Com uma line-up mais atrativa, mas não o suficiente para esgotar entradas, o segundo dia de MITA levou ao Jockey Club, no Rio de Janeiro, um público que parecia mais comprometido com o propósito e a experiência de estar em um festival. Será que a mistura de pop convencional + rock experimental (e nada convencional) + indie foi capaz de agradar? O Suco de Mangá conta tudinho sobre este dia eletrizante! 

A leveza do pop de Sabrina Carpenter 

Chegamos ao Jockey no início do show de Sabrina Carpenter no Palco Deezer, pouco depois das 14h. Linda e loira como uma Barbie – ou uma Polly Pocket, dada à sua altura -, ela encantou desde os primeiros acordes de sua apresentação, esbanjando jovialidade, feminilidade e doçura. 

A setlist escolhida para a primeira apresentação da cantora no MITA 2023 contou com onze das treze faixas de emails i can’t send, seu trabalho mais recente, além do cover de The Sweet Escape, de Gwen Stefani, e Looking at Me, do disco Singular: Act II.

Mita 2023
Foto: @sucodm / Mel

O público, ainda que consideravelmente reduzido, era muito dedicado. Aliás, grande parte dele estava ali só para prestigiar a cantora americana, lançada ao estrelato pela Disney. Quem não a conhecia, logo se rendeu aos seus encantos! E tomada pela presença de Carpenter que refrescou àquela tarde de calor escaldante, a plateia dançava e curtia livremente, tanto pela atmosfera do show, quanto pelos grandes espaços vazios existentes na pista. Talvez o horário tenha prejudicado Sabrina, que claramente tem o talento e cacife necessários para servir um espetáculo digno de palco principal. 

A cantora deve voltar ao Brasil ainda neste ano para abrir os shows da The Eras Tour, aclamada turnê de Taylor Swift. Os shows estão marcados para outubro, com três datas, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. 

Cedo ou tarde, o NX Zero ia voltar 

Os meninos da banda paulista Nx Zero já começaram com pedrada quando escolheram Só Rezo para abrir o show histórico no MITA RJ. Marcando sua primeira apresentação desde 2017 – sem contar com as duas aparições em programas de TV, em março deste ano –  em formação completíssima, o quinteto deu início à turnê Cedo Ou Tarde, que viaja pelo Brasil ao longo dos próximos meses. 

Di Ferrero, Gee Rocha, Filipe, Conrado Grandino e Daniel Weksler mataram a saudade de um público devoto e extremamente ansioso pelo reencontro da banda nos palcos, cantando hit após hit, num show regado de paixão pela música. Os registros deixam clara a carga emocional deste domingo acalorado, não só para o público, mas também para os integrantes e equipe que os acompanhava. 

O repertório escolhido honrou uma trajetória de sucesso, trilhada ao longo de quase duas décadas de carreira, proporcionando uma viagem no tempo que deixou o coração quentinho. Sucesso como Pela última vez, Cedo ou tarde – com homenagem dedicada ao eterno Chorão, do Charlie Brown JR -, Onde estiver e Não é Normal foram alguns dos destaques desta tarde nostálgica, encerrada com a forte Razões e emoções. 

NX Zero no MITA RJ 2023

É a turma da HAIM que vai dando o seu alô! 

Ilariê foi a música tema da caminhada do Palco Deezer ao Palco Corcovado para o show das irmãs americanas Este, Danielle e Alana Haim, que formam o trio HAIM. Este, a mais velha entre as três e “líder” do grupo, declarou sua grande admiração por Xuxa. Por diversas vezes e, introduzindo um cover em espanhol de Ilariê, ela relatou quão importante a Rainha dos Baixinhos e suas canções foram durante a infância das Haim. A repercussão do assunto foi tão grande que chegou até Xuxa, que agradeceu às irmãs pelo carinho, além de convidá-las para uma visita em sua casa. 

O “momento tiete” rendeu outros bons momentos, como Este sendo presenteada com uma camisa personalizada com a foto de Xuxa, trazida por fãs que acompanhavam o show na grade do MITA RJ. 

 

Unindo o indie rock, folk e um som influenciado pelos anos 80 e 90, HAIM apresentou um espetáculo. No show que antecedeu Florence + The Machine, talento excepcional e simpatia formaram um combo que fez todo mundo sair ao chão. Canções muito conhecidas como Want You Back, 3 AM, The Steps, My Song 5 e The Wire, além de I Know Alone, que conta com uma icônica dancinha, formaram o setlist perfeito para o primeiro show da banda em solo brasileiro. Volte logo, HAIM! Mal podemos esperar pelos registros do passeio na Lapa – ou de um rolezinho com Xuxa. 

Ascendendo aos céus com Florence + The Machine

Os dias de cão chegaram ao fim, assim como a espera pelo retorno de Florence Welch que, acompanhada por sua banda, agraciou os palcos brasileiros. Sete anos depois de seu último show por aqui, Florence + The Machine fechou o segundo dia de MITA RJ de forma magistral.

Surgindo como um fenômeno da natureza, a poderosa Welch começou seu espetáculo adiantada, às 21h16, e lavou a alma do público, estarrecido por sua presença. A qualidade sonora é inegável, mas as pessoas pareciam se importar mais com a maneira como a cantora flutuava pelos palcos e fazia seu canto ecoar enquanto os fãs, completamente devotados, entoavam os hinos irretocávelmente selecionados para a “cerimônia”. 

O álbum Dance Fever, lançado no último ano, foi muito bem aproveitado durante a apresentação. Igualmente importantes para a vibe do momento, Shake It Out e Ship to Wreck, de Eras mais antigas, mas ainda muito adoradas pelos amantes do grupo, também fizeram parte da seleção. Dog Days Are Over era a mais esperada e, se não fosse por Never Let Me Go, canção que não era performada há anos, mas fez parte do show do último dia 28, teria sido a que mais emocionou.  

Certamente, este foi um dos melhores shows de toda a edição de 2023. A headliner entregou uma performance completa, perfeita para dançar, mas também para se emocionar. E foi assim que, numa experiência que beirou o religioso, a plateia deixou o celular de lado – a pedido de Florence – e cultuou o poder transformador da música. 

Considerações finais 

Seja por bem, seja por mal… O MITA 2023 vai ficar na memória (e na boca) do povo por bastante tempo. Os erros foram muitos, mas os acertos fizeram a visita ao Jockey Club valer a pena! 

Mesmo com número adequado de bares, caixas e restaurantes, além dos banheiros e bebedouros que agradaram muito, a estrutura do evento ainda foi consideravelmente decepcionante. A gigante pista premium, que mal recebia acesso à água e alimentação ao longo do dia, e o espaço para convidados no Palco Deezer (parecido com um curral), são os pontos negativos que mais merecem atenção. 

De nada adianta trazer nomes de peso, como Lana Del Rey, e parecer despreparado e amador, transformando o sonho de muitos, num verdadeiro pesadelo. Por fim, fica a expectativa de que o MITA acolha as críticas construtivas e traga uma edição 2024 repaginada e preparada para atender grandes demandas.

GALERIA FLORENCE AND THE MACHINE MITA 2023

Fotos por @fotobelga