A quanto tempo que a cultura pop não tem uma nova adaptação cyberpunk, de tantas produções fracas ou desnecessárias, chega um momento em que alguém irá acertar como Ghost In The Shell em 1995 e Matrix em 1999.
Finalmente os fãs desse gênero foram agraciados com mais uma adaptação vinda do mangá, e Alita: Anjo de Combate é literalmente tudo o que já foi visto em um universo distópico, e ainda impacta da mesma forma que muitas histórias já contadas, mas sofre com a velha maldição que gira em torno do gênero cyberpunk.
Mundo Sujo Tecnológico
O mundo cyberpunk é conhecido por seus elementos tecnológicos limitados e sujos, quase lembrando uma favela, enquanto os mais afortunados vivem em grandes cidades, normalmente flutuando acima das cidades baixas, onde seu lixo é despejado nos ferro-velhos localizados no centro dessas cidades.
Ainda se têm aqueles implantes mal feitos com fios para fora e enferrujados, os mais pobres, ao invés de uma mão, possui uma garra, dependendo é melhor para o trabalho o qual ele é responsável, humanos cada vez mais remendados, a base de carbono sendo substituída por aço fundido, ou para os extravagantes, cromado.
Em Alita se mantém tudo o que já foi visto quando o assunto é distopia cibernética e ainda sim continua sendo contemplado de pé e com aplausos, mesmo com Alita sendo de uma linha de produção diferente, parabéns não define a maravilha cinematográfica que a Weta Digital fez nesse filme: com certeza se superou em todos os aspectos, o melhor trabalho deles até hoje sem dúvida!
Isso que é uma empresa de portfólio invejado, pois se têm a franquia de Senhor dos Anéis, muitos filmes do MCU, Planeta dos Macacos entre outros.
Adaptação
A história não é um grande marco, muito menos impressiona, mas é bem amarrado e sem furos, isso te faz valorizar a produção, sendo uma trama mais simples e objetiva, beirando a jornada do herói, aparenta ser mais um filme de ação já visto milhões de vezes, mas todo arco que se prende não só na realidade cyberpunk, mas no mistério que roda a origem dos personagens, te faz ficar esperançoso com alguma revelação ou resposta que pode estar escondida ao decorrer da trama.
Mesmo que nem todas as perguntas são respondidas – e não importa – pois a dúvida não estraga o filme, aliás melhora, pois muita coisa pode ser explorada se prestar o mínimo de atenção.
Para os que não estão familiarizado, essa é a maravilha do cyberpunk, para alguns, o filme funciona pela ação e cenas de lutas intensas e épicas, para outros, toda a filosofia da distopia do gênero já explorada em outros filmes, mais uma vez apresentada e refletida de um mundo impressionante e ao mesmo tempo melancólico.
A ideia de trazer um filme de ação foi inteligente, pois Alita: Anjo de Combate é longo, com um final aberto para continuação, mas que se não existir, vai ser considerado um final de filme correto e respeitável.
Alguns elementos podem ser discutidos, como o romance na trama, isso não é um problema, a não ser pelo fato de não convencer, a construção do casal caminha de forma moderada, mas fica algo tão sem química que poderia ser algo deixado de lado, mesmo com a discussão de uma máquina se apaixonar por um humano, dentro do universo de Alita isso é possível, sem exageros ou situações forçadas, apenas um casal sem sal que quase virou uma barriga de roteiro.
O Real Poder de Alita
Esse filme pode acertar em vários pontos, mas coloca em cheque duas coisas que podem trazer uma divisão de opiniões mil vezes já comentadas em outras produções parecidas, a começar por Alita.
Seu passado obscuro é desvendado a cada flashback, e seu rápido raciocínio liga os pontos até conseguir descobrir sua origem e seu objetivo de vida, porém o fato dela ser de uma linha de produção específica e ser a mais poderosa arma de batalha, coloca ela em um nível deus ex maquina que te faz exaltar toda a ação envolvida, mas perde em cenas onde Alita corre perigo, acaba se tornando algo solto na trama acidentalmente, pois ela é superpoderosa, e essa é a discussão, ela ser de um nível absurdamente grande fora de qualquer máquina já criada é o que mais te prende no início da trama pelo desconhecimento de sua origem. No final do filme tudo já está explicado e faz você aceitar Alita do jeito que é, além de exaltar seu nível de habilidade.
Já a turma dos pessimistas acreditam que uma protagonista exageradamente forte estraga a trama e joga tudo ao seu redor a um nível tão medíocre que faz dela o ser mais superpoderoso que pode vencer tudo e a todos, colocando o filme em um patamar mais de ação brucutu forçado.
A outra é a velha discussão dessas histórias futuristas, o cyberpunk é um nicho que agrada uma certa minoria de otakus, nerds, cinéfilos e até pessoas que não se enquadram nessas tribos, fazendo dessas produções um grande fracasso de bilheteria. Na história dos cinemas, ambos os filmes de Blade Runner foram fracassos de bilheteria, a adaptação de Ghost in the Shell também, mas por um motivo diferente, as pessoas mais engajadas na história não foram sequer ver o filme e já começaram a criticar nas redes sociais às cegas.
Distrito 9 foi um filme que teve um grande impacto positivo nas críticas, mas uma bilheteria ridícula, um investimento de 210 milhões para um lucro de apenas 30, isso que essa produção concorreu a mais de uma categoria em Oscar, BAFTA, Criticals Choice, Globo de Ouro e entre outros.
Dito isso, o cyberpunk é um gênero um tanto complexo para agradar as massas, por mais sensacional e épico que foi Alita, esse filme pode correr sério risco de fracasso e ter grandes divisões de críticas positivas e negativas na mídia.
Sem ter tido qualquer contato com o mangá GUNNM: Hyper Future Vision (Battle Angel Alita), inspiração para Alita: Anjo de Combate, pode-se dizer que esse filme conclui todos os objetivos de uma adaptação cyberpunk. Pode ser colocada como um dos melhores filmes desse gênero do cinema, misturando os padrões de um filme de ação, com a filosofia distópica dos mundos pós apocalípticos.
Quanto as pessoas que são engajadas na história do mangá, não se sabe muito bem o que pode acontecer e nem esperar de suas opiniões pessoais, pois adaptações de animes e mangás se tornou um trauma na vida dos otakus, mas será difícil ter uma grande decepção por esse filme, porque se ele não for fiel, pelo menos é uma adaptação diferenciada e épica do mundo de Alita, seja ele mais um cyberpunk que pode fracassar e um dia se tornar cult, ou até um blockbuster divertido.
NOTA DO EDITOR: Em breve sai nosso REVIEW COM SPOILERS – e na visão de quem leu o mangá. Fiquem ligados! 😀