Abordando três histórias que parecem não ter nenhuma conexão direta, mas acabam se conectando pela linha emocional do personagem principal, Encontros é um daqueles filmes que nos pegam desprevenido. Buscando sempre impactar com diálogos e ações afim de nos representar com o que vemos, ele tenta criar uma conexão mais forte com o expectador através da auto identificação. Mas será que dá certo?

Primeiramente, vamos ao enredo de Encontros, no qual acompanhamos uma história dividida em três momentos, porém sempre com o mesmo personagem. Nesse contexto, vemos Youngho em três situações que podem ou não ter ligação, transmitindo muito o sentimento em pequenos detalhes e principalmente com gestos e palavras chaves. Sendo assim, isso torna Encontros um filme bem diferente do que estamos acostumados a ver, já que temos uma proposta diferente sobre como apreciar e admirar esse longa.

O Corpo Fala

É interessante falar sobre a direção proposta por Hong Sang-soo, que já se tornou uma marca pessoal em seus filmes, nos quais ele usa enquadramentos para transmitir sentimentos. Além disso, por meio de pequenos atos, todas as filmagens se propõe a mostrar movimentos corporais dos personagens, fazendo com que o corpo também se transforme em alvo de foco. Este fator pode ser muito agradável para alguns, já que estamos acostumados a focar tanto em diálogos que esquecemos de analisar um pouco a expressão corporal, e aqui, é o ponto que fala mais alto.

E temos também uma bela fotografia que se inspira muito em filmes mais antigos, nos quais não só a filmagem em preto e branco basta, mas também toda a movimentação de câmeras para buscar novos enquadramentos. Até mesmo nos momentos de encontros e diálogos, em que as câmeras se aproximam até determinado personagem para que exista essa sensação de imersão e admiração a aquilo que está sendo construído ali. Então com certeza esse é o ponto crucial para o entendimento da obra.

Considerações Finais

Encontros
Imagem Divulgação

Por fim, Encontros com certeza não é um filme que vá agradar a todos, e infelizmente eu fui um desses. Embora reconheça as qualidades apresentadas aqui, não consegui me envolver tanto com a trama e nem com a forma que ela é tratada. Em alguns momentos cheguei a ficar bastante confuso e sem entender muito bem o que o diretor estava tentando passar com aquele ato, e o fato de possivelmente as histórias não serem lineares acaba quebrando um senso de expectativa criado por uma conclusão. Mas claro, isso é algo mais pessoal.

Enfim, acredito que aqui temos um filme que não é ruim, mas que não é para todos e tudo bem ser assim, já que a intenção da direção aqui é justamente nos tornar mais sensíveis a esse cinema em que a expressão corporal fala mais alto que os diálogos. Assim, o que pode funcionar pra um, pode acabar não sendo uma realidade para outro.

REVIEW
Encontros
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Fernando Oliveira
Jornalista em ascensão, cinéfilo e perito em filmes ruins de qualidade duvidosa.
encontros-reviewEncontros é um longa separado por três episódios, cada um diferente do outro, mas todos falando da mesma pessoa. No primeiro, Youngho (Shin Seokho) visita a clínica oriental de seu pai, que está cuidando de um paciente famoso. No segundo, Juwon (Park Miso), sua namorada acabou de chegar na Alemanha com sua mãe para estudar fora do país, ela então recebe uma ligação de seu namorado, Youngho, falando que ele foi para o país junto com ela. No terceiro, Youngho vai com seu amigo a um lugar onde sua mãe e um ator idoso de teatro comem na praia. Nestas três histórias, não se sabe se são em ordem cronológica. Em cada caso, ele antecipa uma conversa importante. Mas às vezes um olhar compartilhado, ou uma fumaça compartilhada, pode significar tanto quanto qualquer coisa que possamos dizer a pessoas próximas a nós. Encontros conta a essência de quem somos como pessoas, como um abraço inesperado em um dia de inverno.