As ruas de Tóquio como pano de fundo e o aroma de dorayakis no ar. O romance Doce Tóquio, de Durian Sukegawa, acabou de chegar no Brasil pela Editora Morro Branco. A obra, sucesso internacional, transforma ingredientes e receitas em metáforas sobre afeto, escuta, cura e os ciclos da vida.
Assim, acompanhamos Sentaro, um homem solitário e desmotivado que administra uma pequena confeitaria. Porém, sua rotina muda ao conhecer Tokue Yoshii, uma mulher de 76 anos que traz consigo as marcas da hanseníase enfrentada no passado e um talento excepcional para preparar anko, a tradicional pasta de feijão vermelho usada nos dorayakis.
Então, a convivência entre Sentaro, Tokue e Wakana, uma jovem estudante que frequenta o local, transforma o pequeno café em um ponto de encontro entre histórias e afetos. Entre fornadas e conversas, surgem laços profundos e discretos. Cada doce carrega um pouco das dores, esperanças e desejos de recomeço dos personagens.
“Agora que não sei por quanto tempo ainda vou viver, sinto que o senhor e Wakana-chan são a minha família.”
(Doce Tóquio, p. 82)
À medida que as estações passam, Sukegawa mostra que vínculos humanos, assim como os feijões dos dorayakis, exigem tempo e cuidado para florescer. Além disso, o autor aborda com delicadeza temas como exclusão social, culpa, redenção e memória afetiva, revelando as feridas emocionais e físicas de seus personagens.
Com tradução direta do japonês por Sandra Keika, descendente japonesa, Doce Tóquio se destaca como uma história de cura e reconexão.
A obra é indicada a leitores que buscam narrativas sensíveis e transformadoras, capazes de lembrar que o silêncio e o afeto podem ser ingredientes poderosos para recomeçar.



