domingo, junho 1, 2025
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As Grandes Apresentações que Marcaram o Bangers Open Air 2025 no Terceiro Dia

O Memorial da América Latina se transformou mais uma vez no epicentro do metal mundial durante o Bangers Open Air 2025. Em sua terceira edição, o festival consolidou-se como um dos principais eventos do calendário headbanger brasileiro, reunindo fãs de diversos subgêneros do metal em um domingo de pura celebração musical. Do metal sinfônico do Beyond the Black ao thrash implacável do Destruction, passando pelo power metal épico do Blind Guardian e pela nova empreitada de Kerry King, o evento demonstrou seu ecletismo e capacidade de surpreender mesmo os metaleiros mais exigentes.

O festival deste ano teve que lidar com alguns cancelamentos de última hora, como os das bandas We Came as Romans e Knocked Loose, mas isso acabou se transformando em uma feliz coincidência para os fãs brasileiros. Veteran⁠os queridos como Blind Guardian e Destruction prontamente preencheram as lacunas, provando mais uma vez o carinho especial que nutrem pelo público brasileiro. Sob o sol inclemente que aos poucos deu lugar a uma noite energética, os headbangers presentes puderam testemunhar momentos históricos, como a primeira apresentação de Beyond the Black em terras brasileiras e a execução integral do lendário “Infernal Overkill” do Destruction, celebrando seus 40 anos de lançamento.

Beyond the Black: A Surpresa Sinfônica que Conquistou o Bangers Logo na Abertura

Foi no sol nervoso das 11:55h da manhã do domingo que eu tive a minha maior surpresa do Bangers Open Air. Acho que eu estava confundindo nomes de bandas, mas eu simplesmente não prestei atenção nessa tal “Beyond the Black” que seria a abertura do dia. Como eu sou fã do lado “sinfônico com vocalistas femininas” do metal, ficou imediatamente aparente, assim que a banda subiu ao palco e iniciou sua performance de “In The Shadows”, que eu iria me apaixonar. Não somente pela figura impecável e voz límpida da vocalista Jennifer Haben, mas também pelo metal sinfônico que saiu dos instrumentos dos alemães de Mannheim.

Eu não estava esperando que veria uma banda de metal sinfônico no Bangers Open Air, mas que bom que eu estava errado! Como outra banda que teve sua estreia em terras brasileiras no festival, o Beyond the Black escolheu transitar por todos os seus cinco álbuns, que vêm fazendo muito sucesso na Alemanha desde 2015. As influências são claras: a gente consegue discernir uma clara influência de power metal na estrutura das músicas da banda, com seus refrões pegajosos e solos de guitarra, mas também pode se notar um quê do folk metal do Eluveitie, ou da pegada mais comercial de um Lacuna Coil ou Within Temptation. 

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Beyond the Black | Crédito @brunobellan @sucodm

Devo destacar que o setlist da banda demonstrou bastante variação, passando por músicas mais emotivas, como “Songs of Love and Death”, onde Jennifer é o centro das atenções, mas também momentos mais pesados como em “Hallelujah” ou “Lost in Forever”, onde os guitarristas Chris Hermsdörfer e Tobias Lodes entram para fazer aquele clássico “Beauty and the Beast”, tão comum nas bandas do gênero. Por mim, posso dizer que a primeira coisa que fiz na segunda-feira foi buscar “Beyond the Black” no meu Spotify, e peço a todos que façam o mesmo!

Setlist: Beyond the Black no Bangers Open Air 2025

  1. In the Shadows
  2. Hallelujah
  3. When Angels Fall
  4. Songs of Love and Death
  5. Lost in Forever
  6. Heart of the Hurricane
  7. Is There Anybody Out There?
  8. Reincarnation
  9. Wounded Healer
  10. Shine and Shade

*Possivelmente incompleto e/ou fora de ordem.

Lord of the Lost: Góticamente Industrial Sob o Sol Escaldante da Tarde

O Lord of the Lost foi uma das bandas que veio pro Summer Breeze Brasil 2023, mas eu não consegui vê-los, pois tocavam no mesmo horário do Skid Row. Foi ótimo constatar que os alemães adoraram a experiência de tocar pro público brasileiro e voltaram, mesmo sob o sol da 1 da tarde. Desde então, um álbum novo foi lançado, o “Weapons of Mass Seduction”, mas o sexteto também escolheu apostar numa seleção de cortes do restante da discografia ao invés de focar em seu trabalho mais recente.

O grupo, sem dúvidas, foi um prato cheio para o pessoal com tendências mais góticas do Bangers. A abertura com “The Curtain Falls” já exibiu o visual dark e extravagante dos meninos, e seu hard rock estilizado com uma vibrante pegada industrial. Quem já é familiar com a cena da “Neue Deutsche Härte”, da qual o expoente mais conhecido é o Rammstein, vai se sentir em casa com o som dançante, entre o heavy metal e a disco music, que não estaria fora de lugar no Madame. Os paralelos com o visual do Motionless in White também não passaram despercebidos.

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Lord of the Lost | Crédito @brunobellan @sucodm

Claramente, existe um público pra esse tipo de som no festival, que foi à loucura com os vocais graves de Chris Harms e com os teclados dançantes de Gerrit Heinemann, especialmente na sequência final, com a execução de “Die Tomorrow”, “Drag Me to Hell” e “Blood & Glitter”. Como foi de costume entre as bandas do Bangers, o Lord of the Lost prometeu tornar do Brasil sua segunda casa. Bom, já estou buscando a discografia para aguardar o retorno!

Setlist: Lord of the Lost no Bangers Open Air 2025

  1. The Curtain Falls
  2. The Future of a Past Life
  3. Loreley
  4. Destruction Manual
  5. For They Know Not What They Do
  6. Raining Stars
  7. Six Feet Underground
  8. Born With a Broken Heart
  9. Live Today
  10. Die Tomorrow
  11. Drag Me to Hell
  12. Were All Created Evil
  13. Blood & Glitter

Vader: O Pioneiro Death Metal Polonês Inicia a Maratona de Extremidades

Bom, depois da gente curtir um pouco da introspecção e atmosfera do Paradise Lost, acabou a brincadeira. A partir das 15h, o Bangers ia ser tomado pelo metal extremo com uma sequência avassaladora de death e thrash. Para iniciar os trabalhos no Sun Stage, ninguém melhor do que uma das bandas pioneiras do death metal na Polônia, o Vader. O grupo, iniciado por Piotr Wiwczarek lá nos anos 80, bem antes do Behemoth, foi um dos primeiros grupos de metal extremo a surgir sob a Cortina de Ferro, como eram conhecidos os países socialistas após a Segunda Guerra Mundial, e conseguir um contrato com uma gravadora internacional.

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Vader | Crédito @brunobellan @sucodm

Conhecido como “o Slayer polonês”, o Vader mostrou a que veio ao comandar uma roda gigantesca e abrir com a destruidora “Wings”. A partir daí, o grupo pôs-se a lançar marretada atrás de marretada no público sedento do Bangers, com clássicos como “Black to the Blind”, “Silent Empire” e “Triumph of Death” gerando euforia nos headbangers que apreciam o melhor do “roque pauleira”. A agitação não foi abalada nem um pouco pelo sol ardido das 15h, e o mais surpreendente é a tranquilidade e bom humor dos músicos, que demonstraram amplos sorrisos com o seu público, o que parece esquisito vindo de quatro poloneses que fazem as músicas mais ensurdecedoras possíveis.

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Vader | Crédito @brunobellan @sucodm

Mas isto é o metal! Infelizmente, foi um show curto, e o Vader nos deixou com uma vontade de bater mais cabeça ao deixar o palco com a Marcha Imperial (em pleno May The 4th), preparando o espírito para as próximas porradas!

Setlist: Vader no Bangers Open Air 2025

  1. Wings
  2. Black to the Blind
  3. Dark Age
  4. Go to Hell
  5. Carnal
  6. Silent Empire
  7. Triumph of Death
  8. Unbending
  9. This is the War
  10. Helleluyah (God is Dead)

*Possivelmente incompleto e/ou fora de ordem.

Kerry King: Do Slayer para o Inferno e de Volta, Com a Maior Roda do Bangers

O sol já dava uma baixada quando a nova banda do guitarrista Kerry King tomou o Ice Stage no Bangers Open Air. Ainda bem, porque o que rolou durante esse show foi, de longe, a maior roda que eu vi nesses três anos de festival. Do momento em que o grupo iniciou o show, o fundador do Slayer, juntamente com o vocalista Mark Osegueda, conhecido por seu trabalho em outra lenda do thrash metal, o Death Angel, comandaram uma passagem brutal pelo álbum “From Hell I Rise”, passando por todos os melhores cortes do álbum, como “Where I Reign”, “Trophies of the Tyrant” e “Two Fists”, culminando com a chegada em “Disciple”, do Slayer.

Um momento de destaque por volta da metade do show foi a homenagem prestada por Osegueda a um dos grandes nomes do heavy metal que nos deixou recentemente, o primeiro vocalista do Iron Maiden, Paul Di’Anno, com um cover incrível de Killers. Após um breve retorno ao disco novo com a pedrada “Shrapnel” é que veio o grande momento. Os trovões se iniciaram, as chamas se ergueram, a roda se abriu e tudo veio abaixo quando a dobradinha de “Raining Blood” e “Black Magic” encheu o Memorial da América Latina do mais puro thrash metal.

É até difícil dar continuidade depois de tamanho momento, mas o Kerry King escolheu finalizar sua apresentação com a música título de seu disco, “From Hell I Rise”, deixando claro que quer seguir sua carreira com esse capítulo novo fora do Slayer, e que espera a aceitação do público. Considerando a roda que aconteceu no Bangers, o novo grupo tem tudo pra bombar!

Setlist: Kerry King no Bangers Open Air 2025

  1. Where I Reign
  2. Rage
  3. Trophies of the Tyrant
  4. Residue
  5. Two Fists
  6. Idle Hands
  7. Disciple (Slayer cover)
  8. Killers (Iron Maiden cover)
  9. Shrapnel
  10. Raining Blood (Slayer cover)
  11. Black Magic (Slayer cover)
  12. From Hell I Rise

Blind Guardian: Os Bardos Alemães que Sempre Voltam para Sua Segunda Casa

Algumas bandas tiveram sua primeira apresentação no Brasil durante o Bangers Open Air 2025. Mas outras, no entanto, estão sempre por aqui. Os alemães do Blind Guardian são uma dessas bandas que se apaixonou pelo nosso país, tanto que o guitarrista Marcus Siepen casou-se com uma brasileira de João Pessoa! Portanto, não foi surpresa nenhuma que, com o cancelamento das bandas We Came as Romans e Knocked Loose, o Blind Guardian foi uma das bandas que prontamente aceitou tocar no lugar dos desfalques.

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Blind Guardian | Crédito @brunobellan @sucodm

Como sempre, o Blind Guardian não nos decepcionou, abrindo sua performance com “Imaginations From the Other Side” e encantando o público do Bangers. O vocalista, Hansi Kürsch, até brincou sobre “cair de paraquedas” nesse festival. Por mais que eles não estivessem fechando o festival e nem nos propondo uma festa tal qual a do Summer Breeze Brasil 2023, onde eles apresentaram o álbum “Somewhere Far Beyond” na íntegra, ainda assim o grupo preparou algumas surpresas para os presentes desta vez, começando com algumas músicas do disco mais recente “The God Machine”, que é uma pedrada e bem diferente dos padrões do power metal. Mas onde o público se esgoelou de cantar junto foi com os clássicos, claro. A maior surpresa foi “Mordred’s Song”, um corte que não costuma aparecer nos setlists da banda, mas “Into the Storm”, “Bright Eyes” e “Bard’s Song” explodiram a galera em canto junto com os bardos.

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Blind Guardian | Crédito @brunobellan @sucodm

“Bard’s Song”, claro, deu início a uma sequência final incrível, que levou aos clássicos “Mirror Mirror” e “Valhalla”, mais uma vez provando que o Brasil é um lugar muito querido pelo Blind Guardian, e estou certo que eles continuarão nos agraciando com sua presença, ano após ano.

Setlist: Blind Guardian no Bangers Open Air 2025

  1. Imaginations From the Other Side
  2. Blood of the Elves
  3. Mordred’s Song
  4. Violent Shadows
  5. Into the Storm
  6. Tanelorn (Into the Void)
  7. Bright Eyes
  8. Time Stands Still (At the Iron Hill)
  9. And the Story Ends
  10. The Bard’s Song – In The Forest
  11. Mirror Mirror
  12. Valhalla

Destruction e o Infernal Overkill na íntegra

O Destruction foi a outra banda que “caiu de paraquedas” no Bangers Open Air com o cancelamento das bandas de metalcore. A segunda banda do “Big 4” do thrash metal alemão a tocar neste festival, o Destruction comemora 40 anos do lançamento de seu primeiro álbum, “Infernal Overkill”, lançado em 1985. Desta forma, eles decidiram dar de presente aos fãs brasileiros um show incrível, onde o álbum foi executado na íntegra, pela primeira vez na história.

Apesar de ser fã de thrash metal, eu não sou super familiar com a discografia das bandas do thrash alemão, e acredito que o “Infernal Overkill” é um álbum muito bom, mas difícil de escutar hoje em dia, com uma gravação e produção bem diferente do que a gente é acostumado com thrash metal hoje em dia, comparável a um “Kill’em All”. Presenciar o disco sendo tocado ao vivo por uma banda com 40 anos de experiência nas costas, meu amigo? É outra pegada. Foi uma porrada atrás da outra, sem interrupção, e o público brasileiro estava completamente preparado para destruir tudo no último show do Sun Stage. Preciso destacar especialmente as performances de “Bestial Invasion”, um dos maiores clássicos do grupo, e de “Black Death”, faixa final do álbum, que é raramente executada ao vivo.

O “Infernal Overkill” é um álbum de 40 minutos. Sendo assim, o Destruction ainda ficou mais um pouquinho pra nos oferecer mais algumas faixas de thrash metal intenso. O frontman Marcel Schirmer deu algumas escolhas pro pessoal: queriam “Curse the Gods”? Tocaram. Queriam “Mad Butcher”? Teve também. “Nailed to the Cross” ou “Thrash Till Death”? Bom, parece que a galera quer “Nailed to the Cross”, mas não pode finalizar sem “Thrash Till Death”, né? Então vai as duas! Sem dúvidas, o Destruction demonstrou que mesmo com 40 anos de carreira, ainda estão dispostos a entregar metal extremo de qualidade para os fãs brasileiros!

Setlist: Destruction no Bangers Open Air 2025

  1. Invincible Force
  2. Death Trap
  3. The Ritual
  4. Tormentor
  5. Bestial Invasion
  6. Thrash Attack
  7. Antichrist
  8. Black Death
  9. Curse The Gods
  10. Total Desaster
  11. Nailed to the Cross
  12. Mad Butcher
  13. Destruction
  14. Thrash Till Death
José Renato Fernandes
José Renato Fernandes
Um ser humano multifacetado: estudioso de Letras; analista literário de vídeo jogos; tradutor e intérprete; entusiasta de jogos de luta; batedor de cabeça em shows de metal; e materialista histórico dialético.

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