RIIZE é, de longe, o grupo que mais sofreu com a má gestão da SM Entertainment até hoje. Primeiro, porque, ao contrário de todos os outros atos da empresa — independentemente da geração ou do momento em que debutaram — eles não conseguiram emplacar nenhum sucesso comercial ou sequer lançar algo que chamasse atenção de quem observava de fora.
Somam-se a isso polêmicas e cancelamentos virtuais que impactaram diretamente a formação do grupo, gerando um desfalque que sufocou ainda mais o projeto e o que ele propunha. Seus lançamentos, depois de “Impossible”, tornaram-se cada vez menos interessantes. Parecia, de fato, o fim precoce do RIIZE — um ato falho inédito vindo da empresa que praticamente moldou o k-pop, sempre conhecida por lançar grupos perfeitamente ajustados ao gênero, tanto artística quanto comercialmente.
ODYSSEY, contrariando todas as expectativas, é um atestado positivo da contravenção: um acerto incalculável que finalmente posiciona o RIIZE ao lado de veteranos como EXO, NCT e SHINee quando o assunto são bons discos.
O controle criativo do RIIZE
Primeiro, porque é um trabalho pensado, calculado e construído para ser exatamente o que é. Pode parecer contraditório, mas há aqui um nível de controle criativo que vinha fazendo falta nos lançamentos recentes do grupo e da própria SM. É por isso que nada soa novo ou refrescante, e isso é ótimo.
É, acima de tudo, uma revirada no acervo sonoro da SM, com referências claras a grupos masculinos de outras gerações. “Bag Bad Back”, por exemplo, remete aos momentos mais intensos e doentios do NCT no hip hop, com batidas pesadas e graves marcantes. A estrutura geral do disco também remete a álbuns como The Misconceptions Of Us, do SHINee, por conter essa variedade e ser muito bem direto na intensa variação de temas (musicais e líricos) propostos.
Chama atenção a diversidade de sons que, mesmo variados, nunca soam dispersos. O controle criativo parece unir todos os elementos: som, letra, ritmo e conceito. Parte desse sucesso está nas melodias vocais, marca registrada da SM, especialmente evidentes em faixas como “Fly Up” e nas baladas “The End of the Day” e “Inside My Heart”.
Um passeio pelo k-pop com ODYSSEY
Há harmonizações vocais o tempo todo, como se fosse um coro. Esse cuidado remete diretamente ao EXO, referência máxima em tratamento vocal em grupo. E, ainda que esse trabalho vocal não seja o único critério para julgar um artista, ele é um dos pilares do pop sul-coreano, sustentáculo da indústria como a conhecemos.
É justamente aqui que ODYSSEY ganha pontos extras. Ao revisitar o acervo da SM, o RIIZE, instintivamente, também revisita a história do k-pop. E em um momento de crise criativa no gênero, usar essa bagagem como referência é não só válido, mas necessário. Por isso, o disco funciona tão bem: vocais, melodias e ritmos são tratados com produção de ponta. Baladas e faixas agitadas convivem em harmonia. É, sem dúvida, um acerto e tanto.
Saiba mais no SITE OFICIAL.
