sábado, junho 21, 2025
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Confira o que rolou nos primeiros dias da Bienal do Livro Rio 2025

A 22ª edição da Bienal do Livro do Rio de Janeiro começou com força total na sexta-feira (13), no Riocentro, na Barra da Tijuca. O evento, que vai até o dia 22 de junho, já nos dois primeiros dias deu o tom de uma programação diversa, popular e comprometida com o debate cultural e social. Multidões de pessoas foram atraídas para prestigiar grandes nomes da literatura e cultura pop, e assistir a debates sobre identidade e pertencimento.

Café Literário Pólen na Sexta

Logo na sexta-feira, a abertura contou com uma conversa vibrante no auditório Café Literário Pólen entre quatro nomes que representam as paixões cruzadas de muitos leitores e torcedores: o apresentador Pedro Bial (Fluminense), o humorista Hélio de La Peña (Botafogo), o escritor Ruy Castro (Flamengo) e o advogado João Carlos Eboli (Vasco). Num papo leve, recheado de memórias, paixões clubísticas e discussões sérias sobre racismo e sexismo no futebol, os convidados mostraram como o esporte pode atravessar vidas e também ser um lugar de reflexão.

“Futebol é memória afetiva, é identidade, mas também é um campo onde ainda precisamos avançar muito em respeito e igualdade”, pontuou Hélio de La Peña, arrancando aplausos da plateia.

Ruy Castro defendeu a ideia de que não adianta taxar o futebol isoladamente como racista ou sexista, pois considera ambiente esportivo, como um todo, assim. Ele relembra que as mulheres precisaram lutar para serem inclusas nos esportes e que isso aconteceu muito recentemente na história. O escritor também destaca que o futebol ainda é um esporte menos elitista, comparado ao golfe e ao tênis, por exemplo, e o mais abraça as diferenças, citando o Flamengo como o time carioca com a maior torcida negra.

Chimamanda Ngozi Adichie

No mesmo dia, o palco Apoteose Shell recebeu um dos maiores nomes da literatura mundial contemporânea: a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que é uma referência na causa feminista por conta de suas icônicas obras sobre o tema, conversou com a atriz Taís Araújo. A autora falou sobre os temas que movem sua obra, especialmente feminismo, identidade e ancestralidade. Ela também comentou sobre seu novo romance, “A Contagem dos Sonhos”, que retrata a natureza do amor por meio das relações românticas, familiares e de amizade.

“Escrevo porque quero entender o mundo. Quero entender as pessoas, suas dores e seus desejos. A literatura, para mim, é uma forma de iluminar o invisível”, disse Chimamanda. Emocionada, Taís respondeu: “Você nos ensina que não existe uma só história. E isso é revolucionário.”

Ela também destacou a importância de sempre lutar pelas causas que defende.

“Falar sobre negritude e as questões femininas é natural pra mim, é uma forma de lutar contra a opressão. É o centro de tudo”.

Ao ser questionada sobre se gostaria de ver algum de seus livros adaptados no cinema, a escritora revelou que considera triste o fato de viver em um mundo onde as obras são mais valorizadas quando transformadas em filmes, e disse que não pretende mudar suas histórias para serem adaptadas.

Natan Por Aí

Mais cedo, no mesmo palco, quem animou o público foi o youtuber Natan Por Aí, ídolo do público infantil. Ele falou sobre a trajetória de seu canal, suas inspirações e o trabalho em equipe com os pais, que também participaram da apresentação.

“Comecei o canal postando vídeos do tipo, ‘saindo no fim de semana com o Rodrigão e com a Bebel…’, e a gente filmava essas aventuras. Era mais um vlog. Mas quando entendi o que os outros youtubers faziam, comecei a colocar as aventuras em desafios. Aí funcionou muito melhor”, contou Natan.

O jovem criador também lembrou o momento que viralizou no canal: “Teve um mini boom quando eu quebrei o braço andando de skate… A gente postou um vídeo girando spinner — alguém lembra do spinner?”, brincou, levando a plateia infantil ao delírio.

A mãe de Natan, Bebel, falou sobre a experiência de trabalhar em família: “É como um time de futebol. Cada um faz o que sabe melhor. Às vezes eu tenho umas ideias malucas demais e eles me puxam de volta, e às vezes eu puxo eles pra ousar também.”

Já o pai, Rodrigo, destacou o apoio às novas gerações: “Às vezes a criança fala que quer ser youtuber e os pais ficam inseguros. Mas é muito legal incentivar. Encarar como trabalho sério.”

Café Literário Pólen no sábado

O sábado (14) manteve o ritmo animado e engajado. No auditório Café Literário Pólen, o painel FESTA levou o público a um mergulho nas festas populares brasileiras como espaços de resistência e alegria. Com mediação de Luiz Antonio Simas, a conversa reuniu a porta-bandeira Selminha Sorriso, o professor Maurício Barros e o escritor Raphael Vidal.

Selminha falou sobre o projeto da qual é a atual presidente, a escola mirim de samba Sonho da Beija-Flor, onde além das atividades para o desfile, as crianças participam de projetos sociais e recebem suas aulas sobre racismo e ancestralidade. A porta-bandeira comentou o peso que escolas de sambas têm em representar um tipo de festejo que conta com o comprometimento de toda uma comunidade em prol da cultura, gerando empregos e conhecimento o ano todo.

Maurício Barros, citou a famosa frase do sambista Beto Sem Braço, “A festa é o que espanta a miséria”, e Simas complementou ao falar que o samba não é só uma festa, é uma forma de organizar a vida. A educação acontece muito além da escolaridade. O fenômeno educativo acontece na rua, acontece no Zicartola (bar carioca que é ponto de encontro de sambistas e músicos), acontece no Bafo da Prainha, acontece na Quadra da Beija-Flor, acontece nas aulas da Tia Selminha, acontece aqui na Bienal. A escolaridade um aspecto da educação, mas ela vai muito mais além”.

“Festa é saber viver. É recriar a vida com poesia e corpo presente. No Brasil, ela também é antídoto e denúncia”, disse Simas.

Lynn Painter foi o grande sucesso

Mas o grande sucesso de público no sábado foi a presença da autora best-seller Lynn Painter, fenômeno da literatura jovem. Entrevistada por Ana Jú, Olívia Pilar e Julia Garcia, Lynn encantou os fãs ao falar sobre seus romances “Melhor do que nos filmes” e “Apostando no amor”, além de responder perguntas sobre seus personagens, álbuns favoritos de Taylor Swift e filmes que a inspiram. Dentre os citados, estão os álbuns RED Lover, de Swift, o filme Miss Simpatia e seu livro queridinho do momento, Amanhecer na Colheita, da saga Jogos Vorazes.

“Não faço distinção entre público e adolescente e adulto quando vou escrever meus romances. Quando era jovem, lembro de não gostar de ler histórias que pareciam ser de adultos que escreveram para adolescente, então eu só escrevo como o romance me vem à cabeça, e depois vou adaptando, como quando eles calham de se passar em um Ensino Médio, e meus personagens enfrentam coisas da idade, como ficar de castigo, provas escolares. Mas seus sentimentos não são pensados com base na idade”, comentou Painter. E ao responder um quizz sobre suas próprias histórias, provocou gritos e cartazes agitados no público adolescente.

Os dois primeiros dias da Bienal mostraram que o evento, mais uma vez, é ponto de encontro entre gerações, ideias e paixões. Da sabedoria de Chimamanda ao carisma de Natan Por Aí, passando pela emoção das festas populares e pelas paixões futebolísticas, o livro segue como pretexto para celebrar a cultura em todas as suas formas. E a maratona literária está só começando!

Carol Freitas
Carol Freitas
Jornalista, copywriter, produtora cultural, criadora de conteúdo e fã girl. Uma carioca apaixonada pelos anos 2000, cinema, arte e cultura, que coleciona experiências em shows e eventos (e contando).

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