Eu costumo dizer que M. Night Shyamalan é sempre 8 ou 80. Ou ele acerta no filme, ou ele erra totalmente. Ou temos um filmaço de tirar o fôlego, ou temos uma porcaria que nunca mais eu gostaria de ver. Entretanto, não dá para negar, toda vez que o nome do diretor aparece, é sempre com um projeto criativo que instiga as pessoas irem ao cinema. De qualquer forma, há razões pra isso, já que — mesmo errado — o diretor e roteirista é conhecido por suas apostas altas. É nesse contexto que vamos analisar Batem à Porta.
Depois do morno ‘Old’ e do péssimo ‘Glass’ eu estava com expectativas baixas para esse novo filme, mas confesso que o cast feito de estrelas me animou um pouco. Sendo assim, Batem à Porta (Knock at the Cabin, no original) é um filme de horror e suspense com uma trama apocalíptica que nos deixa grudados na cadeira pela maior parte do tempo.
Enredo
A história é sobre um casal, Eric e Andrew, e sua filhinha Wen, que estão em uma remota cabana alugada passando dias tranquilos em férias. Porém, tudo muda quando quatro estranhos batem à sua porta, armados de ferramentas estranhas e assustadoras. Após invadirem o local eles mantêm a família refém quando anunciam a razão para estarem ali: o apocalipse está chegando, e a única maneira de evitá-lo é sacrificando um membro daquela família. No entanto, quem deve tomar essa decisão é Andrew, Eric e Wen, já que os quatro estranhos não podem interferir.
Mesmo que o plot tenha como inspiração o livro ‘The Cabin at the End of the World’, de Paul G. Tremblay, a trama acaba tomando outro rumo depois de certo ponto, distanciando-se da obra original.
Batem à Porta é uma experiência tensa e curiosa. Eu fiquei roendo as unhas a maior parte do tempo, todo o mistério que cerca a trama é denso, complicado e dramático. Às vezes acreditamos nos estranhos, às vezes os achamos os lunáticos… não dá para saber. Contudo, conforme o filme foi se desenrolando comecei a perceber que encerrá-lo seria uma tarefa difícil. Assim, fiquei me perguntando se Shyamalan conseguiria amarrar de maneira coesa e bem-feita.
Na minha opinião, ele falha nessa missão.
Pontos Positivos
Ainda assim, mesmo que o fim me pareça tão fraco em comparação ao resto do filme, eu não posso tirar os créditos do resto do longa. Isso se dá principalmente pelas atuações geniais de Dave Bautista, Jonathan Groff, Ben Aldridge e da fofíssima e talentosa Kristen Cui.
A fotografia do filme é belíssima, e a escolha de cores nos detalhes é interessante e inteligente. A trilha sonora é tensa e bem feita, e em questão de produção eu acredito que o filme conseguiu atingir tudo que queria.
É realmente uma pena que o final tenha sido tão “meh” em comparação a um filme que se mantinha tão bem. E eu realmente acredito que se deve PARAR com essa mania de no final dos filmes um personagem simplesmente explicar tudo que estava nas entrelinhas. Parem de subestimar a plateia! Nós conseguimos entender sem que haja essa chuva de informação não natural!
Enfim, Batem à Porta é uma experiência interessante para fãs do gênero e que vale a pena ser visto nas telonas devido a combinação de fotografia e trilha sonora tensas que fazem a diferença. Mesmo que não seja um filmão ainda consegue divertir, e eu marco como um “60” na escala 8 ou 80 de Shyamalan. Espero que o diretor e roteirista continue apostando em tramas mais simples e investindo nas atuações, ao mesmo tempo que também espero que ele melhore a forma como encerra suas obras.