Força Bruta: Condenação ainda não tem previsão de lançamento oficial no Brasil, mas foi um dos primeiros filmes exibidos no Festival do Rio 2024, no início de outubro. O longa sul coreano dirigido por Heo Myeong-haeng é a quarta parte de uma bem sucedida franquia de filmes de ação.
Ela acompanha as resoluções de casos criminais por uma equipe de policiais liderada por Ma Seok-Do, um policial grandalhão e desajeitado, que enfrenta os meliantes no soco em vez de usar armas, na maioria das vezes.
Por aí, já podemos parabenizar a equipe brasileira de tradução por ter colocado um título em português que faz alusão à força braçal do personagem. Ficou hilário! E isso não é dito em tom depreciativo, pois um dos pontos positivos do filme é que ele de cara mostra a que veio e o nível de seriedade que quer passar. Hora se leva a sério como uma trama criminal, hora se assume como uma grande comédia, que funciona.
A história
Apesar de fazer parte de uma franquia, qualquer pessoa que não tem essa informação consegue assistir a este sem nenhuma dificuldade para entender.
Todos os filmes têm a mesma premissa de investigação criminal, mas os casos não têm ligação entre si. A cada novo capítulo é uma nova aventura! Inclusive, arrisco dizer que essa franquia também funcionaria no formato de série, com episódios lançados semanalmente.
Contudo, para quem tem curiosidade, no primeiro filme de 2017 e intitulado apenas como Força Bruta, MA e sua equipe precisavam deter criminosos locais e uma perigosa máfia chinesa que disputavam o domínio de Chinatown, em Seul.
Enquanto isso, em Força Bruta 2, os policiais comandaram uma investigação entre dois países para caçar um assassino que ameaçava turistas. O terceiro, que recebeu o título de Força Bruta: Sem Saída, estreou neste mês nos cinemas brasileiros, e traz como enredo central um caso de assassinato que envolve uma importante droga sintética, mais uma gangue maléfica e conflitos com uma família poderosa.
Força Bruta: Condenação
Agora, em Condenação, vemos que o “jogo do tigrinho” não é uma preocupação apenas dos brasileiros! MA precisa descobrir quem é o dono de um grande cassino online usado para lavagem de dinheiro e mantido por mão-de-obra escrava, nas Filipinas.
Para isso, ele conta com a ajuda de seu colega de trabalho, Jang Tae-soo (Lee Beom-soo), uma equipe especializada em investigação cibernética, coordenada por Han Jisu (Lee Jo-bin), e o dono de um cassino mequetrefe, o Jang Yi-soo, que faz um retorno triunfal na franquia como um dos grandes destaques do filme.
O personagem cumpre bem o papel de alívio cômico, pois realmente era engraçado sem fazer esforço, e o roteiro o aproveitou muito bem. Ele é aquele típico magnata que se acha o garanhão, mas que todos à sua volta riem dele, incluindo as mulheres com quem se relaciona, pois o procuram apenas por interesse.
A começar por sua aparência: cabelos longos, roupas de grife (aliás, não toquem na bolsa da Gucci dele), charuto sempre na mão, um belo look à lá “Zé Bonitinho”. Além disso, em situações tensas, faz pose e banca o “machão”, mas desfaz em segundos, pois é um tremendo medroso.
Um tipo clássico das comédias pastelonas dos anos 2000, que a gente adorava.
Agora, ele volta para ficar do lado do bem, e a gente simpatiza tanto que até torce por ele mesmo sabendo quando está prestes a ser feito de otário. Sua importância foi crescendo ao longo da trama, até ele ser um componente chave no desfecho da história, agindo, claro, com muita comédia. Tudo isso com o mérito da atuação de seu intérprete, Park Ji-hwan.
Comédia
Falando em humor, é comum produções asiáticas utilizarem esse artifício, por mais sérias que sejam as temáticas abordadas. Então, essa escolha aqui não foi surpreendente. Porém, outra característica do humor sul coreano são as piadas mais leves, ao estilo pessoas levando tombo, confundindo palavras, passando vergonha na frente de pretendente etc. Bem sessão da tarde (no bom sentido).
Por exemplo, quando MA recebe a informação de que roubaram dados de um iCloud importante, (por ser um “brucutu” que não entende de tecnologias novas) quando vai repassar a mensagem, diz que precisa encontrar os dados do Cláudio. Era possível ouvir risadas sinceras na sala do cinema.
Dessa forma, a trama que não é complicada ficou mais fácil ainda de compreender e absorver. Afinal, por serem mais suaves, as piadinhas não eram colocadas o tempo todo em momentos aleatórios para tentar fazer o público rir à todo custo com duplos sentidos, como costumamos ver em filmes americanos e sim em momentos específicos, só para “fazer uma graça” e reforçar os estereótipos dos personagens, como o bobo, o velhote, o idiota, o otário etc.
Vilões
Do lado dos vilões, temos Jang Dong-cheol (Lee Dong-hwi), que divide o posto de alívio cômico com Jang Yi-soo (afinal, tem que haver uma balança). Ele é o dono dos cassinos ilegais, como fica claro nas primeiras cenas, portanto, é o alvo principal das investigações.
É aquele famoso milionário mimado, narcisista e infantil, que tem um bando de baba-ovos e resolve tudo com o poder do suborno, mas que ninguém realmente leva a sério. E seu capanga, Baek Chang-gi (Kim Mu-yeol), com uma interpretação bem séria e convincente, é capaz de arrancar suspiros de admiradores de “caras malvados”. O próprio “galã do mal”.
Conclusão
Apesar do tom de comédia e trama simples, ainda é um filme de porradaria. Podemos definir assim mesmo, pois é mais porradaria do que ação. A clássica porradaria da Temperatura Máxima.
Vemos muitos socos, lutas coreografadas, tiros, facas e gente sendo morta, mas nada de forma pesada. Além disso, temos a jornada do herói que honra sua missão de forma emocionada.
Força Bruta: Condenação se leva a sério sem ser sério. Então, apesar de não ser uma obra-prima do gênero, cumpre bem o seu papel sendo bem legal e fácil de assistir quando queremos nos distrair e ao mesmo tempo nos manter entretidos. Afinal, a história te prende a ponto de querer saber o desfecho e a maneira como ele vai acontecer, que, sinceramente, foi satisfatória. Se passasse na TV aberta, com certeza seria no horário de uma tarde de domingo, e você assistiria na sala com seu pai e seus tios.