Eriki
    Eriki
    Olá, sou o Eriki, redator do Suco de Mangá desde 2018, ex apresentador do Gole Otaku, programa semanal do Suco de Mangá sobre as estreias de animes da temporada, formado em História pela UFRJ e guitarrista da Matina Cafe, banda que se inspira no som do visual kei.

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    Diários de Uma Apotecária | Primeiro Gole

    Uma das melhores estreias do ano passado continua agora em 2024 para a reta final de sua adaptação para anime. Kusuriya no Hitorigoto, ou Diários de Uma Apotecária, impressiona pela narrativa investigativa envolvente, a beleza digna de uma história de época na China Imperial e sua riqueza de detalhes e paralelos históricos com o Japão!

    A dama e a apotecária

    Diários de Uma Apotecária conta a história de Maomao, uma menina humilde criada por um velho médico nas proximidades de um distrito de bordéis. Humilde e extraordinariamente esperta.

    Além disso, seu pai conhece bastante sobre várias ervas medicinais, instigando a curiosidade da garota e sua didática quase que eclesiástica exercita o raciocínio de Maomao.

    Não só isso, ela convive e tem amizade com a dona de um dos maiores bordeis do recinto e suas estrelas. Assim, desde cedo se expôs ao lado mais duro — e por vezes obscuro — do mundo onde nasceu.

    Porém, no fim toda esperteza do mundo não é capaz de salvar Maomao de um sequestro a caminho de casa num momento de descuido. Assim, ela é vendida para o primeiro comprador disponível.

    No entanto, sua sorte foi ser vendida para o palácio imperial, ao invés do bordel mais próximo. Com isso, começa uma nova vida como uma das serventes braçais para as tarefas domésticas do palácio imperial.

    Ceticismo de Maomao

    À época de sua chegada ao palácio, Lihua, uma das concubinas do Imperador, sofre uma tragédia. Seu filho infante morre de uma doença incurável. Supostamente por causa de uma maldição, ela começa a afetar o filho recém nascido de Gyokuyou, outra concubina do palácio.

    Então, ouvindo os burburinhos do palácio, Maomao nos mostra uma personalidade cética. Seu conhecimento de remédios e venenos lhe dá a certeza que fantasmas e maldições são tão somente obras daquilo que desconhecemos.

    O comportamento desconfiado e curioso de Maomao faz com que ela tenha o hábito de investigar as coisas discretamente por conta própria. Eventualmente, Maomao soluciona o mistério e salva a vida do filho de Gyokuyou.

    Isso não passa despercebido por Jinshi, alto funcionário da casa imperial e seu típico bishounen saído de alguma edição de Mo Dao Zu Shi. Ele descobre a responsável pela cura do filho da consorte e promove Maomao de servente à dama de companhia de Gyokuyou.

    O bordel e o palácio: uma história de gaiolas…

    O restante do anime se presta a contar histórias e solucionar mistérios que caem no colo dos eunucos investigadores da corte que acompanham a vida de Maomao, Jinshi e seu amigo subordinado Gaoshun.

    Apesar da estética de época, Diários de Uma Apotecária não é exatamente um anime histórico. A trama faz algo ainda mais interessante, usando esse plano de fundo para contar histórias de mistério e de romance.

    Se é de propósito ou não, não sei dizer com certeza. Porém, a trama usa muito bem dois ricos momentos da história japonesa: as intrigas de corte da Era Heian e o dia a dia cheio dos bordeis da Era Edo.

    Claro, nada impede que esses momentos tenham raízes chinesas. Afinal, por mais que dizer isso irrite os japoneses mais puristas, não existe nada mais historicamente asiático do que copiar a China. O que é especialmente verdadeiro das cortes japonesas.

    Porém, desde as cortesãs, suas damas de companhia e os festivais no palácio até os detalhes mais sutis como o trabalho de parto, no qual a mulher ficava pendurada de pé se segurando em panos erguidos para facilitar o parto, passando por uma fina demonstração do funcionamento dos bordeis e do dia a dia de suas maiores estrelas, Diários de Uma Apotecária mostra muita riqueza de detalhes históricos de maneira desproposital, suficientes a um entusiasta de Japão completamente ignorante sobre a China. Meu caso.

    … de intrigas sutis

    O ouro desse anime mora na personalidade cativante de Maomao, que vive duas realidades diferentes e tem a esperteza de concluir que, apesar de diferentes, os bordéis e o palácio são ambos um jardim e uma gaiola. Neles, “o ar venenoso espalhado por todo o canto” transformam tanto cortesãs como prostitutas “em doces venenos”.

    São histórias de intrigas operadas de forma bastante sutis, como na linguagem da época. Por exemplo, o uso de uma cor ou de alguma flor tinham fortes implicações em como você se apresentava ou tratava alguém. Quando não haviam algum significado bem mais íntimo, quase imperceptível.

    A beleza é um tema de peso, tanto quanto os venenos e os remédios que Maomao fabrica em sua oficina. Pode-se dizer muito bem que são a mesma coisa.

    De mistério a mistério e de intriga a intriga, Diários de Uma Apotecária nos faz entender por que é que sua novel é uma das mais bem sucedidas atualmente. Sendo, ao mesmo tempo, um deleite visual e uma sucessão de contos narrados de uma maneira bem inteligente.

    O anime terminou seu primeiro arco na última temporada com uma trama bem amarrada em começo meio e fim e caminha para o seu encerramento nesta temporada. Então, vale a pena!

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    Olá, sou o Eriki, redator do Suco de Mangá desde 2018, ex apresentador do Gole Otaku, programa semanal do Suco de Mangá sobre as estreias de animes da temporada, formado em História pela UFRJ e guitarrista da Matina Cafe, banda que se inspira no som do visual kei.

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