Tem muito artista bom aqui. Do nosso lado. Passando por nós na rua, enfrentando as mesmas filas, reclamando do mesmo clima, provavelmente. E nem sempre os reconhecemos. Nem sempre conhecemos os seus trabalhos.
Bom, talvez a maior parte do mundo já tenha conhecimento e já adora, sendo eu a perdida alienada que sou. Mas como faz pouco tempo que me dei conta de que literatura e arte local me satisfazem tanto quanto as estrangeiras, resolvi indicar algumas das obras que mais me deixaram contente nos últimos meses. Às vezes por autor, às vezes por tema, vai depender da vontade.
Então, aí vai a primeira indicação: quadrinhos do Guilherme de Sousa.
Como conheci
No Social Comics. Quer dizer, foi num blog que indicou um livro, que para minha alegria, está disponibilizado no SC. O título é A última bailarina e confesso que no começo fiquei de preconceito besta, porque achei que seria um negócio bem infantil. Acho que já deu para perceber que eu estava enganada.
Quem é Guilherme de Sousa?
Sinceramente, não tenho detalhes da pessoa, mas podemos imaginar uma criatura talentosa e com ótimo humor, além de uma mentalidade meio louca, dado o teor das suas histórias. Sua escrita é fluida e sem constrangimentos, nos fazendo ler cada história em uma tacada só, e deixando uma vontadezinha de reler.
As obras
São três HQs, o suficiente para eu me tornar uma admiradora e incluir na lista de “autores a serem lidos sempre que possível”.
A Última Bailarina
Achei que seria uma espécie de historinha para crianças, bem desenhada, graças à minha mania de nem sempre ler sinopses antes de “folhear” algo. Na real, é a história de Laurita, uma garotinha vestida de bailarina, sobrevivente de uma epidemia zumbi.
O outro sobrevivente é um urso de pelúcia. Sim, no estilo Ted de ser, soltando altos palavrões e pouco ligando para a opinião alheia – não que existam muito mais seres capazes de emitir algum julgamento na história – com o adicional de que ele combate zumbis.
A bailarina é irritantemente inocente, para equilibrar as energias. E tem um unicórnio na história. Cara, unicórnios são mágicos, e o Leo aqui garante a purpurina do projeto. O conjunto é fofo e engraçado, e me deixou feliz a ponto de eu ficar empolgadíssima quando vi o livro relacionado…
Fifo
Fifo é o ursinho. Esta história é anterior à da que acabei de falar, antes de Fifo conhecer Laurita. Ele já foi um ursinho de pelúcia normal, olha só. Situações drásticas causam mudanças drásticas. Nesta HQ, nós entendemos o motivo do mau humor aparentemente eterno dessa criaturinha tão apertável, e quem for do tipo que chora com comercial de margarina provavelmente sofrerá aqui – muito.
Quer dançar?
Já esta, nada tem a ver com as anteriores. É um pouco mais curta, mas também bastante divertida. Começa com um casal se conhecendo numa balada, gerando um ser humaninho que acaba tendo seu desenvolvimento natural abortado.
Mas, este serumaninho não tem um final exatamente trágico, e a cada momento uma atitude gera uma consequência totalmente inesperada, culminando com evolução de espécies e um final que me fez lembrar da crença iorubá de que as histórias são sempre as mesmas, se repetindo no tempo.