As Memórias de Marnie é um filme de animação produzido pelo Studio Ghibli, escrito e dirigido por Hiromasa Yonebayashi e lançado no Brasil em 2015.
Recebeu indicação ao Oscar em 2016 na categoria de melhor animação e, mesmo que não tenha levado a premiação, segue muito bem avaliada por quem já assistiu.
O filme conta a história de Anna Sassaki (Sara Takatsuki), uma adolescente de 12 anos que vive em Sapporo. Uma menina tímida que enfrenta diversas questões pessoais e um problema de asma que, não tarda, será um fator decisivo para que a levasse até Kushiro, cidade onde vive alguns de seus familiares.
Anna, vive uma vida confusa e cheia de questionamentos que a levam para um lugar de incertezas e busca incessante por respostas sobre seu passado. Além disso, por ter uma doença crônica, precisa de mais atenção.
As férias de verão que mudou a vida de Anna Sassaki
Certo dia, num episódio desconfortável em seu colégio, a protagonista precisou ser socorrida por causa de uma crise de asma. Ela foi levada imediatamente para casa e foi atendida às pressas pelo médico da família.
Com as férias escolares próximas, o doutor recomenda à responsável da menina que ela passe uns dias em lugar com ar limpo, pois, segundo ele, trará ótimos benefícios à Sassaki.
Assim, ela se dirige até a cidade de Kushiro, é recebida pelos tios Oiwa, que cuidaram gentilmente da nova hóspede nas férias de verão.
A casa é uma propriedade grande, acolhedora e transmite muita paz, em um local cheio de árvores e um lago a ser apreciado. Característica das animações produzidas pelo Studio Ghibli, onde a fotografia traz conforto, afetividade e muita serenidade.
A trama se mantém interessante, instigante e induz quem está assistindo a utilizar da imaginação junto à personagem principal sobre diálogos e o desenho de um casarão que ela carrega a sete chaves.
Carregado de mistérios e questionamentos ainda sem respostas, não é possível chegar à uma conclusão sobre o que pode se esperar daquele lugar nos primeiros dias da garota naquela cidade.
Anna chega apática e sem muitas expectativas sobre a cidade em que passaria as férias. Mas, atende o aguço do seu lado curioso e decide explorar a região.
Logo se depara com a Casa do Pântano, o que a deixa intrigada por parecer já ter visto aquele casarão em outro momento.
Assim, algumas coisas começam a fazer sentido e, o que parecia confuso, começa a endossar o enredo do que levaria a menina até ali.
Percebe-se que Anna tem uma ligação com a cidade para além daquela visita aos tios, dessa forma, o filme prende quem está assistindo em continuar entender que rumo a narrativa tomará.
Não contente em apenas ver o casarão, a garota decide ir até lá e conhecer de perto a projeção de casa presente em seus sonhos e desenhos.
Destemida, ela está certa de que ali não há fantasmas ou, muito menos, parece abandonada.
Curiosamente, ela enxerga pela janela da casa uma jovem muito bonita, com cabelos longos e loiros, sendo penteada por uma senhora que não mostra o rosto. Mas, por que somente Anna consegue enxergar alguém ali dentro?
Mais tarde, ela descobrirá que se trata de Marnie (Kasumi Arimura), a moradora da casa do pântano. A mesma moça presente nos sonhos da adolescente.
A amizade entre as duas se fortalece, ambas se sentem muito confortável na presença uma da outra.
É possível notar que há uma ligação para além de uma amizade, entretanto, não há como definir ainda o que seria.
Marnie demonstra uma preocupação carregada de afeto por Anna. Nisso, o autor, utilizou de uma perspicácia genial, pois dá vazão para imaginar diversos desfechos e, sobretudo, desperta uma ânsia em desvendar o que está por vir.
Ao mesmo tempo que Marnie está “presente” somente à Sassaki, é como se ela existisse no mundo real também, o que torna a personagem muito crível à quem assiste.
Tudo acontece como um sonho para a adolescente, sem muitas respostas sobre quem é, de fato, a nova amiga do casarão.
Interessada pela história da mocinha, Marnie a questiona sobre sua vida, lançando que ali manteriam como um segredo precioso entre as duas tudo que fosse revelado.
A relação entre as personagens se solidifica com o passar da trama, e tudo vai se encaixando como um quebra cabeça.
E a cada aparição de um novo personagem, como a de Hisako (Hitomi Kuroki), pintora e amiga por muitos anos de Marnie que, mais tarde, seria descoberto por Anna, torna o enredo cada vez mais entendível.
Ao ouvir a história que a pintora contara sobre a amiga, a garota pode se ver em diversas partes do que ouviu, encaixando-a como se aquele relato fizesse parte do que já tinha ouvido sobre si também.
A ida até Kushiro foi muito importante para que a menina pudesse ter conhecimento sobre seus ancestrais, sua história e toda ligação que possui com aquela cidade.
Yoriko (Nanako Matsushima), tia e responsável pela criação da adolescente, chega até a cidade e decide abrir o jogo com a menina sobre seu passado.
Finalmente, Anna Sassaki terminaria suas férias sabendo que, Marnie, era então, sua avó e, por isso, tiveram essa ligação forte ali.
Hiromasa Yonebayashi preparou um roteiro daqueles que te prende, tensiona, mas, encanta também com uma narrativa cheia de descobertas junto aos personagens.