Você por acaso é uma daquelas pessoas que vive no seu mundinho, e só quer que o mundo acabe em barranco pra você morrer deitado? Se sim, você é como Tanaka-kun. E se você é como Tanaka-kun, certamente vai se identificar e se divertir com as peripécias dele em Tanaka-kun wa Itsumo Kedaruge ( Tanaka-kun is Always Listless) – ou, em tradução livre, “Tanaka-kun está sempre esgotado”.

O anime é baseado em um web mangá da autora novata Uda Nozomi, publicado desde 2013 na Gangan Online, revista online de séries populares como WataMote, Danshi Koukousei no Nichijou e Barakamon. A adaptação está sendo animada pelo estúdio Silver Link, já consagrado por séries de comédia como Baka to Test to Shukanjuu e Non Non Biyori, e apesar de ter enganado a muitos antes da estreia com o seu carão de “série descontraída com episódios curtos”, os episódios tem duração de 24 minutos. Neles acompanhamos os acontecimentos da vida sobre-humanamente parada de Tanaka-kun, e dos amigos que tem mais disposição do que ele. Basicamente.

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Desde o PV inicial, a sensação que tinha era de que Tanaka-kun seria um daqueles slice-of-life extremamente relaxantes e, ao mesmo tempo, uma comédia ironizando o estilo de vida monótono do seu protagonista. Assim, foi com a promessa de acompanhar os dias anormalmente parados de Tanaka-kun que eu comecei a acompanhar esse anime, e como eu, muita gente. A premissa é tão direta que chega a ser original – afinal, anime com protagonistas que fazem vários nadas o tempo todo não é nada de novo, mas ter isso como premissa poderia resultar em uma comédia deliciosamente repleta de ironia. E afinal, quem disse que personagens parados não podem dar comédias excelentes? Vamos lembrar de Tonari no Seki-kun, que com seu protagonista monossilábico conseguiu cativar muita gente em 2014?

Sucede que Tanaka-kun, em três episódios, conseguiu se superar – em muitos sentidos. A sensação de tédio é ainda mais forte em alguns momentos do primeiro episódio, fazendo a infame discussão de “como começar a comer o cone de chocolate” de Lucky Star parecer fichinha. Para quem gosta de séries “pacíficas”, à la Isshuukan Friends ou Haibane Renmei, Tanaka-kun tem muito a oferecer desde o começo: a sensação que a série passa – desde sua arte agradável repleta de tons pastéis, passando pelo character design extremamente adorável, até a abertura fofa que parece ser obra da dupla Sukima Switch, mas não é! – é definitivamente de paz e fofura… a ponto de começar sonolenta. Conhecemos primeiramente Tanaka-kun, o “rapaz em modo de economia de energia”, e também Oota, o melhor amigo que age como uma mãe e praticamente permite que ele continue sobrevivendo apesar de vegetar o dia todo.

Comédia Japonesa

A comédia mostrou ser extremamente bem definida geográfica e culturalmente. Em outras palavras: ela é muito japonesa. Para ser ainda mais exata: às vezes ela não tem graça nenhuma porque ela se baseia em uma outra forma cultural de enxergar essa “monotonia” de Tanaka-kun, que chega a ser terrivelmente niilista, e em outras vezes ela é cheia de referências a clichês de anime. Em resumo, não é para todo mundo, mas quem já é otaku de carteirinha deve reconhecer e gostar do estilo. Um exemplo que me fez rir foi a cena do “eu não quero nem mesmo ser protagonista da minha própria vida”, em que Tanaka-kun fala sobre como “ser figurante é mais legal” e “em alguns casos eles nem mesmo tem rostos”, enquanto o anime mostra vários figurantes sem rosto passando. É esse o tipo de comédia auto-referencial e irônica que Tanaka-kun nos apresenta, mas vinte e três minutos de piadinhas assim parecia ser… algo que simplesmente não se sustentava, pelo primeiro episódio.

No entanto, depois de três episódios ficou claro que o brilho de Tanaka-kun está muito menos no seu protagonista, e muito mais nas pessoas que o rodeiam. Mais similar a um Nozaki-kun que a Seki-kun, Tanaka é um rapaz que simplesmente vive sua vida no modo “economizar energia”, e isso faz com que as personalidades de quem o rodeia fiquem ainda mais evidentes. Nesses episódios iniciais de Tanaka-kun conhecemos personagens como Oota, o melhor amigo que toma conta de Tanaka em todas as circunstâncias e que faz acontecer o ship yaoi forte da coisa toda; Miyano, a pequena genki girl que admira Tanaka por “parecer-se com um adulto com seu jeito indiferente”; e Shiraishi, a garota super-popular que acaba se apaixonando por um protagonista graças a um mal entendido. Todos os personagens apresentados até agora (repito: todos) são extremamente criativos, e as personalidades deles vão além de quaisquer estereótipos. Preciso dizer que me identifico totalmente com a Miyano, apesar de ser muito raro eu me identificar com uma personagem de anime, justamente porque ela é bem única!

O tom da graça é dado acima de tudo pelas personalidades dos amigos do protagonista, e o que eles aprontam ao seu redor nesse slice-of-life escolar bizarro, com algumas reflexões desnecessariamente profundas sobre inatividade em meio a uma comédia muito japonesa, e uma calmaria e fofura que com certeza podem ser entediantes para alguns. Não para mim, com minha velhice e minha carteirinha de otaku.

Por enquanto, tenho considerado Tanaka-kun um slice-of-life divertido e relaxante, que parece se superar a cada episódio, e definitivamente quero continuar acompanhando! Como saber se você deve assistir? Considere: o que acha de uma série escolar com a tranquilidade de um Natsume Yuujinchou, e a comédia e os personagens excêntricos de um Gekkan Shoujo Nozaki-kun? Se isso soa divertido para você, dê uma chance a Tanaka-kun! No mínimo, se você tem mania de apoiar a mão no queixo, vai se auto-avaliar um pouco mais.

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