Quando a FromSoftware anunciou Elden Ring Nightreign, a internet quase pegou fogo. Um spin-off misturando a fórmula Souls-like com elementos de Battle Royale e Roguelite? Parecia uma receita para o desastre. Depois de algumas semanas testando intensivamente o jogo, posso dizer que a realidade é bem mais complexa do que imaginávamos. Vamos para o Review!
Nightreign chegou em maio de 2025 como uma experiência completamente diferente do aclamado jogo original. Ao invés do mundo aberto épico que conhecemos, temos expedições cooperativas de 15 (sendo bem rushado) a 45 (nas runs que dão trabalho) minutos onde equipes de até três jogadores enfrentam Lordes da Noite em cenários que misturam o familiar com o novo. É basicamente Elden Ring encontrando Fortnite, mas com a seriedade, se assim podemos dizer, característica da FromSoftware.
A Experiência Cooperativa que Realmente Funciona
Vamos começar pelo que Nightreign faz de melhor: o modo cooperativo. Jogar em trio é genuinamente uma das experiências mais divertidas que tive em jogos da FromSoftware nos últimos anos. A dinâmica muda completamente quando você pode contar com aliados para reviver, coordenar estratégias e combinar as oito classes disponíveis (seis já de cara) de formas criativas.
Cada “Notívago” (como são chamadas as classes) tem três habilidades únicas: uma passiva, uma ativa e uma suprema devastadora. A variedade é impressionante e realmente incentiva você a experimentar diferentes combinações. Teve uma sessão onde jogamos com um tanque, um curandeiro e um DPS puro que me lembrou dos melhores momentos de MMORPGs clássicos, mas com toda a intensidade de um Souls-like.
O sistema de revive é crucial aqui. Diferente dos jogos principais da FromSoftware onde a morte é permanente e solitária, Nightreign permite que seus aliados te tragam de volta à vida, criando momentos épicos de resgate no meio de batalhas intensas. Isso não torna o jogo fácil – ainda é FromSoftware, afinal – mas adiciona uma camada estratégica que funciona perfeitamente para a proposta cooperativa.
O Combate Continua Excelente (Obviamente)
Falando em combate, a FromSoftware não decepciona. As mecânicas permanecem rápidas, precisas e brutalmente satisfatórias. Os desenvolvedores conseguiram adaptar o sistema de combate clássico para situações mais dinâmicas e caóticas do Battle Royale sem perder a essência que faz esses jogos serem especiais.
As batalhas contra os Lordes da Noite são verdadeiros espetáculos. Mesmo sabendo que muitos desses chefes são reciclados de Dark Souls e do Elden Ring original, enfrentá-los neste novo contexto cooperativo os torna completamente diferentes. Um bichão que você conhece muito bem se torna uma experiência totalmente nova quando três jogadores coordenados podem atacar simultaneamente de ângulos diferentes.
A direção de arte continua a mesma, mantendo aquela estética única de pintura fantástica que a FromSoftware domina. Mais impressionante ainda é a trilha sonora, que está muito mais presente do que nos jogos anteriores. Durante as batalhas de chefe, a música realmente te coloca no clima épico, criando uma imersão que às vezes me fazia esquecer que estava jogando um spin-off.
O Problema Gigantesco do Modo Solo
Agora vem a parte complicada. Se você está pensando em jogar Nightreign sozinho, pare agora e reconsidere. A experiência solo é simplesmente frustrante de uma forma que chega a ser injusta. O jogo foi claramente balanceado para três jogadores, e tentar enfrentar os desafios sozinho é como tentar dirigir um carro projetado para três motoristas.
A dificuldade no modo solo não é aquela dificuldade “justa mas desafiadora” que esperamos da FromSoftware. É desproporcional, punitiva e, francamente, pouco divertida. Mesmo após uma atualização que adicionou um sistema de “auto-revive” para jogadores solo, a experiência continua sendo uma sombra pálida do que o jogo oferece em cooperativo.
Isso é particularmente frustrante porque muitos fãs da FromSoftware preferem a experiência solitária e contemplativa dos jogos da empresa. Nightreign simplesmente não foi feito para eles, e isso fica dolorosamente claro a cada morte desnecessariamente punitiva.
A Questão do Conteúdo Reciclado
Um dos aspectos mais controversos de Nightreign é a quantidade massiva de conteúdo reciclado. Estamos falando de mapas, inimigos, chefes e até mesmo mecânicas diretamente tiradas do Elden Ring original e dos jogos Dark Souls. Para alguns, isso é uma celebração nostálgica da obra da FromSoftware. Para outros, é preguiça disfarçada de fan service.
Pessoalmente, fiquei no meio termo. Há momentos onde revisitar áreas conhecidas com uma nova perspectiva cooperativa é genuinamente divertido. Mas também há momentos onde você pensa “sério, de novo esse chefe?” A sensação de novidade que esperamos de um lançamento novo simplesmente não está sempre presente.
O problema não é necessariamente a reutilização em si, mas a proporção. Quando a maior parte do que você está vendo é familiar, começa a parecer mais uma expansão cara do que um jogo novo. E falando em preço, os R$ 200 podem parecer salgados quando você percebe o quanto do conteúdo já conhece.
Problemas Técnicos que Não Deveriam Existir em 2025
Para um jogo lançado em 2025 e focado totalmente em multiplayer, Nightreign tem problemas de conectividade que são simplesmente inaceitáveis. A ausência de cross-play é bizarra – como você lança um jogo cooperativo moderno sem permitir que amigos em plataformas diferentes joguem juntos?
O netcode P2P resulta em problemas constantes de desync e desconexões, especialmente se algum membro da equipe tem uma conexão instável. Tive várias sessões interrompidas nos primeiros dias por problemas técnicos que poderiam ter sido evitados com uma infraestrutura mais robusta. Houve uma melhora nos servidores depois, mas o perigo d’eu levar um shadowban por conta de server kick era iminente.
Mais frustrante ainda é a completa ausência de chat de voz ou texto integrado. Em um jogo onde coordenação é essencial, você precisa depender de Discord ou outras soluções externas para se comunicar adequadamente. O sistema de “marcação” do jogo é primitivo e inadequado para a complexidade das situações que você enfrenta.
A Progressão que Não Convence
O sistema de progressão baseado em relíquias aleatórias funciona, mas não empolga. Diferente da construção meticulosa de builds que caracteriza outros jogos da FromSoftware, aqui você está muito mais à mercê da sorte do que da estratégia. Isso pode funcionar para alguns jogadores que gostam da imprevisibilidade, mas para quem gosta de planejar e otimizar builds, pode ser frustrante.
A falta de personalização visual dos personagens também é decepcionante. Uma das alegrias dos jogos Souls é criar seu personagem único e vê-lo evoluir visualmente. Em Nightreign, você está limitado às oito classes predefinidas, o que reduz significativamente o senso de propriedade sobre seu avatar.
Veredicto: Um Jogo de Nicho que Funciona em Condições Específicas
Elden Ring Nightreign é um jogo genuinamente confuso de avaliar. Quando funciona – ou seja, quando você está jogando com dois amigos em uma conexão estável – é uma experiência fantástica que combina o melhor da FromSoftware com uma nova abordagem cooperativa refrescante.
O problema é que o jogo só funciona nessas condições específicas. Tire qualquer elemento da equação – jogue solo, tenha problemas de conexão, ou simplesmente canse do conteúdo reciclado – e a experiência desmorona rapidamente.
É um jogo que parece ter sido feito para um público muito específico: grupos de amigos que jogaram Elden Ring juntos e querem uma experiência cooperativa mais focada. Para esse público, Nightreign é provavelmente uma compra obrigatória. Para todos os outros, é um título que você deve considerar cuidadosamente antes de investir.