Uma era que mexeu muito com a cultura pop começa a ser história do passado a partir de maio, Zack Snyder chega a Netflix com costas largas e aliviado após momentos conturbados na Warner e entrega aquilo que o povo quer assistir. Army of the Dead: Invasão em Las Vegas é uma bala de canhão atirada para o alto e acerta em cheio o objetivo, têm seus problemas sim, mas não afeta a trama nem atrapalha a experiência do filme que pode confirmar a redenção de Zack Snyder
A era Snyder/DC foi algo muito conturbado, fazendo as pessoas sentirem falta dos tempos de “300” e “Sucker Punch”, achando que nunca mais veriam um dos maiores diretores da atualidade voltar a sua boa fase, pois bem, como acontece no mundo dos esportes, um trabalho ruim é normal até entre os grandes nomes, foi ele entregar o trabalho da sua vida, o questionado SnyderCut, que fez ele recomeçar sua carreira, deixar para trás tudo o que aconteceu e seguir a vida, Army of the Dead simboliza os novos ares que Zack Snyder precisava em sua carreira, e depois disso que venha algo da mesma grandeza e qualidade.
A história sabe muito bem caminhar dentro do tempo necessário, um começo que parece um tiro de tão rápido, algo que chega a ser um atropelo, mas é um mal necessário, pois é breve e objetivo para te entregar toda a origem dos personagens principais e o início de todo o caos dos zumbis, a partir disso que começa o desenvolvimento do arco principal do porquê de todos terem que voltar para aquele inferno de cidade abandonada e zumbificada.
Dentro disso que é entregue o que todos querem ver após aquele maravilhoso trailer, sangue, tripas, tiros, bombas e matança, mas bem controlada, nada de cair para galhofa e nem segurar demais a ação, os momentos dramáticos junto com o elo criado entre a equipe são bem construídos e consegue enriquecer muito uma história que aparentava ser completamente galhofa, o filme se leva a sério e te convence, dentro um roteiro mais clichê do subgênero zumbi, mas que isso faz com que muito pudesse ser explorado, e dentro disso citamos os verdadeiros protagonistas dessa história.
Em entrevista a imprensa, Snyder disse que há vários tipos de zumbis, não só algumas categorias como também as espécies que são imunes, então não só ele colocou um tigre e um cavalo zumbi no filme como desenvolveu o arco dos zumbis alfa perfeitamente, zumbis mais inteligentes, ágeis e fortes a ponto de rasgar todo o treinamento de apocalipse zumbi já criado pelos fãs do subgênero, nada mais serve depois de Army of the Dead, inclusive as bizarrices de como um zumbi pode trabalhar uma gestação já é um ponto fora da curva que Snyder não se contém, se não tiver algum momento completamente esquisito, não é Zack Snyder.
Esse filme trouxe para mim uma reflexão muito grande referente a era Snyder/DC, por mais que existam fãs do que ele fez na Warner, para mim ele só acertou em “Man of Steel” e o casting da Gal Gadot, de resto foi um completo desastre, fanatismos a parte, não foi dinheiro para os bolsos da Warner e as maiores reclamações dos fãs era toda a linguagem visual do Snyder.
Pois bem, aqui nós temos o mesmo filtro escuro, câmera lenta, momentos épicos ao som de trilhas majestosas, e nada foi repetitivo ou extrapolado, na verdade tudo foi muito bem orquestrado pelo diretor, o que confirmou para mim que talvez a maior parcela de culpa seja da Warner e seus executivos, sim, Snyder foi mal, têm sua culpa também, mas a diferença de um SnyderCut ou até um Man of Steel mostrou que na Netflix ele estava muito mais livre para fazer seu trabalho, o que na minha interpretação colocou a Warner em uma situação muito constrangedora quanto aos seus executivos, e pensando que 2021 é um ano majestoso para Warner devido a muitos títulos grandes a serem lançados, acho que é melhor ficar de olhos abertos sobre Warner e seu pessoal interno.
Em compensação a tudo que já é passado, é bom dizer “bem vindo de volta Zack Snyder”, trazendo um filme incrível e altura de seu talento, lavando a alma de um mal momento e provando que tudo têm um recomeço, Army of the Dead entrega o que se espera dele, alcança o objetivo em todos os aspectos e se coloca na lista dos melhores filmes do ano, se ele será o melhor do ano não se sabe, mas desse mês é o melhor indiscutível, marcando a redenção do saudoso diretor mestre dos fanservices.