismo e obras soturnas, é com ele mesmo.

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    Joacim Cans fala sobre Avenge The Fallen, novo álbum do Hammerfall | Suco Entrevista

    Em uma entrevista exclusiva para o Suco de Mangá, Joacim Cans, vocalista da icônica banda de heavy metal Hammerfall, compartilha detalhes emocionantes sobre o novo álbum “Avenge the Fallen”, seu retorno à gravadora Nuclear Blast Records e suas expectativas para a turnê mundial.

    Joacim também fala sobre seu processo criativo, a experiência de trabalhar com o produtor Jay Ruston, e suas reflexões sobre a evolução do heavy metal na Suécia e no Japão. Além disso, ele revela seus pensamentos sobre o Brasil e seus fãs apaixonados. Não perca esta entrevista imperdível que celebra quase três décadas de sucesso no mundo do metal.

    Também está disponível a entrevista em vídeo, abaixo:


    BELLAN: Olá, Joacim, primeiro gostaria de agradecer pela oportunidade! Tudo bem com você?

    Joacim: Eu estou bem, e desculpe por cancelar semana passada, eu estava bem resfriado, mas hoje estou bem!

    Primeiro gostaria de falar sobre ‘Avenge The Fallen’, estamos perto de seu lançamento. Estão animados?

    Com certeza! Temos que manter em mente que temos vivido esse álbum por muito, muito tempo, então quando os fãs puderem ouvi-lo, a gente vai estar cansado dele! Já faz mais ou menos um ano que começamos a gravá-lo, estamos trabalhando nestas músicas há muito tempo, e é como embrulhar um presente de Natal, ou de aniversário. É para os fãs! E você também quer ouvir as reações dos fãs, quer ouvir e ver o que os fãs acham do seu trabalho, de algo que você se esforçou muito pra fazer, e também algo que estamos muito orgulhosos.

    hammerfall avenge the fallen capa
    Imagem Divulgação / Nuclear Blast

    Como foi voltar para a casa da sua gravadora original, a Nuclear Blast Records?

    É como voltar pra casa! Estivemos de “férias” na Napalm Records por três álbuns e agora estamos voltando pra casa. Foi muito bom, pois quando iniciamos nossa carreira lá em 1996, a Nuclear Blast foi a gravadora que assinou com o Hammerfall pois uma pessoa, o Markus Staiger, que realmente acreditava no Hammerfall, então nós crescemos lado a lado com a Nuclear Blast. O Hammerfall foi ficando cada vez maior, e a Nuclear Blast, que era uma gravadora pequena, se tornou uma gravadora gigante. Então foi muito legal.

    Mas, claro, como em todo relacionamento, às vezes a gente se distancia. Então senti em um certo ponto que devíamos nos separar, e por isso decidimos não assinar novamente com a Nuclear Blast, e fomos trabalhar com outra gravadora, com a Napalm. E deu certo, claro, mas sentíamos falta da Nuclear Blast pois sentíamos que havia algo em comum entre nós, e também as pessoas da gravadora se tornaram nossos amigos, como família, então quando chegou a hora de negociar o futuro, pensei que queremos realmente voltar para a Nuclear Blast, e eles nos deram uma oportunidade muito boa para isto, então estou muito feliz em retornar!

    Como foi o processo de composição de ‘Avenge The Fallen’. Foi durante a estrada? E como foi trabalhar com o produtor Jay Ruston?

    Hoje em dia nós estamos sempre criando, e você precisa manter em mente que toda música começa com o Oscar Dronjak, pois ele é o idealizador dos riffs de guitarra, ele coloca tudo no lugar, e quando ele termina, ele me manda uma demo e eu faço as melodias vocais, e finalmente as letras. Então hoje em dia Oscar sempre traz sua guitarra de viagem e um pequeno setup de gravação. Então não importa se ele está num quarto de hotel, num ônibus de turnê, no camarim do nosso show, ele está sempre pronto pra gravar, pois você nunca sabe quando a criatividade vai aflorar. Às vezes ele sai do palco, toma um banho, pega uma cerveja, corre até o ônibus e fala “caras, preciso gravar algo”. Legal! Porque você precisa estar pronto! Então este álbum foi escrito em todo lugar!

    Algumas ideias vieram durante o processo do “Hammer of Dawn”, e temos músicas, como “Hope Springs Eternal”, que está em processo de criação há 10, 15 anos! Mas agora sentimos que a música estava amadurecida o suficiente para estar no álbum, pois o Oscar me mandou essa música e perguntou “você consegue fazer algo com isso?”, eu escutei duas vezes, apertei o botão de gravar no meu estúdio em casa, e gravei uma melodia para o verso e para o pré-refrão, e isso foi o que chegou ao álbum. Essa música realmente falou comigo.

    Para responder sua outra questão, isto foi no show em Los Angeles, depois do show teve uma festa no camarim, e o Oscar correu pro ônibus pois ele precisava gravar algo. E aí o Jay Ruston apareceu, foi quando o encontrei pela primeira vez. Eu realmente senti uma conexão com Jay, e senti que ele seria um grande… não substituto, mas uma solução perfeita como novo produtor vocal para mim. Viemos para o estúdio, foi bem tranquilo e confortável para mim. Ele foi mais exigente do que o James Michael ou o Jacob Hansen mas ao mesmo tempo eu sabia que ele realmente queria que eu entregasse todos os vocais da forma mais perfeita possível. Você consegue consertar algumas coisas no computador, mas deu pra perceber que ele não queria fazer muito disso, ele queria que eu tivesse controle sobre a performance. Foi uma ótima experiência, também passamos muito tempo fora do estúdio, indo para festas, bares, restaurantes, e isso também foi uma parte importante das gravações, passar o tempo juntos e curtir a companhia.

    ‘Avenge the Fallen’ abre com a faixa título, que é uma música mais cadenciada, enquanto que a segunda faixa, ‘The End Justifies’, é mais rápida, diferenciando de aberturas de álbuns anteriores. Esta escolha foi proposital?

    Acho que às vezes a gente tem que dar um choque nas pessoas. As pessoas esperam que vai ser rápido. Se você voltar 20 anos no passado, para o álbum “Crimson Thunder”, aquele álbum começa com músicas semi-rápidas ou midtempo, com “Riders of the Storm”. Então é legal que agora nós começamos com um riff de guitarra sólido e aí, quando os vocais entram, a gente reduz o ritmo e entra num tipo de balada antes de dar um soco na cara e a música começar.

    “The End Justifies” tem semelhanças com a música “Heeding the Call”, do álbum “Legacy of Kings”. Começa com um rufar de bateria, e para evitar que as pessoas falem muito sobre as semelhanças, é só o rufar de bateria e o resto é diferente. Acho que foi uma boa escolha colocar “Avenge the Fallen” primeiro e depois seguir com “The End Justifies”, pois aí as pessoas vão entender o soco na cara, com uma música bem rápida e com vocal bem agudo. É uma música muito difícil de cantar!

    Com quase 30 anos de banda, como você mantém sua performance vocal intacta? Quais são os cuidados que você toma para performar bem no palco?

    Eu bebo muito champanhe, acho que é o melhor remédio! Não, pelos últimos 11 anos eu tenho corrido toda semana, por volta de 25 a 30 quilômetros para me manter em forma, pois é muito físico estar no palco correndo pra lá e pra cá e cantando ao mesmo tempo. Nós não ficamos parados tocando, não, nós estamos correndo e tocando! Este foi o melhor presente que eu poderia me dar, pois perdi bastante peso, me mantive em forma, então agora posso correr de um lado pro outro do palco e começar a cantar imediatamente, sem ter que recuperar o fôlego. Quem quer ouvir um cantor que precisa recuperar o fôlego?

    Então esta é a principal forma de me manter em forma, e sempre presto atenção na técnica. Precisamos ouvir nosso corpo. Eu vi muitos amigos indo pro caminho oposto, ganhando peso, perdendo a capacidade de cantar e de repente são apenas uma sombra dos cantores que eram no passado, e eu não quero ficar assim. Eu tenho tanto orgulho do que faço que se eu subir ao palco e eu cantar mal, seria um suicídio emocional para mim.

    Quando você começou a se interessar por Música e quando decidiu ser um cantor de Heavy Metal?

    O heavy metal sempre foi minha música, desde que tenho 11 anos de idade sempre foi o gênero que tocou meu coração. Eu fui nadador no time nacional júnior da Suécia, e um colega do clube onde eu nadava me disse que queria ser um cantor numa banda de punk rock. E eu achei que se ele podia ser um cantor, eu também podia! Então comecei a me gabar pros meus amigos, eu tinha uns 20 anos, comecei a falar que era um grande cantor, eu conseguia cantar heavy metal e uns caras ouviram isso, e falaram “Quer saber? Se você é um cantor tão bom, você tem que tentar com a nossa banda!” E aí eu fui, e soou horrível! Muito, muito mal, eu não conseguia cantar merda nenhuma. Então eu comprei uma guitarra e comecei a tocar, mas não funcionou, e aí comecei a cantar um pouco mais, mas desisti.

    Aí com 21 anos, eu decidi tentar de novo, algumas pessoas me perguntaram se eu estava interessado em tocar e ajudar em alguns shows, e eu fui. E aí eu encontrei minha voz! Demorou um pouco, como eu disse, não soou bom no início, mas depois eu encontrei a voz, e desde então tento sempre polir e melhorar minhas habilidades vocais. Vamos lembrar que quando gravamos o “Glory to the Brave” em 1996, eu só cantava fazia dois anos!

    Em abril fez 20 anos de seu primeiro álbum solo, ‘Beyond the Gate’ e depois com ‘Nu Kan Morkret Falla’. Há espaço para mais um álbum solo no futuro? Seria no mesmo estilo do Hammerfall ou mais voltado para a música folclórica?

    Neste momento não tenho planos ou necessidade de fazer outro álbum solo, pois o Hammerfall é uma parte tão grande da minha vida e eu sou uma parte muito grande do Hammerfall. Então não seria justo para os fãs do Hammerfall, nem para o Oscar e nem para mim mesmo, que eu fizesse outro álbum solo de heavy metal.

    Não há nada a caminho, não estou gravando mais nada no momento, mas se, e isso é hipotético, mas se eu fizesse algo, seria mais na veia do “Nu Kan Morkret Falla”. É uma citação do autor brasileiro Paulo Coelho (nota do editor: provavelmente de ‘O Alquimista’). Mas não, eu prefiro beber champanhe!

    Vamos falar da Suécia. O que mudou para você, dos anos 90 para os dias de hoje no cenário de Heavy Metal? Está mais fácil ter uma banda ou viver de Heavy Metal hoje em dia?

    Se você observar a cena musical da Suécia em geral, a exportação da música sueca para o resto do mundo é gigantesca! Acho que a segunda ou terceira maior exportação que a Suécia faz é de música! Então, algumas bandas não são muito conhecidas na Suécia, mas ainda vivem de música e são rock stars fora da Suécia! Acho que o clima musical é mais ou menos o mesmo, mas a maior diferença é que hoje em dia há bem menos apoio da mídia mainstream. Você nunca vai ouvir Hammerfall numa rádio nacional, você nunca vai ler sobre In Flames no jornal.

    Lá no final dos anos 90 ou início dos anos 2000, o Hammerfall estava em todo lugar nos jornais, estávamos na TV, na rádio, em todo lugar. Acho que hoje, com a idade, é difícil para uma banda cujos membros têm 50 anos. Eu não acho que os chefes das TVs pensam que as crianças vão querer ver rockstars brancos semi-gordos tocando na TV. Há uma grande diferença, mas o clima é bem bom fora da Suécia.

    Vamos falar de Japão! Suécia e Japão possuem culturas muito diferentes e mesmo assim, o Power Metal, o Heavy metal, do HammerFall e outras bandas, fazem muito sucesso por lá. Para você, qual o segredo dessa paixão? E também, como é sua relação com o Japão, seja na cultura ou na música?

    Hammerfall nunca foi muito grande no Japão. Nós fizemos algumas turnês por lá, tocamos em alguns festivais, mas acho que precisamos trabalhar mais com o Japão. Os japoneses em geral têm uma paixão por música sueca em geral, não só por heavy metal ou death metal, mas por música pop, desde o Abba, passando por In Flames e até o Hammerfall. Eu acho que o motivo pra isso é que nós crescemos ouvindo música folk sueca, e esta música folk pode ser ouvida na forma como nós fazemos música. Dá pra ouvir no In Flames, aquela criação melódica se origina na música folk. Também há muito disso no Abba, e também há muito Abba no In Flames, no Hammerfall, em todas essas bandas. Então acho que os japoneses têm muita paixão e amam essa música tradicional sueca. Talvez você deva procurar uma pessoa do Japão e perguntar a eles porque, mas eu acho que esta é uma das razões.

    Summer Breeze 2024 hammerfall
    Joacim Cans e o Hammerfall em apresentação no Summer Breeze 2024 / Foto por: Diego Padilha

    Agora, Brasil! Vi o show de vocês no Summer Breeze, e foi muito bom, energético! O que você mais gosta do Brasil? E espero que retornem para uma turnê do novo disco!

    Sim, claro, este é o plano! Eu quero retornar ao Brasil assim que possível, e espero poder explorar mais do país, porque normalmente quando nós vamos, voamos até uma cidade, tocamos lá, depois voamos pra outra cidade, tocamos lá, e aí temos que sair pois há outros shows pra fazer. É uma honra tocar no Brasil e encontrar todas as pessoas, porque vocês são tão apaixonados! Se vocês gostam de algo, vocês gostam 100%!

    Vocês vão ao show e mostram que realmente amam a música, então é um prazer enorme ter fãs como os brasileiros seguindo e curtindo as músicas do Hammerfall. Infelizmente ser vegetariano como eu é muito difícil no Brasil, pois vocês têm suas churrascarias e comem sua carne, e eu estou lá pedindo salada! Esta é a parte triste, ir pra churrascarias e sentar lá comendo salada e tomando vinho tinto, preciso de outra coisa!

    Para finalizar, quais os próximos passos? Alguma mensagem que gostaria de deixar para os fãs brasileiros? Obrigado!

    Quanto aos planos, há tanto a fazer com a promoção do álbum. Nós estamos dando um tempo agora pois fizemos turnê na América do Sul, depois na América do Norte e depois fizemos uma turnê de festivais, então estivemos muito ocupados! Então agora estamos curtindo não estar no palco, mas ainda há muito a fazer para a preparação do lançamento do álbum, e aí a próxima grande coisa do Hammerfall é que seremos convidados especiais na turnê europeia com o Powerwolf, onde os ingressos estão vendendo muito rápido e será a maior turnê que já fizemos, então estou muito ansioso! Hammerfall como headliner, vocês precisarão esperar até 2025, mas temos grandes planos para tocar em todos os territórios deste planeta, desde a Austrália, América do Norte, talvez América do Sul também, e, claro, Europa.

    Renato (Tradução e Adaptação).


    hammerfall banda 2024
    Imagem Divulgação / Nuclear Blast

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