Quando se pensa em processo autoral vem à cabeça o shot de dentro do porta-malas de algum carro direto de algum filme de Tarantino ou os planos sequência de Iñárritu como em Birdman ou O Regresso.
Talvez seja difícil encontrar esse processo em games porque se pensa muito mais no nome da produtora do que no diretor. “O novo jogo da produtora X”, “o novo jogo da produtora Y”. Alguns conseguem escapar dessa fachada e Miyazaki é um dos principais no momento e demonstra novamente seu toque em Sekiro: Shadows Die Twice.
O jogo, testado na Brasil Game Show 2018 pelo Suco de Mangá, apresenta as principais características do diretor e é hora de passar por cada um deles.
– Diferentes períodos: O diretor não se apega a manter um mesmo estilo visual e isso é importante para renovar a experiência aos players. De uma ambientação medieval em Dark Souls, gótica em Bloodborne e agora uma ambientação japonesa. Não tão sombria quantos os últimos games do diretor, mas sem perder o ponto principal que se segue.
– Dificuldade: Os jogos do diretor sempre tiveram um combate desafiador que requer timing perfeito do player e que pune com muito mais severidade quaisquer erros que outros jogos atuais. Em Sekiro não é diferente. Morte foi o acontecimento mais comum durante os minutos jogados na feira.
– “You Died”: Outra característica do diretor são os letreiros que aparecem caso caia em batalha. Neste novo IP a fórmula permanece a mesma, mas com mais imersão no ambiente em que se passa a história com a famosa frase aparecendo em japonês.
Mesmo com elementos similares em seus jogos, todos parecem diferente. Por quê? Myiazaki e os garotos da From Software sabem como agregar o que teve de melhor em jogos anteriores e dar um toque diferente nos futuros projetos.
Em Sekiro o jogo está tão rápido quanto Bloodborne. Reflexo e timing são essenciais para sua sobrevivência, mas há uma barra em que se o player estiver com ela carregada pode renascer com um pouco de vida e continuar a luta. Isso não representa uma facilidade, já que após usar essa mecânica é necessário muito mais cuidado para não perder de vez e recomeçar do checkpoint.
Há também o uso da verticalidade para melhor engajar-se em combate. O jogo parece muito mais tático onde pensar antes de agir dá ao player vantagem momentânea. Essa verticalidade, pouco explorada em jogos passados, refresca a gameplay trazendo um jogo novo sem perder a cara que ficou conhecida.
Com essa mudança ser “o lobo de um braço só” em sua jornada para proteger um senhor que descende de uma linhagem antiga trará uma experiência diferente, mas ágil e mais desafiadora que os antigos jogos da série. Recomenda-se paciência como sempre.
Sekiro: Shadows Die Twice estará disponível a partir de 22 de março de 2019, com pré-venda aberta disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One.
Texto por Foster