Produção Wit Studio e direção de Hiro Kaburagi – 91 Days – Great Pretender apresenta enredo inteligente e singular nesta Temporada de Verão 2020; inteligente, por que domina os principais elementos da narrativa quanto à forma: enredo, personagens, tempo, espaço e narrador. E, singular por que ostenta uma variedade de itens em seu conteúdo.
É possível aliar forma e conteúdo? Sim.
Ao induzir o expectador à cena de um homem amarrado nos letreiros de Hollywood, a animação constrói linha narrativa de causas e consequências, além de, responder progressivamente todas as questões abordadas.
É na relação entre os falsários Makoto Edamura – autointitulado o maior golpista do Japão – e o francês Laurent que temos um bom alinhamento dos personagens com a narrativa. Hiro Kaburagi expõe aqui toda sua experiência em trabalhar enredos que contêm diversos personagens secundários, tal qual sua direção em 91 Days.
Por mais que outras animações não se preocupem em dar consistência aos mesmos, o diretor aqui mostra a importância de se trabalhar esses personagens e a conexão que eles representam para o fluxo da narrativa.
Desde a senhora que compra um filtro d´água até o mafioso produtor de filmes Eddie Cassano, Hiro Kaburagi dá a devida importância a eles, para que toda narrativa criada progressivamente durante o episódio fique amarrada e atinja o seu clímax.
Sim, eu sou um grande fingido
A trilha sonora é quase toda engajada numa jazz band – com exceção apenas na cena onde a máfia nos é apresentada e na viagem de Haneda à L.A – muito bem encaixada, além de nos trazer a beleza dos créditos finais na voz do grande Freddie Mercury com a música The Great Pretender.
Em suma, Great Pretender traz um enredo genial, uno e muito bem aprimorado, constatando que em matéria de forma e conteúdo, a animação se sobressai. Em breve estará disponível na Netflix.