O pessoal que me conhece sabe que eu não sou muito fã de League of Legends. Decidi iniciar com esta informação para esclarecer o fato de que não faço ideia de quem são personagens como Ahri, Yasuo ou Darius em 2XKO. Porém, como o maior entusiasta de jogos de luta do Suco, não dá pra eu simplesmente ignorar quando uma das maiores empresas dos eSports decide adentrar este reino!
Anunciado lá por volta de 2019 com o nome provisório de “Project L”, o jogo de luta com os bonecos do League of Legends vinha recebendo poucas atualizações anuais. Então, em 2024 a Riot Games anunciou o nome permanente: 2XKO.
Desde então, demonstrações do jogo rolaram para o pessoal que compareceu presencialmente aos torneios da EVO Japan e nos EUA. Para o mês de agosto, a Riot preparou o que chamaram de “Alpha Lab”, uma demonstração pública do jogo distribuída para alguns jogadores mediante inscrição.
Como quem não quer nada, joguei meu e-mail lá na caixa deles, e não é que recebi uma chave?
Sendo assim, tive a oportunidade de experimentar o 2XKO por um final de semana e tenho algumas impressões a passar para a galera. Vamos lá!
Mecânicas de sistema
Primeiro, para quem não é super entendido nos jogos de luta, 2XKO é o que chamamos de “tag fighter”. Ou seja, você não joga com apenas um boneco, mas sim com um time.
Não é como na série King of Fighters em que o time vai tomando turnos e você só controla um de cada vez. Na verdade, 2XKO é mais parecido com Dragon Ball FighterZ ou Marvel vs Capcom, em que você pode chamar os outros bonecos durante o round para dar assistências e/ou trocar entre eles conforme bem entende.
Além disso, uma novidade em 2XKO, e que praticamente dá nome ao jogo, é que você tem a opção de jogar num modo em que cada pessoa controla um boneco. Infelizmente, não posso falar como é a experiência de jogar com um parceiro de time. Porém, posso dizer que bater em duas pessoas ao mesmo tempo é extremamente satisfatório!
Lobby
Claro que, sendo uma versão teste do jogo, ele veio de forma bem crua. Tivemos acesso ao lobby geral, que lembra muito os lobbies tradicionais de anime fighters como Guilty Gear Strive e Granblue Fantasy Versus Rising, e pudemos criar lobbies privados.
Uma coisa que chamou bastante a atenção — e que espero que outros jogos copiem — é a possibilidade de assistir as partidas que estão acontecendo no lobby sem precisar carregar outra tela de jogo.
Ou seja, o próprio lobby tem um fliperama principal centralizado no qual você pode a todo momento assistir o pessoal jogando. Também, você pode se aproximar dos outros fliperamas com partidas acontecendo e uma telinha pequena se abre com a partida que está rolando. Isso é muito legal para assistir partidas enquanto espera sua vez.
Modo de treino
Tivemos acesso a um modo treino extremamente robusto, considerando o estado alpha do jogo. De fato, gastei mais tempo nele aprendendo as mecânicas do jogo do que em partidas propriamente ditas. Assim, ficou evidente que a Riot preparou um modo treino com base no que há de melhor.
Então, quer saber como fazer um combo gastando uma barra só? Quer colocar o oponente fazendo uma blockstring pra testar onde você deve usar seu pushblock? Ou talvez queira colocar o Darius pra usar o reversal dele exatamente depois de dois hits bloqueados?
Dá pra fazer tudo isso e ser o mais tryhard possível. A única parte ruim dos modos básicos do alpha é certamente o tutorial. Ele existe, mas é um modo bastante superficial e que, de fato, nem explica as mecânicas mais avançadas do jogo.
Habilidades
Dito isso, vamos falar da jogabilidade em si. A princípio, 2XKO é um tag fighter bem tradicional, só que com uma diferença bem evidente: o jogo não possui nenhum comando muito mais difícil do que um botão.
Portanto, seus controles incluem os já tradicionais ataques leves, médios e fortes. Assim como todo boneco possui ao menos dois ataques especiais, mapeados cada um em um botão, sem a necessidade de meias-luas ou movimentos de dragon punch.
Além disso, há um botão que controla o segundo boneco, um macro que habilita dash em um botão só e um botão para parries. Com inspiração nos controles modernos do Street Fighter 6, a Riot também implementou um sistema de direções para determinar diferentes movimentos especiais.
Por exemplo, apertar seu botão S1 faz com que a Ahri atire um projétil em linha reta que vai até mais ou menos meia tela. Já apertar para baixo + S1 faz com que ela solte um de seus orbes de luz, que depois de mais ou menos dois segundos dispara um projétil que vai até o fim da tela, permitindo setups.
Todos os bonecos também têm dois “Supers” e um “Ultimate”, executados apertando duas vezes pra baixo e um dos botões de especial. Ou, no caso do “Ultimate”, os dois botões ao mesmo tempo.
Combo
No entanto, o botão de tag, é a estrela do show. Apertar ele sozinho faz um ataque universal que, caso acerte, joga o oponente pro alto e troca de personagem para você combar no ar com o segundo boneco. O que é útil para criar combos extensos com dois personagens.
Segurar para trás ou para frente enquanto aperta o botão chama uma das assistências do seu segundo boneco. Estas, assim como em outros jogos de tag, variam de acordo com o boneco.
Porém, no 2XKO enquanto seu segundo boneco está na tela fazendo uma assistência, você pode apertar o botão de tag uma segunda vez para trocar para ele, independente da ação do seu primeiro boneco.
Isso permite, por exemplo, que você chame a assistência da Ahri para jogar projéteis contra seu oponente e colocá-lo em blockstun, se aproximar do oponente com a Illaoi e atacar com um leve agachado que deve ser defendido assim, trocar para a Ahri durante seu ataque e, com um air dash e um ataque aéreo forte, forçar o oponente a bloquear um low/overhead.
Essa mecânica, chamada de “Handshake Tag”, é o chamariz central do jogo e que mais desafiará e determinará a criatividade dos jogadores.
Semelhanças com Street Fighter
E as mecânicas avançadas não param por aí.
Para impedir que a ofensiva seja excessivamente avassaladora para os jogadores mais novos, o jogo possui uma mecânica de levantamento universal. Nela, todos os bonecos podem sair do chão com uma bola de energia em que ficam invulneráveis, assim como um EX Shoryuken faria no Street Fighter.
Agora, se você estiver bloqueando uma sequência, também pode usar suas barras para um pushblock. Ou seja, empurrar o oponente para longe após bloquear um ataque, ou usar a mecânica chamada “Retreating Guard”, que te torna invulnerável da cintura pra cima, mas não a ataques baixos.
Finalmente, mais uma vez inspirado pelo Street Fighter 6, você pode utilizar uma das suas barras e apertar seus botões leve + forte para usar um parry, que é invulnerável a todo tipo de ataque e ainda leva o oponente a combo, mas requer tempo específico.
Todas essas mecânicas defensivas prometem um jogo que terá profundidade para os mais ferrenhos jogadores de luta estudarem e criarem estratégias.
Outras mecânicas
Outra coisa que os jogadores mais avançados vão apreciar é a escolha de um “fuse” juntamente com os seus dois bonecos. Basicamente, o “fuse” é uma mecânica que determina como serão as interações entre os seus dois bonecos.
O jogo recomenda que os iniciantes utilizem o “Pulse”, que abre a possibilidade de usar auto-combos apenas apertando um botão. O que faz muito sentido pra quem é novo em jogos de luta.
Porém, nós queremos saber é das outras mecânicas. “2X Assist”, minha favorita, permite usar assistências duas vezes na mesma sequência. Isso dava ao meu time, Illaoi/Ahri, um combo de 70%, usando a assistência em que Ahri atira múltiplos projéteis numa diagonal à frente dela.
Enquanto isso, “Fury” faz seus bonecos causarem mais dano quando chegam a 40% de vida e também dá a eles um dash cancel saído de qualquer normal ou especial.
“Double Down” transforma o jogo de vez em Marvel vs Capcom, permitindo que você cancele supers do primeiro boneco em supers do segundo boneco (também conhecido como Delayed Hyper Cancel, ou DHC, em Marvel vs Capcom). Com isso, abre a maioria dos “toques da morte”, combos que tiram 100% da vida de um boneco.
Finalmente, a mecânica mais avançada, “2X Handshake”, permite que você use “Handshake Tags” duas vezes na mesma sequência. Esta última, sem dúvida, será o poço de profundidade onde os setups mais insanos serão criados.
Personagens
Novamente, eu não conheço super bem personagens de League of Legends. Mesmo assim, por enquanto 2XKO possui uma variedade bem legal de arquétipos de jogo de luta para todos os gostos.
O meu time, de maneira geral, foi utilizando a Ahri e a Illaoi, então comentarei primeiro sobre elas.
Ahri e Illaoi
A Ahri é uma boneca do meu estilo, especializando-se em ter altíssima mobilidade aérea e rushdown com pressão forte. Ela é a única boneca que consegue fazer air dashes para frente e para trás. Além disso, tem um especial em que ela se torna um projétil e pode ir para qualquer uma das oito direções, permitindo movimentação absurda na tela.
Já a Illaoi é o que dizemos ser uma boneca de “setup”. Seus movimentos especiais criam tentáculos que aparecem no chão, e estes podem ser direcionados para bater no oponente ou agarrá-lo com comandos diferentes. Assim, você pode mesclar esses tentáculos com assistências do segundo boneco para criar mixups, mas quando eles não estão na tela, Illaoi é mais lenta e mais difícil que os outros bonecos.
Darius e Braum, Ekko e Yasuo
Por outro lado, Darius é o Ryu do jogo, com combos bem fáceis, ataques que são positivos no bloqueio permitindo um bom jogo de strike/throw. Além disso, é o único reversal invencível exclusivo do jogo.
Em utilização muito comum com Darius, temos o Zangief do jogo, Braum. No caso dele, o jogo gira em torno de normais e especiais lentos, porém com armadura para absorver hits, bem como um agarrão especial que leva a 80% de dano!
Para finalizar, os bonecos que acredito serem os mais técnicos do jogo por enquanto, Ekko e Yasuo.
Ekko possui o poder já famoso do LOL de deixar uma sombra na tela. Então, ao utilizar os movimentos que deixam essa sombra, Ekko pode fazer sequências e usar seu S2 para voltar no tempo e atacar saindo de sua sombra.
Junto das assistências, isso faz com que Ekko seja um boneco de mixup verdadeiramente tenebroso com seu potencial para criar cenários de crossup ou não, overhead ou low, ou mesmo combos saídos de agarrões.
Enquanto isso, o Yasuo é um boneco que lembra muito o Rashid no Street Fighter 6, com seu poder de criar tornados no meio da tela. Porém, ele é na verdade o que chamamos de “stance character”. Afinal, apertando para baixo + S1, Yasuo entra numa posição de espada preparada, do qual vários ataques podem ser feitos, assim como ele pode cancelar estes ataques em dashes pra frente ou pra trás. É o boneco que requer a execução mais difícil do jogo, mas será imparável na mão de jogadores habilidosos.
Conclusão
Confesso que, talvez por não ser super familiar com o universo de League of Legends, 2XKO não estivesse no meu radar tanto quanto alguns dos próximos lançamentos de jogos de luta, como Fatal Fury: City of the Wolves.
Porém, agora que tive a oportunidade de brincar um pouco com o jogo, fiquei surpreso e animado com as possibilidades de profundidade dele. As discussões nas redes sociais e YouTube estão indo na direção de questionar sobre dificuldade e atrair novos jogadores, restando ainda saber o quanto a Riot investirá neste sentido. Mesmo assim, posso garantir que todo mundo terá um joguinho divertido de luta quando o 2XKO sair em definitivo em 2025.
