Se você gosta de filmes de terror envolvendo possessão demoníaca, adolescentes sem noção e um roteiro totalmente previsível, Fale Comigo é pra você. O filme chega nos cinemas de todo o Brasil dia 17 de agosto, repleto de surpresas não tão surpreendentes!
Plot basicão
O clima inicial do filme já nos apresenta o tipo de terror abordado no filme, algo que, para os já familiarizados com o gênero, pode não satisfazer tanto no quesito inovação. Basicamente, um grupo de adolescentes têm em mãos um artefato misterioso, que após algumas “palavrinhas mágicas” revela os espíritos que estão ao nosso redor.
Sendo assim, Fale Comigo traz um grupo de jovens amigos que brincam e flertam com espiritualidade ao entrarem em contato com um artefato misterioso. Bem, sabemos que nesse gênero de filme essas brincadeiras sempre acabam em consequências difíceis de contornar. O contato com a “Mão do mal”, que estampa toda a publicidade do filme, pode levar a situações fatais!
Os irmãos Philippou, totalmente desconhecidos por mim, mas bastante populares na internet devido anos e anos de trabalho no YouTube, têm a proposta de entregar jovialidade a trama do filme. No entanto, ao meu ver, nada tão inovador ou que se torne característico de suas, talvez, próximas produções.
O elenco não teve culpa
O elenco principal, composto pela protagonista Mia (Sophie Wilde) e seu melhores amigos Jade (Alexandra Jensen) e Riley (Joe Bird), entrega boas atuações dentro do que o roteiro pede — o que não é grande coisa. Além disso, os demais personagens do filme não possuem nenhuma nuance que lembre sequer de seus nomes quando o filme termina. Portanto, personagens como o pai de Mia, Max (Marcos Johnson) ou a mãe superprotetora dos irmãos Jade e Riley, Sue (Miranda Otto) estão ali apenas para completar tabela junto com os demais amigos festeiros figurantes do filme.
Apesar de uma história “rasa” e, na maioria das vezes, previsível, traz algumas críticas sociais. Por exemplo, a exposição ao ridículo sem limites nas redes sociais, uma vez que o grupo de amigos se diverte ao publicar os momentos de possessão. Esses momentos, até certo ponto, eram vistos como efeitos colaterais do uso de bebidas alcoólicas e outras drogas.
Assim, automaticamente chegamos em outra crítica levantada, ao meu ver, bastante interessante. São dezenas de jovens numa festa, bebendo, usando todo tipo de droga e após muita “chapação” é que a brincadeira com a mão maligna começa. Ou seja, dá a entender, para os festeiros, que talvez a possessão não exista, seja apenas alucinações resultantes do abuso de álcool e afins. De qualquer forma, logo em seguida fica claro que não são as drogas que estão colocando demônios na sua frente.
Final previsível – Sem quebra de expectativas
As coisas saem do trilho quando Riley decide participar da brincadeira, mesmo após sua irmã repreender e negar o pedido. Ainda assim, Mia autoriza o pirralho a participar, porém o que ela não contava era que espíritos “familiares” estivessem à espreita.
Então, há uma sequência de possessões demoníacas pesadas na medida certa, mas um tanto quanto padrão. Enfim, ponto positivo para a trilha sonora nessa cena, que valoriza bastante toda a ambientação. Porém, só nessa cena, de resto, nada que crie uma atmosfera de suspense absoluto.
A seguir, temos um plot bastante previsível que percorre toda a metade e ato final do filme, me fazendo lembrar em certos momentos de Invocação do Mal 2 (2016). A tirar pelas duas ou três cenas explicitas de autoagressão, que são sim bem apresentadas, durante o resto do filme ficamos pensamos “vai acontecer isso agora, né?” e realmente acontece.
A mesma coisa acontece com o desfecho, que abre sim brechas para uma possível — mas não sei se necessária — sequência. Por fim, divertido, o artefato chave de Fale Comigo tem muito potencial para ser um hit no Halloween deste ano, mas o filme? Nada inovador.