O filme Família de Aluguel, da Searchlight Pictures, estreia nos cinemas da América Latina em 2026. A produção já conquistou a crítica, com 94% de aprovação no Rotten Tomatoes.
Estrelado pelo vencedor do Oscar Brendan Fraser (A Baleia) e dirigido pela cineasta japonesa HIKARI (37 Segundos), o longa mergulha em um fenômeno real e crescente no Japão: as agências de “famílias de aluguel”.
A história de Phillip e o limite entre atuação e realidade
No longa, Fraser interpreta Phillip, um ator americano vivendo em Tóquio. Ele consegue emprego em uma agência especializada em oferecer familiares e amigos substitutos para clientes que precisam de companhia ou apoio.
Assim, ele passa a assumir papéis para desconhecidos, criando vínculos que borram as fronteiras entre ficção e vida real.

Além disso, ao encarar as implicações morais do trabalho, Phillip redescobre propósito, pertencimento e a beleza silenciosa da conexão humana.
O interesse de HIKARI pelo assunto começou em 2018. Ao pesquisar o mercado, a diretora descobriu que o serviço surgiu nos anos 1980 e hoje soma cerca de 300 agências no Japão.
Adultos de diversas idades contratam atores para interpretar papéis específicos: um namorado para apresentar à família, um amigo para sair, um marido por um dia. A lista é extensa.
Os clientes podem escolher idade, estilo e até comportamento desejado. Assim, pagam entre 15.000 e 30.000 ienes (aproximadamente US$ 150 a US$ 300) por algumas horas de convivência.
Segundo HIKARI, a busca por esses serviços nasce da solidão, comum tanto em grandes metrópoles quanto em cidades pequenas:
Mesmo pagando pelo serviço, eles encontram amizade nessas duas ou três horas. Os papéis podem ser fictícios, mas a emoção é real.
As motivações são diversas, porém a solidão e o isolamento moderno aparecem como fatores centrais.
Em Família de Aluguel, a jornada de Phillip coloca o público no centro desse universo, revelando suas nuances e contradições.
HIKARI também aponta outro ponto importante: a baixa aceitação social da terapia no Japão:
As pessoas preferem contratar alguém para conversar ou desabafar. Esses atores não são profissionais de saúde mental, mas oferecem escuta e companhia.
Além disso, a diretora buscou evitar uma visão ocidentalizada da narrativa. Por isso, personagens como Tada (Takehiro Hira) e seus colegas ganham espaço, trazendo camadas culturais e uma perspectiva mais feminina e oriental.
Era importante não reduzir o país a estereótipos.
Por fim, HIKARI espera que o público se identifique com os temas do filme:
Sempre me pergunto como posso oferecer ao público uma nova forma de ver o mundo. Histórias assim ajudam a criar compreensão e respeito, além das diferenças culturais.


