B-Project: Kodou*Ambitious é a mais nova investida do estúdio A-1 Pictures (Uta no Prince-Sama, Sword Art Online, Fairy Tail) no universo dos idols masculinos.
É parte da franquia B-Project, uma franquia cross-media recente da gigante 5pb., responsável pela produção de diversos músicos japoneses, sobretudo doujin artists.
O responsável pela idealização do projeto é o próprio CEO da 5pb., Chiyomaru Shikura (Chaos;Head, Steins;Gate, Robotics;Notes), em parceria com o cantor pop T.M. Revolution e o character designer Utako Yukihiro (Makai Ouji: Devils and Realist). Esse projeto, como bem coloca o nome, deveras ambicioso, vai na onda de idols que tem dominado a indústria do entretenimento japonesa. Séries de idols masculinos como Uta no Prince-sama, Aichuu e Idolish7 já estão nas bocas de toda “fujoshi” japonesa, e ao mesmo tempo, temos séries como Love Live! estourando mundialmente. Não é a toa que só nessa temporada temos três estreias de anime envolvendo idols: Tsukiuta the Animation, Scared Rider Xechs (que tem bandinha de rock de bishounen – mesma coisa, não?) e, por último e não menos importante, B-Project.
Brilho e Cor!
E do que se trata B-Project? É uma série de idols da maneira mais tradicional possível: cheia de brilhos e coloridos, com muitas músicas extremamente chiclete e danças mais ainda. A premissa – se é que podemos chamar assim… – é a seguinte: Tsubasa é uma nova empregada na seção de A&R (isto é, a divisão responsável pela pesquisa de talentos e desenvolvimento artístico dos músicos) de uma companhia chamada Gandala Musica, e ela é imediatamente enviada para coordenar uma unidade de idols chamada B-Project, é composta de três subunidades: Kitakore, uma unidade com dois membros formada pelos Daisukes por Tomohisa Kitakado e Ryuji Korekuni (sacaram o nome?); THRIVE, um trio formado por Kento Aizome, Goshi Kaneshito e Yuta Ashu; e MooNs, o maior grupo, formado por cinco bishounen: Kazuna Masunaga, Momotaro Onzai, Hikaru Osari, Tatsuhiro Nome e Mikado Sekimura. E daí, é isso; o desafio da Tsubasa é aprender a lidar com esse “monte de idols com personalidades excêntricas”, como ela mesma coloca.
E bota excêntricas nisso. Como se os character designs coloridos e excêntricos de cada um já não fossem o bastante, logo no primeiro episódio já deu que ver temos estereótipos para todos os gostos: o “príncipe”, o “kuudere” Ryuji, o “maduro” Tomohisa, o “tsundere” Gouji, e assim por diante. E nenhum deles parece muito normalzinho, não. Já no primeiro episódio, temos a introdução da Tsubasa ao grupo de idols, e conforme ela treina a dupla Kitakore, um problema surge: como entrar em sintonia com a música? É aí que, como em qualquer bom shoujo de harém reverso, ela usa sua magia do amor e da compreensão ™ para salvar o dia e fazê-los cantarem direito. E é isso, é literalmente essa a história do primeiro episódio. E no fim das contas, se você não é o público obcecado por séries como Uta no Prince-sama ou La Corda D’Oro, você provavelmente não vai nem lembrar do que aconteceu no episódio além de “aquele personagem era bonitinho!” ou “adorei a dança da abertura!”.
B-Project vs Uta no Prince-sama
Mas afinal, o que difere B-Project de uma quarta temporada de Uta no Prince-sama? A bem da verdade, muito pouco. Uma das coisas é que, por esse primeiro episódio, B-Project se mostrou mais, digamos, autoconsciente. Consciente do seu lugar de “anime superficial de idols bishounen”, não se envergonha de eventualmente tirar sarro dos seus próprios erros – por exemplo, na cena em que, depois de uma apresentação expositiva muito longa dos bishounen, Gouji diz que a protagonista Tsubasa, que representa a espectadora média, “nem vai lembrar todos os nossos nomes de cara, mesmo”. Outra coisa interessante é que tem um momento ou outro em que a realidade da produção musical e fantasias românticas daquele nível “sua música reverbera seu coração!” se misturam. Os idols praticam diversas vezes a mesma música até conseguirem atingir o tom certo, e a produtora realmente exerce a função de auxiliá-los. Se séries como Idolmaster Cinderella Girls e Shounen Hollywood me ensinaram alguma coisa, foi que ter uma protagonista que também é uma profissional tende a dar mais certo. Também tem lá uns termos que soam muito como technobabble, mas também não devem ofender. Ainda assim, não é como se a série propusesse – ao menos nesse primeiro episódio – quebrar a quarta parede a todo momento. Não é Shounen Hollywood nem Sekkou Boys, não.
Mas e aí, e a qualidade das cores, da animação, das músicas? Como esperado, é padrão A-1 Pictures. O que significa que é muito bom. Com Uta no Prince-sama, o estúdio A-1 Pictures realmente revolucionou os padrões estéticos das séries de anime de harém reverso – e não é a toa que hoje temos um padrão geral minimamente decente, e até algumas das estéticas mais fofas e interessantes da indústria em séries como Bonjour Koiaji Pâtisserie e Diabolik Lovers, ainda que a qualidade narrativa tenha permanecido… questionável.
Para os fãs de idols?
B-Project parece que irá seguir essa tendência, sem tirar nem pôr. Quem quiser, pode fazer uma aposta no fato de que B-Project irá tentar se diferenciar do resto dando uma maior ênfase na fase de produção musical. Mas, verdade seja dita, até agora não mostrou querer ser nada além de uma forma de divulgar o projeto – que provavelmente dará foco para os CDs de música – em versão animada. Eu não achei ruim, pessoalmente, mas reconheço que é preciso gostar muito de idols para gostar de uma série tão feijão com arroz quanto B-Project. Se você não for o público, até segundo aviso, pode esquecer. Se for, seja bem vindo!