Rodrigo Folter
    Rodrigo Folter
    Jornalista gamer ou gamer jornalista, as duas características costumam se entrelaçar. Nasci em São Paulo e morei alguns anos no litoral antes de voltar à capital e me formar em Comunicação Social pela FIAM-FAAM. Crio conteúdo sobre games, cinema e tecnologia desde 2017 e fui co-autor do livro "Cinema Virado ao Avesso: Erotismo, Poesia e Devaneios", além de palestrar em algumas universidades de vez em quando. Nas horas vagas estou jogando viajando, jogando Overwatch, LoL ou brincando com meu gato.

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    gamescom latam | Alessandro Martinello, desenvolvedor de Mullet MadJack

    Um dos principais games do ano e amplamente reconhecido no Brasil e no mundo, Mullet MadJack esteve exposto na gamescom latam e o Suco de Mangá conversou com Alessandro Martinello, desenvolvedor do game. Confira a seguir.

    Como começou a sua carreira nos jogos eletrônicos?

    Então, eu sou um developer indie há uns doze anos. Nessa época começou a onda dos indies, como o Super Meat Boy e eu percebi que era possível trabalhar com algo que eu amava, que agora era real. Antes disso eram só grandes lançamentos, e começou a crescer no Brasil também, então eu comecei por volta dessa época.

    Como você enxerga o mercado brasileiro atualmente?

    Agora está muito melhor do que na época que eu comecei. A Steam, por exemplo, é muito receptiva com qualquer tipo de jogo. Às vezes queremos fazer um jogo mais voltado para o público brasileiro, então é um momento muito melhor para fazer jogos brasileiros.

    O Mullet só está voando agora porque antes deles vieram outros ótimos jogos brasileiros que tornaram o mercado mais aberto a diferentes jogos.

    Aproveitando que você falou do Mullet, conta um pouco sobre quando começou esse projeto.

    Eu fazia alguns jogos menores, mas aí, durante a pandemia, me fez pensar que era a hora de fazer um jogo maior. Eu sempre amei FPS e algo meio retrô, então durante a pandemia eu comecei a trabalhar nesse projeto.

    Ele tem uma estética bem anos 90, inclusive, cadê o seu mullet?

    (Risos) Ah, a namorada não me deixou fazer.

    Conta um pouco sobre a escolha da estética noventista para o jogo.

    Eu sou um grande fã de animes dos anos 1990 e eu sempre considerei que essa foi a era de ouro, com Akira e Evangelion, então eu tentei trazer para o jogo essa estética. Se você perceber, tem muitas referências desses animes. Então, eu juntei duas coisas que eu amo: o gênero de FPS com os animes mais clássicos.

    Quais as principais influências de jogos para o desenvolvimento de Mullet MadJack?

    Ele é bem focado em uma jogabilidade arcade. Ao invés de fazer um boomer shooter tradicional, padrão Duke Nukem, a gente focou em você fazer coisas muito legais misturando arcade.

    Outra coisa é que a gente notou que os FPS estavam ficando cada vez mais rápidos, então a gente quis fazer uma sátira disso, com uma mecânica meio exagerada. A primeira vez que a gente jogou, achamos muito legal. Daí, pegamos todas as coisas que a gente gosta, as referências e colocamos no jogo.

    Você poderia comentar sobre a escolha narrativa em abordar essa obssessão por likes e visualizões que a nossa sociedade tem?

    A gente começou do jeito que o Miyamoto ensinou: você tem que achar as mecânicas do jogo. Depois que a gente tinha isso fechadinho, eu imaginei um universo parecido com o nosso, onde as pessoas buscam dopamina a cada dez ou vinte segundos.

    Foi isso que encaixou em como o jogo funciona, né? E eu amo muito sátira, eu acho que falta isso nos jogos — eles se levam muito a sério — e eu quis fazer essa piada de como o homem e a internet se tornaram um novo ser. Então, o Mullet precisa de dopamina a cada dez segundos.

    O que os games podem oferecer como nova abordagem para essa discussão importante?

    Eu acho que com os jogos você conversa em um nível mais íntimo. Ele exige toda a sua atenção. Principalmente agora, na teal das várias screens, as vezes fica um celular entre a tela do filme e você e com um jogo não, você tem que ter toda a sua atenção focada ali.

    Justamente por isso, as pessoas podem sentir a crítica de uma forma mais forte.

    Qual o futuro do MadJack?

    A gente tá botando bastante atualizações grátis para melhorar o jogo. Estamos próximos da nossa comunidade e vendo onde podemos deixar o jogo o mais legal possível. Talvez um sistema de ranking, onde você pode comparar com os seus amigos.

    Além disso, ele tá com 98% de aprovação na Steam, com 3 mil reviews. O jogo furou a bolha, né? Tem sido muito falado lá fora e eu recomendo o pessoal a aproveitar durante a Summer Sale da Steam!

    Com tanta aprovação assim, dá para esperar uma indicação no The Game Awards?

    Ah, isso os outros que tem que decidir, né? Nós fizemos o nosso melhor e a galera, lá fora e aqui, gostou muito. É uma unanimidade. Estamos muito felizes com isso e queremos focar no que podemos fazer com a comunidade durante esse primeiro ano do jogo.

    Depois, quem sabe, pensar em uma sequência aí. Acho que conseguimos despertar algo nas pessoas que elas sentiam falta: elas se sentem vivas jogando o jogo.

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    Jornalista gamer ou gamer jornalista, as duas características costumam se entrelaçar. Nasci em São Paulo e morei alguns anos no litoral antes de voltar à capital e me formar em Comunicação Social pela FIAM-FAAM. Crio conteúdo sobre games, cinema e tecnologia desde 2017 e fui co-autor do livro "Cinema Virado ao Avesso: Erotismo, Poesia e Devaneios", além de palestrar em algumas universidades de vez em quando. Nas horas vagas estou jogando viajando, jogando Overwatch, LoL ou brincando com meu gato.

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