Shingeki no Kyojin (Attack on Titan) ou ‘Ataque dos Titãs‘, como é conhecido aqui no Brasil e tem o mangá publicado pela editora Panini, é uma série que começou a ser publicada no Japão em 2009 nas mãos de Hajime Isayama e, dentre os diversos prêmios e produtos licenciados da série, o mangá já alcança o 12º volume e já tem uma temporada animada com 25 episódios.
Shingeki no Kyojin (Attack on Titan) | Segunda temporada já disponível no Brasil!
Esta matéria é para os que andam acompanhando o mangá – ou série – já que além dos combates, é uma série recheada de simbolismos, referências e conceitos interessantes. Separamos cinco obras distintas no segmento da arte que possuem similaridades com Shingeki no Kyojin, acompanhe já!
Evangelion
Neon Genesis Evangelion / Shin Seiki Evangelion
Hideaki Anno / GAINAX
1995
Neon Genesis Evangelion foi sucesso de público e crítica nos anos 90 e de certa forma foi um divisor de águas para a animação japonesa. Não é de se espantar que SNK possa ter algumas referências ao anime da Gainax.
Podemos iniciar quanto a história: Um grande mal da humanidade dizimou uma boa parte da população; Enquanto que em Evangelion o Terceiro Impacto causava a destruição de 1/3 da sociedade, em SNK a humanidade ficou próxima de ser destruída pelos Titãs.
Todo este medo de uma nova invasão, fez com que se criassem fortalezas (Tokyo-3 / As Três Muralhas) para conter o mal aparente, seja anjos ou gigantes. Além disso, nações se uniram para este embate com equipamentos ou robôs. É interessante ver nas duas obras que Japão, Alemanha e outras nações estão de certa forma unidas contra o inimigo em comum – pra quem assistiu ‘Pacific Rim’, isto também é bem evidente.
E tem mais, se você dividir Shinji Ikari em dois, é possível ter Eren + Rivaille, não? Eren, em toda sua luta interior e Rivaille, com aquela parte berserk de Shinji,ou seja, em ambas séries a saúde mental da personagem sempre vem à tona. Sem spoiler, o design de um certo titã ser parecido com o EVA 01 sem a carapaça, com toda sua arcada dentária a mostra. Outro fator parecido é quanto a nuca. Enquanto num, o golpe é fatal, n’outro, esta região é a porta de entrada da capsula onde vai o piloto, ou seja, uma região extremamente vital!
Agora, a cena com mais referência e irreverência ever com Evangelion, com certeza é o modo berserk de Sasha! 😛
Game of Thrones
A Song of Fire and Ice / As Crônicas de Gelo e Fogo
George R.R. Martin
1996
O que as duas obras podem ter em comum? Além da época medieval, Game of Thrones também tem sua muralha, e de 200 metros de altura! Ela foi construída para impedir a passagem do povo selvagem e dos Outros, estes, o tal mal aparente e inimigo em comum do universo criado por Martin. Para ajudar nesta proteção, uma força militar foi criada e foi denominada de ‘Patrulha da Noite‘.
Já de cara vemos esta similaridade entre as duas obras, mas, além da questão militar e do cenário de época onde elas se passam, a cereja do bolo é a questão política que as duas séries possuem , que em Game of Thrones é ainda mais evidenciada.
Outro fator mais interessante quanto as duas séries: Morte!
Os dois autores não ligam se você se apegou a tal personagem ou não, se for pra acontecer o pior, vai acontecer, gostando o público ou não. Assim como na trama de Martin, isto era o que faltava ser mais explorado no universo nipônico das animações: Mortes bem encaixadas e mostrar que o grupinho que inicia a série pode não permanecer o mesmo até o seu final.
Frankenstein
Frankenstein / Modern Prometheus / Moderno Prometeu
Mary Shelley
1817
Não tinha como não citar pois, são dois universos com uma tecnologia peculiar, e claro, referências alquímicas. Na trama de Mary Shelley, Victor Frankenstein é um médico e estudante das artes da alquimia, onde em suas experiências descobriu o segredo da geração da vida. À partir daí, por diversos anos ele resolve criar sua criatura e que, após terminada sua experiência, acaba enojando-a e abandonando-a em seu laboratório. À partir daí, a criatura foge, encontra uma família e diversas ações implicam negativamente ao tal monstro que, amargurado segue em busca naquele que o criou e o abandonou.
O interessante de se ver em Frankenstein é da questão filosófica do Homem x Ciência x Religião e, de certa forma isto está implícito na obra nipônica também. Se lembrarmos um pouco das aulas de história e voltarmos para a época da ‘Revolução Industrial’, podemos dizer que a alta sociedade/burguesia, após uma época de caos, se reestrutura e emerge para um novo controle social. Enquanto na obra de Shelley, Victor descobre o segredo da vida e faz sua cria, na obra dos titãs o pai de Eren é o que faz o papel do médico Frankenstein na história.
Voltando na questão Homem x Ciência x Religião, a pergunta é: Vale a pena o homem abusar da ciência e se comparar a Deus, descobrindo o segredo da vida ou fazendo mutações?
Era justamente isto que naquela época filosófica e positivista da Revolução Industrial se debatia, e com isto, diversos avanços tecnológicos e socio-culturais surgiram; Em SNK não foi diferente, já que além do conhecimento médico/alquímico, a sociedade que colecionava cinzas e destroços, construiu o tal ‘Módulo de Movimentação em 3 Dimensões’, algo aquém e atemporal do que vemos dentro das três muralhas.
The Wall
The Wall
Pink Floyd
1979
Mãe, você acha que eles jogarão a bomba?
Mãe, você acha que eles gostarão dessa música?
Mãe, você acha que eles tentarão me castrar?
Mãe, eu devo construir o muro?
Mãe, eu devo concorrer para presidente?
Mãe, eu devo confiar no governo?
Mãe, eles me colocarão na linha de fogo?
Isso é só uma perda de tempo?
The Wall foi um álbum duplo, lançado pela banda de rock progressivo Pink Floyd em 1979 e além de ser sucesso de crítica e público, rendeu um musical para o cinema, de mesmo nome, dirigido por Alan Parker e estrelado por Bob Geldof.
O paralelo entre as duas obras pode começar com os personagens principais de cada um. Ambos “perderam” o pai cedo, posteriormente a mãe e consequentemente, vivem uma vida de altos e baixos.
Quanto a relação do muro é de quê: O quanto a humanidade, enclausurada em 3 muralhas sabe do mundo exterior? O quanto a humanidade deve saber sobre a Verdade e o quanto de poder a alta sociedade tem o poder sobre ela?
Conclui-se que, cada perda, medo e obstáculo que Eren possui, adiciona um tijolo nesse muro imaginário de seu psicológico. Attack On Titan, que além de possuir elementos de uma série Shounen, traz do Seinen a evolução psicológica de cada um e mostra como cada um irá superar seus obstáculos pessoais, ou seja, o seu muro.
Alegoria da Caverna
A República / Politeia
Platão
Século IV a.C.
Escrito por Platão, o teorema pode ser visto na série se tivermos a humanidade como referência. Assim como dito no tópico do ‘The Wall’, a questão de: ‘O quanto sabemos do lado exterior da muralha’?
Não necessariamente literal, mas o quanto a humanidade sabe da verdade, ou, se ela tem ao menos um feixe dessa luz da verdade.
Assim como em séries como Evangelion, Haibane Renmei ou filmes como Matrix e A Ilha, Shingeki no Kyojin traz a tona essa reflexão do que é real ou não, do que é realmente proveitoso ou não e do porquê estarem lutando e pra quem.
Voltando na alegoria em si, os tais titãs seriam as sombras refletidas no mito de Platão? E com relação de quem conhece a verdade: É possível disseminar este conhecimento sem causar furor, ser tomado como louco e até mesmo ser morto? *Foi assim que Sócrates morreu em Atenas*.
Para entender mais sobre o Mito da Caverna, acesse AQUI!