Não é segredo para ninguém que eu sou uma grande fã da NewPOP. Isso é principalmente por ela sempre apostar em títulos menos conservadores e inovar quando o assunto é novos tipos de publicação no Brasil. Então, recentemente a editora divulgou a aprovação de algumas novas capas. Eu quase cai no chão quando vi um título que eu já conhecia, mas jamais esperaria que chegasse aqui: MADK.
O pacto do garoto e do demônio
Makoto é um estudante que acaba de fazer um tipo de invocação demoníaca. Seu trabalho chama o arquiduque do inferno “J”, e os dois selam um contrato: Makoto irá oferecer sua alma, desde que J permita que o jovem o devore. Sim, literalmente.
O garoto vive em conflito quanto aos seus desejos macabros. Não tendo medo da morte, ele quer devorar um demônio antes que parta dessa para melhor. Durante o período em que Makoto lentamente come as entranhas de J, os dois acabam se aproximando.
Então, quando o estudante finalmente se dá por satisfeito, o demônio cumpre sua parte e leva a alma de Makoto direto para o inferno. Entretanto, a morte não é o que o espera. J tem outros planos para o garoto, e agora Makoto começa uma dolorosa trilha até sua transformação em um demônio igual a J.
Violento e gráfico
A história — dividida em três volumes — é belíssima e assustadora. Em geral, quando estamos falando de tramas que envolvem o tema de sobrenatural com demônios, temos uma visão violenta, mas também romantizada.
MADK não é nada disso.
Ryo Suzuri leva muito a sério o assunto de demônios e inferno conforme escreve a trama. Os temas abordados pelo título são pesadíssimos. Passam pela prostituição, abuso, traumas físicos e mentais, até o constante body horror acompanha essa trama de evolução pessoal e vingança.
A obra foi classificada pela NewPOP como boys love, e eu fui verificar se outras editoras também tinham optado por esse gênero. Realmente o fizeram; porém, eu sou de outro tipo de pensamento. Mesmo que o título aborde o relacionamento entre dois “homens”, e ainda exista romance, para mim MADK é muito mais um thriller de horror, em que o amor é um aspecto importantíssimo, mas não o suficiente para definir como boys love.
Mas daí é somente minha opinião.
Fantástico e macabro
MADK é incrível. É uma obra que aborda de maneira fantástica o tema de inferno, demônios e monstros. Sua trama, incrivelmente envolvente, estabelece regras para esse universo e usa dessas mesmas regras para desenvolver um roteiro sobre a construção pessoal da individualidade, a importância do reconhecimento pelos outros e por nós mesmos.
Eu particularmente gosto da relação de Makoto e J porque ela não é romantizada (até certo ponto). J faz absurdos com Makoto, e o garoto – que aos poucos vai evoluindo em um demônio – não perdoa esse passado, ao mesmo tempo em que vive em conflito com também a melhor coisa que já aconteceu na vida dele: a aceitação de quem ele realmente é.
Extremamente violento, MADK não é uma obra que é fácil de ser digerida, e por esse mesmo motivo eu fiquei tão surpresa quando vi que seria publicada aqui no Brasil. Afinal, é um título bastante chocante e nem um pouco adequado para “o grande público”. Não me surpreenderia se alguns dos leitores fossem atraídos pelas artes belíssimas e acabassem largando o título ao se darem conta da brutalidade da história.
Aqui no Brasil
É um título que eu faço questão de ter na minha coleção.
Envolvente, trágico e assustador, MADK é um mangá que irá agradar muitos, mas também apavorar outros. É uma obra mais densa, que foge dos estereótipos de boys love água com açúcar que vemos por aí. Uma trama gráfica e apaixonante sobre a evolução de um homem no seu caminho demoníaco.
Sem uma data ainda definida, MADK será lançada pela editora NewPOP, no que eu acredito ser ainda esse ano, tendo em vista que as capas dos três volumes já foram aprovadas.