Quando uma franquia consegue trabalhar com paciência e tempo, tudo dá certo, depois do fiasco que a Warner passou com a DC, agora se vê uma linha de filmes que se encaminha para um dos maiores confrontos da história do cinema: Godzilla vs Kong.
Apesar de enrolar demais para entregar o que o povo mais anseia, quando acontece o confronto, vale cada segundo de espera, pois aqui se vê o creme do que é uma verdadeira luta de monstros gigantes.
Existe um “mal necessário” que será reclamado pela maioria, e alguns vão dizer que é mal trabalhado, onde todo o arco de diálogos e encontros dos personagens humanos são algo que passa muito dos limites, principalmente porque todo o primeiro ato do filme trás a história dos filmes passados. Apesar disso e sem ser repetitivo, o longa consegue te jogar no contexto da franquia, todo o mistério da terra oca, o porquê do Godzilla caçar outros monstros e até um certo drama do Kong, muito bem amarrado e preparado para o grande confronto.
Mesmo assim eles preferem construir mais camadas dessa trama e acaba virando muita coisa alheia, principalmente porque tudo fica atropelado e não tiveram o cuidado de desenvolver os mistérios que alguns personagens estavam envolvidos, virando apenas um alívio de tensão e cômico para uma trama de ação. Severiam ter mais cuidado pelo simples fato que até o diretor e os roteiristas queriam ver luta de monstros gigantes, não existe outra explicação e eu não os culpo.
Inicialmente a trilha sonora beira a aqueles níveis absurdos de bizarro, aquela música sem sentido para mostrar os sentimentos dos monstros, assim, é sério? Precisa explicar para o povo isso? O nível de CGI desse filme é perfeito o suficiente para você olhar pro rosto Kong e entender o sentimento que ele passa, acredite se quiser, até o Godzilla com aquela cara sinistra consegue passar alguma emoção, mesmo que seja ódio. Em paralelo, a trilha da batalha fez crescer aquela expectativa que tinha nascido só de ver o trailer, foi incrível e épico como esses dois titãs devem ser.
O CGI é algo que beira ao absurdo de impecável, quem botar defeito foi pausando o filme para tentar encontrar algum erro, porque visualmente está lindo, de pelo do Kong coberto de neve ou molhado como o Godzilla cintilante ao soltar a baforada ou sendo queimado por algum laser… sem spoilers por aqui.
Uma trama muito bagunçada e espaço demais para os humanos resume-se no tão esperado confronto, por mais que tenha seu tamanho diminuído, Godzilla está em seu nível mais extrapolado de força, enquanto Kong se mostra mais ágil e sabe cair na porrada como ninguém, como dois titãs que jamais se curvam. Vimos aqui uma epopeia cinematográfica que beira a perfeição da luta de Superman vs Zod em Homem de Aço, sem amarras, sem câmeras lentas, muitos planos sequências de batalhas com algumas cenas cruas, claro que existem alguns cortes mais brutos, mas o conjunto da obra é uma sinfonia visual de luta livre de monstros gigantes que a única coisa que nos resta é glorificar tamanha maestria cinematográfica. Me peguei gritando feito torcedor na arquibancada de trás do gol, todo aquele desenvolvimento arrastado valeu pela grandiosidade – em todos os sentidos.
Repetindo, quando se planeja uma franquia, trabalhe uma história a cada filme e deixe pontas soltas para as sequências. O resultado é algo que fica entre o bom e o incrível, só sai errado se faz mal feito, já falei isso quando a DC tomou outros rumos, dessa vez é bom ver a Warner voltar a ser grande e forte para franquias cinematográficas, e se ela tropeçou na DC, acertou nos monstros e parece não parar por aí.
Godzilla vs Kong supre o hype de todos, nos atinge em cheio com uma luta inesquecível e deixa aberto o arco para um próximo filme desses titãs monstruosos. Queremos mais!