Do carismático Hideaki Itsuno, que já trabalhou em Street Fighter e Devil May Cry, Dragon’s Dogma 2 era uma sequência muito aguardada da Capcom e que agora, depois de 12 anos, chegou e agradou os fãs da franquia, com melhorias significativas ao seu antecessor.
O RPG de Ação acontece em paralelo ao seu antecessor e segundo o diretor do jogo, é a concretização de todos os conceitos que gostaria de ter em um mundo medieval próximo a literatura de George R. R. Martin e seu “Crônicas de Gelo e Fogo” (aka Game of Thrones), com a liberdade de “mundo aberto” inspirado em GTA V. Deixei entre aspas, pois logo abordarei como é este “mundo aberto”.
O Mundo de Dragon’s Dogma 2: Uma Jornada de Grandiosidade
O primeiro aspecto que chama a atenção em Dragon’s Dogma 2 é a grandiosidade do mundo apresentado. Apesar de uma certa falta de variedade de ambientes durante boa parte da campanha, o mundo do jogo impressiona pelas suas dimensões gigantescas. Desde florestas até cidades típicas da fantasia medieval, tudo em Dragon’s Dogma 2 é colossal.
No entanto, o conceito de “mundo aberto” aqui é um pouco diferente do que estamos acostumados a ver. Sempre estamos andando em estradas e trilhas, sendo cercados por Rios (que não podemos nadar), florestas densas cercadas ou regiões montanhosas que não podemos escalar. Então, na minha perspectiva, está mais próximo de um cenário de Hellblade do que de GTA V, propriamente dito.
Mas não se iluda com o que falei. O cenário é vasto e você passará horas e horas caminhando e explorando novas regiões do continente – e claro, com muitos perigos. Dos campos verdejantes até os desertos escaldantes, cada região oferece uma experiência única e desafiadora.
Uma das características mais marcantes do mundo de Dragon’s Dogma 2 é a sua imprevisibilidade. Nenhum lugar é realmente seguro, e os jogadores podem ser surpreendidos a qualquer momento por ataques de monstros ou emboscadas de inimigos. Essa sensação de perigo iminente contribui para manter a tensão e a emoção durante toda a jornada, potencializada por jogatinas no período noturno. Quem é que não se desespera com os fantasmas no início do game?
O Sistema de Combate: Estratégia e Ação em Perfeita Harmonia
Aqui temos uma separação. Para os fãs da franquia que jogaram o primeiro game, ótimo, tivemos melhorias significativas! Para quem nunca jogou e espera algo próximo de um Skyrim, pode se surpreender negativamente. Porém, o sistema de combate acho um dos maiores diferencias e me agrada demais, desde o primeiro.
Um misto de Ação e Estratégia, já que estamos em um grupo de 4 personagens, o sentimento de engajamento é presente o tempo todo e a variedade de classes (vocações) disponíveis permite uma customização profunda, o que dá margem para equipes malucas, funcionais ou totalmente despreparada. Destaco a mecânica de escalar monstros, como dragões e ciclopes, e assim procurar por pontos fracos e áreas que possibilitam infringir mais danos. Bem divertido!
Além disso, o sistema de peões, companheiros de jornada controlados pela inteligência artificial, acrescenta uma camada extra de profundidade tática e com a capacidade de dar ordens e coordenar táticas, os peões tornam as batalhas ainda mais dinâmicas e estratégicas.
Acredito que Itsuno tenha captado da fluidez de Devil May Cry e colocado em prática por aqui e como se não bastasse, a mesma IA bem trabalhada dos nossos peões, também são muito bem empregadas nos inimigos. Muitas vezes somos surpreendidos por ações inusitadas e até engraçadas. Quem é que nunca foi empurrado de um precipício ou capturado por uma harpia? Desespero que chama rs.
Progressão e Narrativa: Altos e Baixos na Jornada de Dragon’s Dogma 2
No entanto, nem tudo são flores em Dragon’s Dogma 2. A progressão da campanha pode ser arrastada em alguns momentos, especialmente devido à falta de diversidade de ambientes (florestas e regiões desérticas, somente) e às longas caminhadas pelo mapa, já que não há montarias, por exemplo. A alternativa para voltar a cidades já exploradas, é a utilização de carroças e teleporte com Pedra Barca, raríssimas de encontrar e bem caras para se comprar. Use com sapiência.
Ainda sobre sua mecânica de caminhada e exploração, gastamos Stamina mesmo não estando em combate, o que torna morosa sua jornada caso esteja com muita carga e sobrepeso. A dica é administrar bem e deixar o máximo possível de coisas no baú da estalagem.
A história e os personagens secundários do jogo deixam a desejar, com uma trama repleta de clichês e diálogos nem tão inspirados. Há algumas reviravoltas interessantes, mas a falta de conexão emocional com os personagens torna difícil se envolver verdadeiramente com a narrativa. Narrativamente, o as quests secundárias são as mais interessantes, além de que há alternativas de como completá-las e também a possibilidade de falha. Tome cuidado, pois nem sempre você conseguirá voltar o seu save para uma posição segura na trama.
Aspectos Técnicos
O visual agrada, mas não é de nova geração. Os cinco anos de desenvolvimento estão condizentes com a época e apesar de ter jogado no PC, me parece um “jogo bonito de PlayStation 4” do que um NewGen PS5, se é que me entende. Quanto a world building, as paisagens naturais e estruturas arquitetônicas das cidades são imponentes, mas nada muito fantasioso e bem próximo do Medieval clássico.
Em termos técnicos, Dragon’s Dogma 2 é honesto mas pesado em sua execução. Houve melhorias e patches logo na semana de seu lançamento, mas a ausência de DLSS 3 com o recurso de Frame Generation, traz um suplício para rodar o jogo a estáveis 60 quadros por segundo, como no meu caso. RE Engine é funcional em grande parte dos títulos da Capcom, mas parece que no “mundo aberto” de Dragon’s Dogma 2, deu uma pesada.
A trilha sonora é estupenda, belíssima e combina demais com os diferentes climas do jogo, seja em combate ou estando numa cidade, variando de acordo com sua temática; um detalhe bacana são os bardos e npc’s que tocam e cantam, deixando nossa jornada bem mais alegre e divertida – pois em muito momentos encaro como dark fantasy, um clima pesado, sabe?
Quanto à monetização, Dragon’s Dogma 2 enfrenta críticas por sua abordagem agressiva às microtransações. Embora muitos itens importantes para a jogabilidade possam ser obtidos durante a campanha, sua escassez artificial pode incentivar os jogadores a gastar dinheiro real para adquiri-los mais rapidamente. Tenho sensações mistas com relação a isto e acho que se fosse reduzido a estética apenas, não haveria nenhuma polêmica.
Uma Jornada Épica
Em suma, Dragon’s Dogma 2 é uma experiência de jogo verdadeiramente épica, com momentos emocionantes, desafios intensos e uma riqueza de conteúdo para os jogadores explorarem. Enfrentando alguns desafios em termos de progressão e narrativa, ou até detalhes de crafting em um hub do menu totalmente confuso, pode afetar a experiência de alguns jogadores.
Apesar de seus defeitos, Dragon’s Dogma 2 ainda é uma jornada que vale a pena para os fãs do gênero, oferecendo 20 ou 30 horas de diversão, com muito mais prós do que contras.
Com algumas melhorias na performance, Dragon’s Dogma 2 tem o potencial de se estabelecer como um dos grandes nomes dos RPGs de ação do ano, com respiro para mais uma continuação no futuro e solidificando seu lugar no panteão dos RPGs modernos com identidade própria, fruto da mente criativa de Hideaki Itsuno.