Um ser visto como um deus, retratado em diversas culturas, mitologias e crenças. Símbolo de vitalidade, liberdade e fartura. Eles são o foco de Centauros, um mangá intrigante, engraçadinho e pesadíssimo da Conrad.
Lançado em 2017 no Japão, a editora trouxe ele em uma edição big, reunindo dois volumes em cada um. Ou seja, a obra terá três volumes aqui no Brasil, com mais de 350 páginas cada.
Além disso, essa é a primeira publicação de Ryo Sumiyoshi, mesmo autor de MADK, uma história de amor entre homem e demônio. Inclusive, muito avaliada pelos fãs e pelo Suco.
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Enfim, vamos falar de Centauros, história com a mesma medida de amor e violência.
Enredo
O tema central do mangá é a convivência conturbada entre centauros e humanos. Muito tempo atrás, essas duas espécies viviam em harmonia e os humanos até mesmo veneravam a criatura.
Contudo, com a sede por poder e terras, as pessoas começaram a capturar, escravizar e usar os centauros como armas de guerra. Agora, eles amputam seus braços, os batem e deixam com fome até que percam a esperança e se tornem “adestrados”.
Então, tentando salvar seu filho de um exército, o grande centauro ruivo conhecido como Iwatora foi capturado por Kohibari, o mais rápido dos centauros.
Já em sua cela, Iwatora luta desesperadamente para escapar e recebe uma proposta de ajuda. Assim, começa a saga por sua liberdade e pelo seu povo.
Ele conseguirá se libertar dos humanos e trazer justiça aos centauros? Ou essa é uma guerra há muito tempo perdida?
Luta por direitos… centauros?
Primeiro, eu já achei Centauros uma obra sensacional pela sua proposta. Retratar escravidão, abuso sexual, estresse pós guerra e outros tabus não é uma tarefa fácil, mas Ryo Sumiyoshi conseguiu lidar com isso até que bem, ao meu ver.
Aqui, o ponto central de toda a história é a crueldade e as injustiças que os humanos fizeram com esse povo, tirando-os de suas terras, obrigando-os a servir, batalhar e ceder às suas vontades, sendo comercializados como se fossem mercadorias e vistos como meros instrumentos para usarem como bem entendem. Parece familiar? Pois é.
Nesse sentido, não é uma história fácil de ler. Se você tiver a mínima noção de história, direitos humanos e noção da realidade, vai ter muita coisa pra refletir e digerir.
Pontos positivos e negativos
Agora, vamos aos aspectos que fortaleceram e outros que enfraqueceram Centauros.
Primeiro, eu gostei as relações em si. Os laços de amizade, de amor e confiança aqui são muito importantes. Ao longo da história inteira, as relações que os centauros possuem com os outros é fundamental, até mesmo decisivas no desenrolar da trama.
Os personagens principais possuem profundidade, passado, fraquezas, inseguranças e emoções muito reais. São muito “humanos”, mas tenho críticas à forma como algumas relações se desenvolveram.
Sendo bem sincera, acho que só não existiu um casal gay ali porque o mangaká ficou com medo de explorar mais uma questão polêmica. O que, obviamente, não devia ser.
De qualquer forma, achei que as personagens femininas não foram muito exploradas, pra variar. Elas são o típico apoio pro desenvolvimento dos homens, sem muita profundidade ou vontade própria.
Por isso, todos os casais que se formaram não fizeram sentido, são superficiais, forçados e apenas pra justificar o andamento da história.
Inclusive, esse é outro ponto. Quando eu cheguei no fim do volume um fiquei assim….. Mas o que aconteceu aqui? Acho que o autor deu um passo muito ousado que pode dar certo ou não. Ele podia ter explorado uma infinidade de coisas naquele contexto, mas preferiu seguir por um caminho meio brusco. Enfim, estou ansiosa pra ler o volume dois e ver o que nos aguarda.
Agora, falando da edição e não da história, Conrad, senti falta do marcador de páginas. Principalmente por ser um mangá grande assim, realmente precisava de um.
Traço bem “imaturo”
Fiz um tópico exclusivo pra falar sobre isso, pois achei necessário.
Como dito acima, Centauros é a primeira publicação de Ryo Sumiyoshi e isso fica nítido em quase todas as páginas. Dá pra ver que o traço do mangaká precisava se desenvolver, sendo meio inexperiente, confuso e até mesmo simples.
Nas cenas de ação, não foram todas em que eu entendi 100% do que estava acontecendo, sendo que algumas pareciam apenas borrões e traços aleatórios.
Em compensação, cenas estáticas e personagens em destaque são belíssimos. A anatomia dos centauros é linda, o design de personagens é incrível, eles são únicos, originais e encantadores.
Enfim, das primeiras às últimas páginas já conseguimos ver a evolução do desenho, então acredito que a tendência é melhorar.
Expectativas
Resumindo tudo, até o momento Centauros se mostra uma obra sensacional. Eu sentei pra ler apenas um capítulo e quando percebi estava na metade do mangá. Simplesmente não consegui parar de ler, a história me prendeu de um jeito que eu só queria mais e mais.
Não é um mangá perfeito, claro que não, mas é muito bom e vale muito à pena. Enredo bem desenvolvido, personagens marcantes e cativantes, reflexões necessárias e um pouquinho de risadas pra descontrair. Estou doida pra ver o volume dois.
Então, te convido a conhecer essa história e se juntar na luta pelos Centauros.