Hoje, falaremos de “ATE THAT“, do YOUNG POSSE. Incorporar ritmos e gêneros que derivam de um contexto cultural que se opõe ao pop sul-coreano não é uma tarefa fácil. Por mais artísticas que sejam as intenções de grupos que se consolidaram no hip hop, como BIG BANG, 2NE1 e até BTS, estão longe de ser genuínas.
A falta de consideração em reconhecer o que está por trás de um gênero como tal sempre foi um problema no k-pop. Além de estranha, a forma como geram o som em sintonia com o pop doce e borbulhante dos girl groups, ou o sexy e agressivo dos boy groups, dificilmente consegue soar autêntico.
O hip hop de YOUNG POSSE
“ATE THAT”, do YOUNG POSSE, parece saber disso claramente. Por isso, o faz sem grandes concessões, às vezes parecendo parodiar mais do que apenas usá-lo com certa naturalidade. Aqui, os visuais inspirados em GTA e a estética que percorre o old school da Costa Oeste dos Estados Unidos e sob as marcas do g-funk do Dr. Dre, nada mais é do que pura descontração musical. E é isso que todo álbum de k-pop fortemente baseado no hip hop deveria ser.
No entanto, por mais que interessante e divertido, tal proposição não significa que “ATE THAT” seja perfeito. Muito pelo contrário, já que seus minutos estão divididos entre referência e a formalização de características. Que, na verdade, deveriam ser apenas símbolos usados sem nenhuma outra profundidade de significado.
Conclusão
A partir daí, há uma repetição constante, quase exaustiva, dessa permanência no hip hop. As composições, que têm créditos de algumas integrantes, ficam na superfície. Isso é até bom, pois seria um erro exigir mais do que elas poderiam entregar em termos de criação.
Porém, essa distância de autoria revela que a diferença entre o som e a narrativa é outro ponto que evidencia a discrepância entre as abordagens envolvendo o hip hop no k-pop. Por sua vez, “ATE THAT” funciona melhor como um ponto de referência, e não necessariamente como um disco sério e comprometido em trazer algo novo.