Por mais de uma década, Ichiko Aoba criou um mundo próprio. Um lugar bucólico onde suas delicadas incursões no folk reinavam à sua maneira; um ambiente cuja natureza sempre vibrou com consciência humana, paixão ardente e apreciação do que, à primeira vista, parece simples.
Esses valores sempre foram bem transmitidos por seu doce dedilhar, sua voz cristalina e suas melodias que, mais do que nunca, traziam charme a cada nova música. Luminescent Creatures é uma reafirmação de tudo isso, mas também um novo e caloroso abraço de seus signos mais formais até hoje.
Ambientes em mudança
Aqui, Ichiko e Taro Umebayashi, com quem ela vem trabalhando e descobrindo novos mundos, expandem o que haviam criado em Windswept Adan, de 2020. O som mágico, agora, está ainda mais enraizado no solo – ou nas águas, onde criaturas bioluminescentes adornam a capa do álbum.
E mesmo que haja uma conexão com seus trabalhos anteriores, as diferenças entre os dois se devem principalmente a esse mergulho. Enquanto Windswept Adan adornava a praia, em que se podia ouvir as ondas quebrando na areia, em Luminescent Creatures nós mergulhamos em um reino de corais, que embranquece com o calor do sol, daí a melancolia ardente de “SONAR”.
Conclusão
A cada momento, Ichiko parece desafiar a si mesma na maneira como cria suas paisagens. Ela faz isso sem esforço, e com a dedicação de alguém que sente que precisa fazer seu tempo valer a pena. Este é o tipo mais bonito de música que você pode ouvir hoje – música de amor, afeição e tempo.
Se não fossem as cordas de “aurora”, ou as gravações de campo de “Cochlea”, Luminescent Creatures ainda teria muito a dizer. Mas são esses momentos, cujo cuidado é refletido com uma força natural, que fazem deste registro uma das coisas mais corteses de se ouvir e sentir.