Bem-vindos ao Vintage et Underrated, a coluna que une o antigo que não sai de moda e o underground que todo mundo adora, ou deveria. Pra hoje, bora falar de um CLAMP que é mais underrated que vintage: Angelic Layer.

Sobre Angelic Layer

Angelic Layer chegou em 1999 pela Kadokawa Shoten e é um dos pouquissimos shounen da época com protagonista feminina! Após, o anime estreou em 2001 pelo estúdio Bones com direção de Hiroshi Nishikiori (Azumanga Daioh).

Mas o que tem de tão especial num shounen com menina?

O fato de que… PRATICAMENTE SÓ TEM MENINA NO MANGÁ. As bonecas de combate são quase todas meninas, as grandes campeãs são quase todas meninas, as adversárias são quase todas meninas. É CLAMP fazendo shounen pra MENINA nos anos 90.

Pra muita gente, isso parece besteira, mas a recepção do mangá e do anime foi uma coisa assustadora na época, garantindo à obra o Prêmio Kobe de Animação e vários reviews positivas dos críticos.

Claro, houveram comparações com Digimon, que estreou três anos antes, por conta da relação das bonecas com seus mestres, mas eu achei sincera barra forçada. A crítica completa você pode ver aqui.

Para além disso, outra super inovação de Angelic Layer foi na própria arte! Para essa obra, a CLAMP focou muito mais nas cenas de ação e nos detalhes de pose e gestos que nos pequenos detalhes já tão comuns em obras passadas como Rayearth e Sakura Card Captors.

(Inclusive, é importante frisar que talvez se tivessem aplicado o estilo de Angelic Layer em Rayearth, o mangá ficaria ainda MAIS INCRÍVEL.)

Diferenciais de Angelic Layer

Voltando para a história: A formatação é típica de shounens de competição como Beyblade ou Yu-gi-Oh, em que o protagonista possui amigos que formam uma espécie de time para auxiliar de forma técnica e, na maioria das vezes, moral…

Afinal, nesses desenhos, o que ganha é o poder da amizade e a conexão com aquilo que você usa pra competir.

Além disso, temos as próprias bonecas que externalizam e representam graficamente a personalidade de seu controlador (ó eu dando razão pra crítica que eu falei mal antes…).

Mas, como eu já disse, o interessante de Angelic Layer é que estamos lidando com um jogo quase predominantemente feminino. Assim, em território de mulher, as próprias conquistas e batalhas são encaradas de uma forma diferente.

Mesmo a conexão com as bonecas pode variar de uma amiga querida (no caso de Blanche/Kaede ou Suzuka/Hatoko) como uma relação fria, porém respeitosa (como a de Shirahime/Sai). É tudo muito sutil e delicado, como a gente já espera de enredos da CLAMP.

Tudo isso, sem esquecer do humor esquisito da CLAMP e a paixão platônica da amiguinha pela personagem principal (Achou que era só em Sakura? Achou errado! E aqui a menina é mais explícita e escandalosa em relação a isso).

Um dos personagens que mais sofre com essas esquisitices da CLAMP era o professor Ichiro Mihara, que por mais que tivesse boas intenções em ajudar a jovem Misako, sempre era confundido com um pervertido por estar de jaleco em locais pouco convencionais.

Pontos Positivos

  • Cenas de ação super bem feitas
  • Design de personagens maravilhoso
  • Enredo redondinho

Pontos Negativos

  • A justificativa da mãe da Misako é meio mal explicada no anime (no mangá é melhor)
  • Deram um casal pra Tomoyo escandalosa desse mangá, mas foi meio desnecessário (Tomoyo virou um tipo de personagem, tadinha)
  • O anime perde um pouco a graça que tem no mangá
angelic layer
Imagem Divulgação

Sinopse: Num futuro não tão distante, a jovem Misako vai morar em Tóquio com uma tia, quando se depara com um jogo que vai mudar sua vida – O Angelic Layer – uma disputa de luta com bonecas eletrônicas controladas de forma mental pelos jogadores. Com a ajuda de seus amigos e do anjo Lucy, Misako enfrentará adversários poderosos em busca da vitória.