Jaqueline
    Jaqueline
    Um pouco avoada, a doida das teorias da conspiração e leitora compulsiva do Nome do Vento. Adoro escrever sobre aleatoriedades, observar a natureza e ser engraçadinha em momentos impróprios, afinal esse é meu jeito ninja de ser.

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    A Lenda de Musashi | Review

    Dificilmente alguém que gosta de cultura japonesa nunca ouviu o nome desse bushi. Uma lenda que existiu e fez história na arte da espada no Japão. É dele o mangá que vamos ver hoje, A Lenda de Musashi, mais uma publicação inigualável da Pipoca & Nanquim.

    Quem escreveu o texto da obra foi o roteirista Mamoru Sasaki e o desenho é de Goseki Kojima. Sim, o mesmo desenhista que fez Lobo Solitário e Kogarashi Monjirou, outra publicação maravilhosa da P&N.

    Inclusive, dá pra reconhecer de longe o traço característico de Goseki, abusando dos rabiscos e apostando em feições severas.

    Contracapa do mangá | Pipoca & Nanquim | Suco de Mangá

    De qualquer forma, a história desse mangá tem uma proposta um pouco diferente. Afinal, são inúmeros mangás, livros, filmes, novelas e peças que contam a juventude de Musashi até seu glorioso auge. Porém, como foi a sua vida após chegar “no topo”?

    É a partir desse ponto que Mamoru começa a escrever sobre o bushi, até chegar em seus últimos momentos de vida.

    Além disso, o mangá foi uma celebração dos 50 anos do romance épico Musashi, de Eiji Yoshikawa, em 1985. Então, considerando o peso da sua história e a qualidade dos dois artistas que o fizeram, ele chega no Brasil no padrão luxuoso do selo Drago da Pipoca & Nanquim.

    Com sobrecapa com verniz localizado, marcador de página e cards colecionáveis, essa publicação é uma peça de ouro da editora.

    Cards colecionáveis, dois de Kogarashi Monjirou | Pipoca & Nanquim | Suco de Mangá

    Enredo

    Como dito anteriormente, a história de A Lenda de Musashi realmente começa no ponto alto da vida do bushi (só pra lembrar, bushi é como chamamos os japoneses que dominam as artes marciais, em especial a espada). A fatídica batalha com o clã Yoshioka, quando Musashi derrotou um clã inteiro sozinho. 

    Assim, vemos a chama, a fúria e a selvageria no olhar do bushi. É um olhar quase insano, determinado a fazer a vontade de sua espada se sobrepor a outras.

    Porém, ainda com o coração inquieto, Musashi busca entender melhor o espírito da sua arma e seu estilo de luta. Afinal, ele é o primeiro bushi a usar duas espadas para lutar, criando um estilo só seu.

    Além disso, junto da busca por si mesmo ele anseia mostrar ao mundo que sua espada é a melhor que existe.

    Caminhada até si mesmo

    Então, seguimos as andanças de Musashi pelo Japão. Vemos ele desafiar e ser desafiado pelos melhores samurais que existem. Por um momento, até conseguimos ver o bushi amolecer seu coração por uma mulher, que infelizmente não conseguiu manter ao seu lado.

    Cruzando com pessoas históricas e outras comuns, Musashi melhora sua técnica e afia seu espírito. Sempre cheio de sabedoria, orgulho e honra, ele segue evoluindo.

    À medida que os anos passam, aquele olhar incendiado vai se amornando, dando lugar pra olhos duros e determinados. Musashi passa a compreender o melhor caminho para sua vida, refletindo se a alcunha de ter a melhor espada do mundo realmente só o traria benefícios.

    Musashi nos anos mais avançados de vida | Pipoca & Nanquim | Suco de Mangá

    Assim, entre convites para ser instrutor oficial de espada, duelos e conversas, ele aprende um pouco com cada um que cruza seu caminho. Em estradas solitárias e algumas cheias de sangue, Musashi segue em frente até se encontrar.

    Então, na reta final de sua vida, ele sabe que precisa compartilhar sua sabedoria para além do riscar das lâminas. Assim, deixa em escrito o seu legado.

    Uma história envolvente

    Não sei se é a forma com que foi contada ou se é a história em si, mas eu me envolvi com esse mangá até ver a última página dele.

    É instigante ver a caminhada de Musashi após seu auge, procurando encontrar a honra, o reconhecimento, paz ou autoconhecimento que vem após o topo. O que mais me impressiona é que essa figura extraordinária realmente existiu.

    Inclusive, muitos personagens são pessoas que realmente fizeram parte da história do Japão — mais um agradecimento à Pipoca & Nanquim, que nos dá uma aula de história com as notas explicativas. Esse aspecto dá um peso inigualável à obra.

    Outro ponto, um detalhe, que eu achei muito significativo foi a arte do sumário. O primeiro capítulo começa em chamas, incandecente, até chegar no último, o resquício da fumaça desse incêndio.

    A Lenda de Musashi Pipoca e Nanquim
    Sumário da publicação, com a chama suavemente se apagando | Pipoca & Nanquim | Suco de Mangá

    Não há forma melhor de ilustrar a tragetória de Musashi. Ele foi um fenômeno, foi o fogo (ou o tigre) selvagem e solto no campo. Porém, com o passar dos anos se tornou a brasa da fogueira, a base que dará lugar a uma nova chama do futuro.

    Gorin no Sho – O Livro dos Cinco Elementos

    Agora, o que tornou A Lenda de Musashi ainda mais rica e completa são os trechos do livro escrito pelo próprio bushi.

    Como mostra na história, Musashi decidiu escrever um livro para perpetuar seu conhecimento e filosofias tanto sobre a arte da espada, estratégias de batalha, quanto sobre a vida.

    Neste mangá, em determinados momentos aparecerem trechos desse livro, chamado de Gorin no Sho – O Livro dos Cinco Elementos. Então, por exemplo, em uma cena de luta, quando Musashi usa determinada estratégia, lemos o trecho do livro que fala sobre ela.

    A Lenda de Musashi Pipoca e Nanquim
    No último quadrinho, um trecho do livro escrito pelo próprio Musashi | Pipoca & Nanquim | Suco de Mangá

    Acredito que isso deu uma carga história e até mesmo uma proximidade com Musashi que não poderia ser de outra forma.

    Conclusão

    Finalmente, se já não ficou claro até aqui eu deixarei explícito: que mangá maravilhoso.

    Particularmente já me interessava pela vida de Musashi, mas ler uma história que mostra o depois do seu maior feito superou as expectativas. No final, eu realmente me arrepiei e fiquei com um aperto no coração por ter terminado. Fiquei com aquele sentimento de “quero ler tudo de novo, não pode acabar”.

    De qualquer forma, algo que me incomoda um pouco no estilo de Goseki é que tem algumas cenas que eu apenas não entendo o que aconteceu. Normalmente nos duelos sinto que o traço dele não deixa os movimentos tão claros, então eu apenas deduzo vendo quem ficou vivo e quem ficou morto.

    Além disso, uma crítica que se entende ao Goseki para outros desenhistas, é que eles sempre tem uma diversidade de personagens masculinos, mas as femininas parecem clones umas das outras. 

    Enfim, são pontos da minha percepção que eu não gosto, mas talvez isso nem faça diferença na sua leitura.

    Por fim, digo que esse é um mangá incrível pra otakus e até mesmo não-otakus. Afinal, é uma obra histórica, que traz anos da vida dessa figura lendária que é Musashi. Também, é rica em conteúdo da história do Japão e de nomes importantes da arte da espada.

    Portanto, conheça mais sobre uma das pessoas mais famosas do Japão, veja a história inédita d’A Lenda de Musashi.

    A Lenda de Musashi Pipoca e Nanquim

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    SINOPSE

    A lenda de Miyamoto Musashi (1584 – 1645), o espadachim que combinava força, técnica e astúcia para conquistar o título de invencível, criador do estilo de luta com duas espadas, já foi contada e recontada em romances, novelas, peças de teatro, filmes e mangás. Muito se fala do período de sua vida que vai da juventude até o auge no duelo contra Sasaki Kojiro, outro mestre da esgrima... Contudo, como foi a vida de Musashi após os feitos tão memoráveis dessa época? Quais experiências, dúvidas e angústias o transformaram para que cultivasse a sabedoria e serenidade com as quais escreveu o Livro dos Cinco Elementos no ocaso de sua vida?
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