Jarhead, dirigido por Sam Mendes e baseado no livro de memórias de Anthony Swofford, entrega uma abordagem nada convencional sobre a Guerra do Golfo. Longe de cenas épicas de combate ou heroísmo patriótico, o filme mergulha na mente do soldado moderno e revela uma guerra feita de tédio, frustração e alienação.
Jake Gyllenhaal interpreta Swofford, um jovem fuzileiro naval que embarca na Operação Escudo do Deserto, acreditando que será testado em combate. No entanto, à medida que os dias se arrastam no deserto iraquiano e a esperada Operação Tempestade no Deserto se resume a ataques aéreos massivos, ele e seus companheiros se veem engolidos por um vazio existencial. Passam o tempo com brincadeiras, masturbação, cartas de casa e esperas intermináveis — enquanto a guerra real parece sempre acontecer longe deles.
O filme acerta ao mostrar que a guerra não é feita apenas de balas e explosões. Mendes captura bem o desgaste psicológico de soldados que não têm onde descarregar tudo o que acumularam no treinamento brutal e na tensão constante. Quando Swofford percebe que talvez nunca terá a chance de atirar, surge o sentimento agridoce de um soldado treinado para um propósito que jamais se concretiza.
Com fotografia desoladora e atuações intensas (Gyllenhaal está excelente ao retratar o soldado em crise), Jarhead questiona o papel do ser humano em guerras cada vez mais automatizadas e impessoais. O título nacional, O Soldado Anônimo, faz total sentido: somos lembrados de que, no fim, ele é só mais uma peça esquecida num jogo muito maior.
Jarhead não é um filme de guerra tradicional. É introspectivo, filosófico e desconfortável. Não agradará quem busca ação constante, mas será recompensador para quem procura entender o que se passa na alma de quem esteve lá.