Levou tempo para que a ideia de adaptar KinnPorsche saísse do papel. Acontece que o BL, vindo de uma novel bastante conhecida, enfrentou resistência por parte dos patrocinadores em decorrência de algumas passagens polêmicas que envolviam o material original. Entre idas e vindas, e um entra e sai de atores, o drama finalmente estava confirmado para ser exibido em 2022. Não demorou muito para que a série logo se tornasse, sem nenhum exagero, uma das mais aguardadas da história das adaptações BLs.

Preservando vários dos aspectos que fizeram a novel ganhar um status polêmico, KinnPorsche teve início a partir de uma produção colossal, com uma equipe repleta de profissionais dedicados em dar vida ao que antes parecia quase impossível de ser feito. Com três diretores trabalhando em diferentes frentes ao longo de 14 episódios, a série, antes mesmo de ir ao ar, já havia batido qualquer outra no quesito grandiosidade.

Enquanto fugia, Kinn (Mile Phak Hum) esbarra com Porsche (Apo Nattawin), um barman com habilidades especiais e que, naquele momento, acaba o salvando de uma enrascada. O que Porsche não esperava, é que ele tinha ajudado o filho do chefe de uma das maiores máfias da Tailândia. Após isso, vemos o desenrolar de uma história cheia de ramificações e conflitos que dão início ao conto épico de um amor banhado por ação e uma pitada de humor.

Entrelaçando diferentes arcos sem perder o rumo, KinnPorsche vai do romance inocente de Porchay (Barcode Tinanasit) por Kim (Jeff Satur), até a tortuosa, tóxica e sádica relação entre Vegas (Bible Wichapas) e Pete (Build Jakapan), que juntos causaram os maiores debates da série nas redes sociais. Com a problemática instaurada, o instinto provocativo da obra parecia ter dado certo. Afinal, com qual olhar deveremos observar essa questão?

Fato é que apesar de ter casais secundários chamativos a beça, o principal, formado por Kinn e Porsche, é, sem sombra de dúvidas, o mais importante. Com química e uma entrega fenomenal por parte dos atores Mile e Apo, o ship consegue ir além do esperado a todo instante, principalmente nas cenas explícitas, em que o conteúdo homoerótico não é contido em momento algum. O tom realista, consegue tornar tudo abundantemente excitante.

Contrapondo algumas características típicas dos BLs tailandeses, KinnPorsche não se limita a seriedade da proposta de retratar apenas violência gráfica, com muito sangue e afins. A obra também conta com um humor sutilmente desenvolvido nas entrelinhas, um recuso utilizado para tornar o BL acessível ao público desacostumado com essa premissa, o que parece ter dado certo.

Contudo, mesmo rendendo alguns elementos assertivos e, de certa forma, inovadores se formos considerar o contexto em que o BL se encontra, KinnPorsche está longe de ser perfeito. O drama, na maioria das vezes, se encontra com falhas específicas, tipo reviravoltas irrelevantes para a trama central e episódios batidos que só afetam o ritmo da história. Além disso, podemos notar também um amadorismo em cenas de ação, como a péssima ornamentação de explosões cenográficas e disparos de armas de fogo que parecem desafiar as leis da física.

No mais, a excelente fotografia assinada por Maneerat Srinakarin, que fez um ótimo trabalho em I Told Sunset About You, se revela o maior acerto da produção. Sem este elemento, é difícil imaginar a forma que KinnPorsche teria se saído, uma vez que o roteiro, a direção e outros demais aspectos, permanecem na linha do aceitável, mas nunca parecem se destacar quanto ao trabalho de iluminação que dá vida e emoção nos melhores momentos.

Por fim, após semanas ocupando o topo dos assuntos mais comentados no Twitter em diversos países, uma recepção calorosa por parte dos fãs e transmissões feitas em salas de cinema, é inegável que KinnPorsche tenha sido um sucesso. Iniciando na promoção e divulgação, tudo feito aqui, é um show de elevação que promete transformar a indústria de adaptações BLs tailandesas para sempre.

REVIEW
KinnPorsche
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Matheus José
Graduando em Letras, 23 anos. Crítico e redator, já passou por publicações nos sites Jornal 140/ VIUU, Suco de Mangá, BoysLove Hub e Aquele Tuim.
kinnporsche-reviewEm KinnPorsche, série tailandesa, conhecemos Kinn (Mile Phakphum Romsaithong), o filho de uma máfia poderosa. Uma noite, o jovem é surpreendido por inimigos e acaba tendo que fugir, até esbarrar em Porsche (Apo Nattawin Wattanagitiphat), um estudante e garçom de meio período que viu toda a confusão. Por se tratar de um rapaz atlético e que demonstra exímia habilidade em artes marciais, Kinn oferece dinheiro em troca da proteção de Porsche. Porsche sente medo da realidade de Kinn, principalmente quando pensa que pode acabar colocando seu irmão, Porchay (Tinnasit Isarapongporn) em perigo. Porsche se sente aterrorizado com as ameaças que Kinn oferece a si mesmo e as pessoas em seu redor, mas aceita o trabalho como guarda-costas. Aos poucos, os dois se aproximam e desenvolvem sentimentos fortes um pelo outro. Contudo, muitos mistérios envolvem o futuro de Kinn e Porsche, obstáculos que irão testar o amor improvável entre os dois.