Em 2022, na minha passagem por Nova Iorque, eu estava em dúvida de qual musical da Broadway eu deveria ver. Apesar do clássico O Fantasma da Ópera, e o popular Harry Potter and The Cursed Child, eu resolvi dar uma chance para Beetlejuice, que eu só conhecia pelo filme e a série animada que vi na minha infância. Essa foi uma das melhores decisões que tomei na viagem. Afinal, o espetáculo entraria para meu ranking de melhores musicais da vida, apenas atrás de Rei Leão e CATS.
A esperada versão brazuca
Obviamente que nós sempre esperamos que os musicais cheguem até nosso país. O Brasil tem atores talentosíssimos, e as montagens brasileiras muitas vezes são BEM melhores que as “originais” lá dos Estados Unidos. Por isso, eu quase rolei de alegria quando o anúncio de Beetlejuice O Musical chegou ano passado, estrelando o comediante Eduardo Sterblitch.
Com uma primeira passagem brilhante pelo Rio de Janeiro, eu comprei meu ingresso na primeira fileira para sua apresentação em São Paulo, no Teatro Liberdade. Lá, o espetáculo ficou uma curta temporada do fim de fevereiro até o fim de abril (mas eu sinceramente espero que estendam as apresentações).
Então, com reviews fantásticos durante a passagem pelo Rio, eu estava com as expectativas nas alturas, ainda mais depois de ver a montagem americana. E, como sempre, o Brasil foi lá e arrasou.
Do jeito que só o Brasil tem
Dirigido por Tadeu Aguiar, o musical é – com certeza – tudo aquilo que eu esperava e mais ainda. Eu não vou mentir, sou muito puxa-saco dos elencos brasileiros, pois eu sempre acho que nós temos um tempero a mais.
Além disso, as adaptações de roteiro são sempre brilhantes. Mesmo que se perceba que o “bruto” é igual ao que eu vi em Nova Iorque (bem fiel também ao filme de 88), piadas brasileiras foram adicionadas de maneira a deixarem o enredo mais interessante, divertido e com a nossa cara.
A versão brasileira das músicas é do sempre incrível Claudio Botelho que conseguiu, com maestria, capturar toda a essência dos clássicos na nossa língua. Assim, eu só senti falta mesmo é do CD da trilha sonora para que nós possamos comprar, já que qualquer fã de musical morreria por esse presente.
Entregando tudo que eu poderia pedir
No dia que eu vi a apresentação, o Eduardo Sterblitch não estava no elenco. No seu lugar estava João Telles que, apesar de eu não ter visto a atuação de Sterblitch, deu um show do começo ao fim e entregou absolutamente TUDO.
Telles entendeu direitinho o que o papel exigia e foi brilhante. Ele interagiu com o público, oferecendo voz, atuação e performance de um jeito que eu fiquei absolutamente maravilhada.
Eu sei que, muitas vezes musicais que tenham protagonistas “famosos” acabam criando uma certa decepção quando outra escalação está em cena. Porém, não consigo entender como alguém ficaria decepcionado quando João Telles é um 10/10 em tudo no espetáculo.
Pelo Teatro Liberdade ser menorzinho em comparação a outros teatros que recebem musicais, eu estava preocupada em como eles fariam certas adaptações. No entanto, TUDO desde figurino, cenário, maquiagem, cabelo… TUDO é de uma excelência que não deixa espaço para crítica negativa (acredite, eu estava na primeira fila atentíssima).
Sucesso de público
Beetlejuice O Musical mais uma vez prova que as montagens brasileiras de musicais estrangeiros são sempre melhores. Talvez eu seja puxa-saco do meu país, mas quando você tem algo tão bom quanto foi esse espetáculo, não tem como não virar fã de carteirinha dos profissionais daqui.
Meu único arrependimento foi ter esperado o fim da temporada, já que eu morreria por um ingresso para vê-lo de novo, mas devido ao sucesso estrondoso, as sessões estão praticamente todas lotadas.