Quantos filmes você já foi assistir com a expectativa baixa? Veio aquele trailer meio estranho, um pôster que não te diz nada, mas quando vai assistir o filme, até que ele é bacana, quantas vezes te aconteceu isso? Pois é, isso não acontece aqui. Dolittle tenta construir uma aventura cheia de mística e perigos, diverte com animais que tentam ser engraçados e marcantes, mas consegue ser tão cansativo e monótono de assistir que desde o trailer percebe-se que esse filme foi uma má ideia.
O roteiro pode ser fraco, mas é um tipo de história já contada muitas vezes, não significa que não possa ser divertida e empolgante, basta saber trabalhar os elementos que regem uma aventura. Em Dolittle, tudo isso começa perdido, um alívio cômico que mantém um nível abaixo do extrapolado, porém completamente gratuito em cena, piadinhas fora de hora que te faz virar os olhos e pensar: “Sério isso?”.
Perigos que beiram ao empolgante, podendo te fazer vibrar com a cena, vira uma piada completamente ultrapassada e imbecil que o desapontamento vira ódio por esse filme, além do bobo, o humor ficou ridículo de passar dos limites, digno de ficar igual o Robert Downey Jr. na cena de Vingadores: braços cruzados e suspirando com olhos virados. Aliás, ele foi um destaque nesse filme.
Robert Downey Jr. prova em Dolittle algo que já era nítido para a maioria do público, assim como Harrison Ford. O ex-Iron Man é lembrado por papéis em filmes de sucesso, é um grande símbolo em um personagem de franquia da cultura pop, contudo é um ator bem fraco e supervalorizado. O pior é que isso não tem haver com não saber separar os papéis. Robert Downey Jr. têm uma personalidade e a coloca em todos os filmes, isso é marcante e eleva a qualidade da atuação, contudo é só o que ele mostra ser, ele mesmo, isso ser repetido em obra atrás de obra se mostra muito maçante, no fim se torna um nome grande por causa de papéis antigos, mas não agrega em nada na qualidade do filme, a não ser marketing.
Poderia chamar de desastre, entretanto a dublagem e o CGI dos animais até que conseguem engrandecer e enfeitar a produção, mostrando que existiu um capricho em alguma coisa nessa salada, porém bate de frente com aquilo já dito, piada fora de hora e roteiro fraco sobrepõem toda a lasca de qualidade e diversão que poderia acontecer nesse filme, ofusca até o marketing que fizeram ao anunciar o filme.
Quando confirmaram Robert Downey Jr. e Tom Holland juntos de novo, lógico que o fandom da Marvel pulou e gritou em sua casa, até aí tudo bem, é uma jogada para empolgar o público, mas isso é completamente apagado por causado conjunto da obra, tanto que só se descobre o personagem do Tom Holland no fim do filme, quando anunciado nos créditos, porque nem pela voz se percebe que é ele em cena. Mesmo os dois personagens estarem em lugares diferentes no filme, ainda sim essa tentativa de hype ultrapassou os níveis de fracasso. Único ponto realmente interessante de se destacar é a dublagem de John Cena, que fez muito bem.
Dolitte entra de cabeça para os reboots mais fracos da história da sétima arte, facilmente esquecido após assistir ou passar desapercebido por muitos, mesmo com mente aberta para que possa se divertir, ainda sim não se consegue defender esse filme. Dessa vez a razão prevaleceu de muitos, desde o trailer muita gente começou a levantar a ideia de que esse filme seria ruim, mas muito além disso, ele foi um erro.