Eriki
    Eriki
    Olá, sou o Eriki, redator do Suco de Mangá desde 2018, ex apresentador do Gole Otaku, programa semanal do Suco de Mangá sobre as estreias de animes da temporada, formado em História pela UFRJ e guitarrista da Matina Cafe, banda que se inspira no som do visual kei.

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    Gushing Over Magical Girls (MahoAko) | Review

    A temporada que passou foi mais uma temporada de continuações do que de estreias. Não que elas não tivessem existido, mas comparada à avalanche de estreias que continuaram na temporada de inverno, o que veio no último semestre acabou eclipsado. Às vezes um escândalo te ajuda a se destacar na sombra de gigantes e é isso o que Gushing Over Magical Girls (MahoAko, no Japão) fez de modo exemplar.

    Mahou Shoujo ni Akogarete é chocante, descarado, ultrajante até. Assim, a vergonha dos mahou shoujo ocupou a cota que temos a cada uma ou duas temporadas de animes que chegam para causar um rebuliço na comunidade. Rebuliços esses famosos pelos comentários construtivos nas redes sociais.

    Por outro lado, se MahoAko fosse apenas a soma de suas cenas escandalosas, o anime seria apenas mais numa lista que já começou desde Madoka que subvertem o gênero mahou shoujo.

    Aliás, por um tempo o gênero só foi isso, cof títulos e mais títulos desfilando na passarela de possibilidades que Madoka fundou. Porém, quem passa do filtro e presta atenção vai notar que MahoAko foi um anime que carregou em si a essência do mahou shoujo, por mais que o ecchi pesado (muito obrigado) aponte o contrário.

    Arrastada para ser vilã

    Então, Gushing Over Magical Girls (MahoAko) conta a historia de Utena Hiiragi, fã apaixonada de garotas mágicas desde quando se entende por gente. Seu coração foi moldado pela graça, fofura e coragem das heroínas de sua infância. Porém, isso não impediu que ela virasse uma garota bastante tímida e retraída, num estereótipo de menina otaku anti-social que muito assemelha à personalidade da Tomoko, de WataMote.

    Também, sua paixão pelas mahou shoujo não a impede de ser recrutada por um projeto de Kyuubei para ser uma vilã para derrotar as heroínas de sua vizinhança, as Tres Magia. Na verdade, não recrutada, mas chantageada, porque Venalita não lhe dá escolha.

    E sim, MahoAko é um anime sobre fãs de garotas mágicas num mundo onde elas existem! Elas existem e se disfarçam à moda Clark Kent para preservarem suas identidades, faltando só os óculos.

    Assim, as Tres Magia são um trio, com a Kaoruko (Magia Sulfur), Sayo (Magia Azure) e Haruka (Magia Magenta), que combate as forças de Ernomyta para protegerem a paz da cidade. Não é surpresa que Utena ame e admire as três, o que faz a ideia de virar uma vilã para lutar contra as próprias heroínas de quem ela é fã soe um absurdo…

    …até o momento que Utena experimenta.

    Admirações Agridoces: Um anime divisivo

    MahoAko explora uma dimensão do afeto humano bem difícil de se falar de forma aberta. Principalmente para nós e nossas sensibilidades que correm a mil. No caso do Japão, a coisa tem nome e até estética: menhera. Essa é a  abreviação de uma japonização de “mental health”, “saúde mental” em português.

    Menhera

    Menhera se associa a imagens de obsessões amorosas e instabilidade emocional, o que no pacote pode incluir expressões distorcidades de amor. O assunto não rende muito no canto de cá do globo porque cai mal aos olhos como uma romantização de transtornos mentais ou de relacionamentos abusivos.

    E tendo a concordar. Porém, MahoAko não chega a ser um Needy Girl Overdose (esse aí valha-me Deus). Antes disso, o anime dá um passo atrás para algo muito mais íntimo e inquietante, quase nelsonrodrigueano.

    Você amar algo tanto, mas tanto, a ponto de atiçar (ou mesmo maltratar) sexualmente pra demonstrar esse afeto.

    Utena descobre isso em sua persona Mahou Shoujo Baiser (tomando pra si o mesmo nome de uma excelente banda de visual kei que eu INSISTO que vocês ouçam). Assim, ela descobre que, ao atiçar suas heroínas favoritas em situações tipicamente sadomasoquistas — com o uso e abuso de tentáculos e demais situações espantosas que surpreendem a cada episódio —, Utena reforça o seu amor e sua admiração pelas mahou shoujo que mantém o seu coração forte ainda que em meio ao vilipendio e a degradação.

    Muito ecchi

    Quando você se dá conta dessa circunstância que rodeia o ecchi pesado de MahoAko, você acaba rendido e paralisado. Fica meio que numa sensação de “Vish, que coisa não?”. Afinal, a menos que você seja muito sensível, você entende que nada daquilo ali é gratuito.

    No entanto, essa é uma linha muito difícil de se esclarecer. MahoAko é o tipo de anime que alarga o vão entre aqueles que curtem anime e até já viu lá um ou outro e aqueles que caíram de cara, cabeça, corpo e alma na lama da cultura otaku e nela chafurdam (culpado desu).

    São dois nichos que aparentemente gostam da mesma coisa, mas não se enganem. São dois nichos que na pior das hipóteses se odeiam e na melhor das hipóteses se toleram.

    Fazer essa distinsão já incorre no risco de gerar desagrados. Porém, só de escrever sobre um anime do naipe de MahoAko, as chances de que esse review sequer esteja sendo lida e que a chamada desta matéria já cause um rolar de olhos não são ignoráveis.

    Logo, é muito provável que quem vá ler esta matéria já tenha visto MahoAko e, se conseguiu passar do ecchi a ponto de descobrir quem é Magia Baiser, com certeza está mais disposto ou disposta a visualizar essa paisagem de públicos que podem ou não podem gostar do anime.

    Traduzindo em termos culinários, a afeição de Utena tem um sabor agridoce que evidentemente causa estranheza pra quem é mais afeito ao puramente doce. Isso quer dizer que //ela se perverteu no seu amor pelas mahou shoujo? Definitivamente não.

    Traçando a Linha

    O anime MahoAko não aprofunda seu universo. Esta temporada se preocupou em apresentar suas personagens, as companheiras de Utena, Kiwi Araga e Korisu Morino, bem como suas primeiras antagonistas da Lord’s Legion, Michiko, Sister Gigant e as desertoras Matama e Nemo, que eventualmente se juntam ao grupo de Utena. Também conhecemos as meninas da Tres Magia também. Não só conhecemos, como uma delas é extremamente bem desenvolvida, que é a Sayo, a Magia Azure.

    Digo isso porque num dos “embates” entre Baiser e Azure, Sayo cede tanto, mas tanto aos castigos de sua inimiga, que ela quase “quebra”. Esse momento muito lembra quando as garotas mágicas de Madoka se corrompem e se transformam em bruxas, o que irrita a Utena profundamente.

    Nesse momento marcante de MahoAko nós lembramos que apesar de tudo, o anime não é uma subversão do gênero mahou shoujo! Ele afirma e reafirma sem parar a imagem tradicional das garotas mágicas, tendo claramente a franquia Precure como uma de suas maiores referências e suas maiores bandeiras. Heroínas que são referência a meninas de todo o mundo e que não podem se dar ao luxo de caír!

    Essa cena forte e pesada no desenvolvimento de personagem mostrou que este anime é bem mais do que ecchi. Ele é o melhor de dois mundos na verdade, porque ele tem ecchi de sobra e tem uma história bastante promissora, que é muito recomendada pelos leitores do mangá. Isso quer dizer que haverá uma segunda temporada em breve? Improvável. Mas se depender da venda de blurays, que superaram as vendas de Frieren, por incrível que pareça, ela não tardará.

    Na falta de estreias marcantes na temporada de inverno, gerou-se um consenso de que Mahou Shoujo Akogareru foi um dos melhores animes lançados no último trimestre. Pelo menos entre aqueles que souberam digerir o anime. E a animação não chega a ser um primor também, então, consideradas todas as coisas na balança, MahoAko leva 4 Suquinhos. Se o paladar não lhe for sensível, veja logo que der!

    SINOPSE

    “Oi, eu sou Utena Hiiragi. Sou uma colegial normal que ama garotas mágicas. Ou pelo menos eu era, até que um mascote falante apareceu do nada e lançou um feitiço em mim! Agora poderei conhecer as garotas mágicas que tanto amo como.... uma vilã? Peraí, tem alguma coisa errada com a minha roupa! Isso não pode estar acontecendo! Confiram essa tímida fã de garotas mágicas se transformar em uma dominatrix sádica! Quando o bem e o mal colidem, quem irá ficar submisso ao outro?!”
    Eriki
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    Olá, sou o Eriki, redator do Suco de Mangá desde 2018, ex apresentador do Gole Otaku, programa semanal do Suco de Mangá sobre as estreias de animes da temporada, formado em História pela UFRJ e guitarrista da Matina Cafe, banda que se inspira no som do visual kei.

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