A gente vive uma geração que acha que tudo têm que ter um filme, a verdade é que ninguém sabe o que realmente quer, por isso é melhor deixar na mão de quem trabalha na área, porque irá sair muita porcaria, mas também será entregue coisas boas, e no caso de Free Guy: Assumindo o Controle é algo que beira do fenomenal absurdo de referências e do simplismo de trama que te conquista, mas ao mesmo tempo incomoda por sua duração.
Imagina você pegar o GTA, trazer toda a essência do Free Fire e fazer um jogo MMORPG, Free City, o jogo fictício dentro do filme é exatamente tudo isso. Bem genérico de Battle Royale, mesmo não sendo um, jogador sai matando outro jogador e os NPC’s que se cuidem! E é ai que entra o carismático Guy (Ryan Reynolds), que com todo respeito ao fã do ator, ele está muito bem no filme, mas como um bom NPC, ele some em tela, um protagonista que não se destaca em nada, completamente sem sal e esquecível, porque até o carisma de Ryan Reynolds não conseguiu engrandecer ele – e é lógico que era proposital por ele ser um NPC, o que não tira os defeitos dele ser esquecido em boa parte do filme, tanto que o Buddy (Lil Rel Howery) se destaca muito mais que ele.
Esse é o típico filme que não te deixa pensar, esse é o grande ponto, é loucura no estilo GTA mesmo, por mais que a normalidade esteja presa nos NPC’s, não tira toda a insanidade visual de cores, explosões e bizarrices que mostram o que é um jogo online, então toda essa loucura está de cenário e aparece de forma controlada na história do protagonista, então não se sente incômodo com isso, até o filme bater uma hora.
A duração é de 1h55, e sinceramente pela linguagem de filme genérico desses, ficar trabalhando história paralela incomoda e muito, pois já se têm a história do Guy, os conflitos da Molotov (Jodie Comer) e o arco vilanesco de Antwan (Taika Waititi); qualquer outra coisa que for desenvolvida nesse meio tempo desse tipo de filme fica chato, então pela metade para o fim do filme se gera uma barriga da história e por pouco não se desiste.
O arco final é o salva vidas do filme, é o às na manga, se ali não funcionar para você, o filme foi um desastre. É uma mistura de plot twist com cena de amor clichê e ação extrapolada que a Disney não teve vergonha de esfregar na cara o porquê ela está o pedestal do cinema moderno. O filme abusa de cada clichê e ainda consegue construir um arco final de se aplaudir de pé, como dito antes, é nesse ponto que o filme te conquista ou se salva, tudo por causa da linguagem moderna, acredito sim que é um filme que pode afastar as pessoas devido a isso, tá mais para frescura, pois o filme é incrível e divertido.
Free Guy é uma bagunça linda de se assistir, se divertir com Ryan Reinolds e companhia e gritar na presença de streamers famosos e referências fortes – e uma certa aparição que quebra a cara de muita gente aí na internet e que eu gosto disso, não falarei por ser um grande spoiler. O que parecia um filme comum, ele chama muita atenção a ponto de coloca-lo entre as grandes produções do ano, se o protagonista é um NPC, o filme em si passou longe de passar de ser um NPC em 2021.