Dez segundos é o suficiente para se divertir. Ao menos é o que Mullet MadJack prova. Desenvolvido pela HAMMER95, o game é um poço sem fim de nostalgia e um campo livre de experimentação, um verdadeiro orgulho nacional.
Mullet MadJack, uma ode aos anos 90
Como Jack, um MODERADOR de uma megacorporação que entretém seus fãs com matanças transmitidas, você precisa resgatar a princesa — aparentemente uma celebridade da internet — que está sempre 10 andares acima.
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O jogo usa e abusa da estética noventista, desde o nome “mullet”, popular corte de cabelo do período, até o visual inspirado por clássicos como Akira e objetos que farão qualquer millenial perguntar: o que é isso? Videocassetes, disquetes, tamagochis e outros objetos icônicos são parte integral da direção de arte do jogo — impecável, por sinal.
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Então, é nesse contexto, e com meros 10 segundos no relógio, que o jogador precisa navegar os andares e enfrentar inimigos para resgatar a princesa. Tal qual Doom, o jogo preenche a tela com um caos controlado.
Elementos de plataforma, tiro em primeira pessoa, power ups, melhorias ao final de cada fase… tudo isto é brilhantemente orquestrado e a jogabilidade flui sem percalços. Entretanto, o jogo é bastante punitivo. Se você perder, volta para o primeiro andar da fase.
Teste, teste e teste
Como todo bom jogo, experimentação é um valor necessário para manter o público entretido. Katanas, metralhadoras, armas de plasma… o que você pensar, é capaz de ter.
Algumas delas têm uma curva de aprendizado maior. A katana, por exemplo, exige maior exposição, o que pode levar a mais mortes. Essa dificuldade, ou facilidade, de vencer com determinadas armas, pode tornar o jogo monótono para algumas pessoas, mas ao dominar o estilo de jogo de cada uma, MadJack brilha no seu máximo.
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Por isso, testar cada uma delas não só é interessante, mas aumenta a replayabilidade do game. Limpar o cenário com uma metralhadora pode ser divertido, mas cortar robôs ao meio com uma espada tem um quê especial.
Atrás do caos, Mullet MadJack é pura crítica
Por trás do caos das matanças como Jack, o game crítica nosso estilo de vida, amplamente ligado a internet e a necessidade de consumir. O jogo comenta isso de forma direta, ácida e muitas vezes dolorsa, como quando o antagonista pergunta se você está fazendo isso por um par de tênis novo.
O jogo abraça o glorioso caos que impõe e tece comentários sobre a internet, consumismo, egoismo, inteligência artificial e pelo quê realmente vivemos.
Veredito
O estúdio HAMMER95 entregou um dos melhores jogos do ano e, ao menos até o momento, merece estar no The Game Awards, ao menos nas categorias direção de arte e jogo independente, com chance de vitória.
Caótico, belo, ácido e um orgulho do desenvolvimento nacional.