Baseado no livro homônimo da autora belga Barbara Abel, Instinto Materno apresenta uma exploração curiosa e cativante das nuances da maternidade, impulsionada por performances hipnóticas das atrizes vencedoras do Oscar, Anne Hathaway e Jessica Chastain. Dirigido por Benoît Delhomme, o filme mergulha os espectadores em um mundo de suspense e tumulto emocional, mas fica aquém de alcançar seu pleno potencial.
Hathaway e Chastain entregam performances poderosas, infundindo em suas personagens profundidade e autenticidade. A química das estrelas em cena é palpável, elevando a ressonância emocional do filme e envolvendo os espectadores na complexa teia de relacionamentos que permeia o cerne da obra.
A direção de Delhomme estabelece um tom cativante e confortável, mas tenso, mesclando momentos de tensão com reflexões poéticas sobre amor e sacrifício. Visualmente, o filme é deslumbrante, contando com recursos de fotografia que capturam a essência do intrigante subúrbio da década de 60.
No entanto, apesar de seus pontos fortes, Instinto Materno vacila em seu ato final, momento em que toma uma direção desanimadora que parece desconexa do restante da narrativa. A resolução parece apressada e forçada, apesar de corajosa, diminuindo o impacto dos momentos anteriores da história. E então, no ponto do filme que deveria levar a narrativa ao seu ápice, sobra apenas frustração para a audiência que se deixou ser guiada até aquele momento.
Além disso, em alguns momentos, o filme se torna piegas, recorrendo a clichês que diminuem sua eficácia geral. Embora as performances e o tom geral sejam louváveis, tais deslizes impedem que Instinto Materno alcance completamente seu potencial, ainda que aborde a narrativa com muito mais competência do que o livro no qual foi inspirado.
No fim das contas, Instinto Materno oferece um entretenimento decente, que se prova ainda melhor para os apaixonados por obras camp, em que o exagero e a aproximação do ridículo se tornam atributos positivos. Apesar de seus defeitos, o longa ainda merece ser visto, especialmente pelos admiradores do trabalho de Hathaway e Chastain, que provam novamente o porquê de figurarem na lista de atrizes mais amadas pelo público.
Texto por Júlia Henn.