O ano de 2018 foi marcado por muitas decepções e fracassos no cinema dentro do gênero terror, que 2019 seja um ano melhor para esse gênero que está devendo para seus fãs.
Talvez eles podem se sentir esperançosos, pois o ano mal começou e temos um filme – Escape Room – que traz agonia e mexe com nossa cabeça pelo seu jogo mental, calma, não é outro Jogos Mortais.
Construção e Enredo
Escape Room consegue atiçar a curiosidade a partir do trailer, porém a experiência se inicia com o pensamento um pouco intimidador para um bom apreciador de filmes de terror, o pavor de ter uma cópia de Jogos Mortais chega a congelar a alma, bater a decepção e já aceitar a crise de novas ideias para o terror, apenas aguardando o fim desse gênero, mas o filme escala para algo muito mais leviano do que a velha franquia de Jogos Mortais.
Começando pela ausência de cenas gore, talvez para expandir a classe indicativa, mesmo assim a falta de partes decepadas não atrapalham, pois a construção consegue desvincular qualquer semelhança com a franquia de filmes gores e pesados.
Dessa vez é apresentado uma trama que desenvolve muito mais a personalidade e os defeitos de cada personagem, une com o mistério e suspense os quais o grupo se envolve e trabalha nosso desespero e agonia por cada personagem, seja ele do mais inútil e detestável ao cativante e destemido, a sanidade mental é testada a todo momento, e cada sala se guarda um perigo misterioso o qual faz um dos personagens perder a cabeça, ou alimenta a vontade de resolver o quebra-cabeça o quanto antes, mesmo assim essa vontade pode se tornar ansiedade e atrapalhar todo o raciocínio, personagens concretos e bem apresentados que te colocam em um barco à deriva.
Como ele irá morrer? Como funciona essa sala? Como resolver o mistério? O que aquele personagem está pensando? Questões que só crescem ainda mais em Escape Room, e por mais que a cena inicial te entrega uma possível conclusão de filme, ela nada mais serve para despistar e entregar uma reviravolta completamente diferente do apresentado e te amarrar ainda mais forte na trama, um sentimento que traz esperança para o gênero terror, não é? Não, infelizmente não.
Plot bem montado
O plot do filme foi feito de forma tão genial que a cena final fecha uma história sensacional e deixa em aberto uma possibilidade de sequência mesmo ela acontecendo ou não, porém o cinema moderno não funciona assim, eis que é apresentado o maior problema desse filme, esse arco perfeitamente fechado é chutado para escanteio e continua com uma última cena definitiva de provavelmente vinte a trinta segundos de duração, esfregando na sua cara a cobiça de extrema ganância e capitalismo escorrendo pelas bordas que eles querem uma sequência sem pestanejar, conseguindo manchar toda a construção final feita no terceiro ato, faz você sair da sessão com um único questionamento: Para que?
O filme é incrível, agoniante, não é um terror de susto, e sim um terror psicológico, onde você se acaba colocando no lugar dos envolvidos, e pode parecer fragilidade da cabeça ou um coração partido pelo terror hollywoodiano, mas a experiência desse filme foi tão fantástica que o arco final conseguiu criar uma expectativa grande para uma sequência, mas alguém envolvendo direção e estúdio achou melhor fazer uma cena minúscula para deixar confirmado que haverá uma sequência se a bilheteria for boa, além de estúpido, é duvidar da inteligência do público, uma cena tão desnecessária que conseguiu estragar a experiência e sair da sessão desapontado e provavelmente nervoso com esse final.
Grande Potencial – e franquia aí?
Um filme de grande potencial, se pode virar uma franquia ou não, não se sabe, mas é incrível como adição de uma cena conseguiu gerar discussões sobre Escape Room, é agoniante, é misterioso, é incrível de assistir, e poderia comprar várias sessões para esse filme facilmente.
O sentimento de surpresa e empolgação se transforma em decepção e tristeza por um filme que poderia sim ser considerado um dos melhores desse primeiro semestre, mesmo com tantas produções presentes no Oscar em cartaz.