Gertrudge Pridgett, mais conhecida como Ma Rainey foi uma das pioneiras do blues e uma das primeiras a ter um disco gravado entre os cantores afro-americanos. Ela foi uma das maiores influências para muitos cantores blues que descenderam daquela época, apelidada de “A Mãe do Blues”, esse momento histórico de seu disco gravado é a base de um dos mais lindos filmes de 2020 da Netflix: A Voz Suprema do Blues. O acervo histórico sobre o pioneirismo do blues, é uma aula sobre a luta antirracista, divertido e dramático que se coloca como um dos melhores filmes de seu catálogo.

Antes de mais nada, destaquemos o elenco, pois foi a última produção que Chadwick Boseman esteve presente, ao lado de Viola Davis se viu a maestria da atuação em tela, não desmerecendo os outros nomes do elenco, apesar de ser um filme com um peso histórico e reflexivo, ele têm um desenvolvimento bem simples. Como nada é tão surpreendente na história até chegar o plot, o elenco carrega o filme nas costas com atuações e diálogos bem costurados quando a mesma se mostrava mais branda, parecia que o filme se perdia um pouco, mas foram momentos mínimos, o conjunto da obra é sensacional.

Talvez esse miolo do filme se mostrou mais interessante no seu visual, mas o que te prende é o modo como uma artista do tamanho de Ma Rainey era tratada mesmo sendo quem ela era no mundo da música. A primeira impressão será mal interpretada como grossa ou má educada, isso é uma lição para o cotidiano que assusta, pois basta um momento de fraqueza e todo branco vai pisar no negro, demonstrado brilhantemente em tela. Prece sutil, mas está tão escancarado o exemplo de racismo no filme que só falta desenhar.

É lógico que a maestria desse filme tinha que estar nas mãos de um grande nome, ou nesse caso três, Todd Black, conhecido pela franquia O Protetor encabeça a direção ao lado de Dany Wolf, responsável pelo reboot de Karate Kid, e nosso querido Denzel Washington que está de volta. Não foi a primeira vez que o saudoso ator exerceu a profissão de diretor, vide Voltando a Viver (2002), O Grande Desafio (2007) e Um Limite entre Nós (2016), todos incríveis.

Então, pode-se dizer que graças a direção e ao elenco esse filme foi um primor de excelência e um auge de perfeição, é muito difícil destacar um único nome, porque a simplicidade da trama é coberta pela direção, roteiro e elenco, digo isso porque a simplicidade torna o filme desinteressante em alguns pontos, aqui foi muito bem apresentado e orquestrado em tela.

A Voz Suprema do Blues pode não ser grandioso em desenvolvimento, mas é sobreposto pela excelente atuação de Boseman e Davis, ensina sobre como o racismo se mostra presente em nossas vidas e a importância da luta, demonstrado pelo elenco e pela direção, colocam esse filme em um nível ganhador de Oscar.