Doutor Estranho / Doctor Strange
Benedict Cumberbatch, Tilda Swinton, Chiwetel Ejiotor, Rachel McAdams e Mads Mikkelsen
Direção por Scott Derrickson
Ação – Aventura – Fantasia
Novembro, 2016
115 minutos
Texto por Tails
Se você veio parar aqui, provavelmente já deve conhecer alguma coisa da Marvel, então, vamos logo colocar as cartas na mesa: Doutor Estranho é um filme típico da produtora, com todas as dores e delícias que o nome traz.
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Sim, é um filme de introdução, sobre um personagem inventado há mais de 50 anos por Stan Lee e Steve Ditko, com a tradicional “Jornada do Herói” e todos seus clichês. Isso não impede, entretanto, que a experiência do estúdio tenha sido refinada ao longo dos anos, levando aos cinemas a melhor introdução solo de um herói desde Homem de Ferro (2008) com o carismático Tony Stark de Robert Downey Jr.
A Origem
É difícil não traçar comparações com esse pontapé inicial do MCU (Marvel Cinematic Universe), já que novamente é o elenco estelar e as atuações impecáveis que nos fazem importar com o protagonista mimado. Benedict Cumberbatch foi feito para o papel, seu talento para interpretar um gênio arrogante já estava estabelecido desde Sherlock e O Jogo Da imitação. A única falha em relação ao elenco na verdade é não ter tempo suficiente para explorar os personagens dos incríveis atores. Além do britânico com o nome mais divertido da última década, indicações e vitórias em Emmys e Oscars não faltam: Tilda Swinton (Precisamos Falar Sobre Kevin, Constantine), Chiwetel Ejiofor (12 Anos de Escravidão), Rachel McAdams (Diário de Uma Paixão) e o criminalmente mal aproveitado Mads Mikkelsen (Hannibal).
O filme tem o desafio de introduzir o lado místico do Universo Marvel, explorado apenas brevemente por Thor, onde tudo era justificado pela existência de deuses praticamente extraterrestres. Logo em seu início, Doutor Estranho já mostra que não é a origem simples do herói dos quadrinhos que irá limitar a criatividade da produção nas telas. Com um mix de Harry Potter, A Origem, e até um pouco de tokusatsu, a introdução do filme apresenta o clima mágico que diferencia este dos demais filmes do MCU, e a nova ameaça que o(s) mundo(s) precisa(m) enfrentar: Kaecilius.
Começando com os pés no chão
Com uma mudança brusca de cenário e tom, somos levados a Nova York para conhecer Stephen Strange, melhor dizendo, DOUTOR Stephen Strange. O renomado médico cético que precisa buscar ajuda mística para superar traumas recentes que acabaram com sua carreira. A parte pé no chão da coisa é muito bem executada e não demora a chegar onde interessa: “como faz pra dar hadouken?”.
Falando em piada sem graça: acertaram em cheio no humor desse filme. O riso vinha sendo cada vez mais forçado nos filmes do MCU, beirando o insuportável em Era de Ultron, onde comentários engraçadinhos eram feitos claramente para entreter o público, mesmo totalmente fora de contexto para a história ou os personagens que os emitiam.
É compreensível depois das gargalhadas que o primeiro Vingadores tirou de todos nós, mas ficou cansativo depois de repetirem exaustivamente. Desta vez fica claro que Stephen não é um cara engraçado, especialmente quando tenta ser. E é justamente essa subversão que faz a gente rir junto com os personagens, e não da cara deles, tudo sem quebrar a imersão.
Interdimensional thriller médico
De quebra-pau interdimensional a thriller médico, a direção acerta em cheio, e faz o possível para tornar a história manjada mais interessante. Os vilões mal explorados são um mal constante nos filmes da Marvel, não encantando ninguém desde que Loki apareceu pela primeira vez na Terra.
Mas mesmo com estes defeitos já esperados, o espetáculo visual das sequências interdimensionais, a atuação sólida e um desfecho surpreendentemente criativo acrescentam mais uma peça no quebra-cabeças do MCU, avançando de forma bem divertida ainda mais a trama rumo a Guerra Infinita.