Matheus José
    Matheus José
    Graduando em Letras, 23 anos. Crítico e redator, já passou por publicações nos sites Jornal 140/ VIUU, Suco de Mangá, BoysLove Hub e Aquele Tuim.

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    AR^C – ARrC | Review

    É muito interessante quando surge um grupo que sintetiza (musicalmente) tudo o que o k-pop já fez em termos de estética e de características geracionais. Primeiro, o tripleS e agora o ARrC. Por isso ambos são diferentes… por isso ambos também são bons.

    Formado por CHOI HAN, DOHA, HYUNMIN, JIBEEN, KIEN, RIOTO e ZIWOO, ARrC (Always Remember The Real Connection) é o novo grupo — e primeiro ato masculino — da MYSTIC STORY. Esta é uma subsidiária da SM Entertainment, empresa que fundou o k-pop.

    Eles chegam depois do êxito de Billlie, grupo feminino da mesma gravadora que ajudou a estabelecer um caminho alternativo (pouco comercial e pouco independente) no pop sul-coreano. Nele, os conceitos temáticos e musicais transcendem as narrativas já famosas pelas grandes empresas.

    “AR^C”

    Talvez por isso, antes mesmo de estrear, o ARrC já causasse certa empolgação entre os fãs desse tipo de grupo. De certa forma, é deles que podemos esperar algumas das abordagens mais interessantes do k-pop, ou talvez algo que escape do impasse dos artistas mais populares.

    “AR^C”, como estreia, é exatamente o produto do espaço em que eles se encontram atualmente. Aqui, há uma combinação de tudo o que boy groups de todas as gerações existentes já fizeram. É o tipo de coisa que nenhuma das 3 grandes empresas, SM, YG e JYP, além da HYBE, poderia fazer, porque é puramente autoconsciente.

    O modelo central é o já famoso hip hop, com versos rápidos e estruturas percussivas que se dissipam o tempo todo. Por exemplo, a faixa-título “S&S (sour and sweet)”, é introduzida com versos pra lá de NCT, exceto pela sequência rítmica que se quebra entre mini acapellas e uma pausa quase sem tom — é realmente estranho.

    Porém, é uma peça que acerta ao revisitar alguns dos experimentos de gênero que a terceira geração fazia em busca do melhor refrão possível.

    O melhor do k-pop

    Aliás, essa é uma boa música de k-pop: aquela que só existe para ter um bom refrão. Assim,  ARrC parece reafirmar essa ideia ao longo do EP, principalmente em momentos como “light up” e “shadow”. Sendo, esta última, a mais inspirada no próprio universo da MYSTIC STORY, seja pela temática altamente pessoal — fala sobre conhecer a si mesmo para além das aparências —, seja pelo hip hop com elementos de jazz e vocais centrados em um R&B maneirista típico de b-sides de álbuns completos.

    São esses detalhes, que geram identificação, os responsáveis ​​por colocar “AR^C” em uma posição muito distante do que é considerado um ponto de partida na re-apresentação de um novo som. Na verdade, é um quase ponto de encontro entre o que já ouvimos, com o que queremos ouvir.

    É o que chamariam de frescor, e dada a pouca idade dos integrantes, pode até ser. Porém, acima de tudo, trata-se daquele andar alternativo que grupos como Billie criaram. Parece livre de muitas imposições ou mesmo tendências que se repetem de forma extremamente vazia — o new jack swing de “dummy – nu skull mix” seria tão óbvio se não fossem eles, os novatos ARrC.

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