Interpretando treze personagens, Manifesto mostra a versatilidade da atriz Cate Blanchett. O longa estreia em 26 de outubro nos cinemas brasileiros.

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O bom de ir ao cinema hoje em dia é a diversidade de filmes que existem em cartaz, e existem filmes que precisa de uma atenção maior ao assistir, porque não se trata de longas ao estilo “sessão da tarde”, pois existe um algo a mais, algo além do que está sendo assistido na tela.

Cada vez mais são produzidos filmes desse gênero, que ao decorrer dos anos pode se tornar cult, mantendo assim durante muito tempo o filme em evidência para aqueles que são verdadeiros cinéfilos.

Com direção e roteiro de Julian Rosefeldt, Manifesto não só é um filme genial, como veio em ótimo momento diante a certos acontecimentos envolvendo a arte contemporânea, colocando em cheque a visão conturbada das pessoas, isso se, as pessoas entenderem o que estão assistindo.

Manifesto (Imagem Divulgação)
Manifesto-®Julian Rosefeldt and VG Bild-Kunst 2016

Treze Manifestos

Manifesto é um filme que integra os treze tipos de manifestos diferentes, de muitos artistas diferentes, que são representados por treze personagens, todos feitos pela Cate Blanchett – os quais ficaram fantásticos.

Cada personagem traz a forma de arte mostrada à sociedade, como a arquitetura, futurismo, surrealismo e assim por diante, tudo casando perfeitamente com a fotografia.

Dependendo de qual manifesto se trata, é possível notar referências à modernidade, como na arte do cinema, com duras críticas referente ao modo de como os diretores fazem seus filmes e todas as censuras pelos quais eles passam; além de fazer uma sátira da qual os mesmos nunca são creditados, apenas os atores muito bem pagos.

Cate Blanchett em Manifesto
Cate Blanchett em Manifesto-®Julian Rosefeldt and VG Bild-Kunst

Treze Cate Blanchetts

Cate Blanchett foi perfeita, falta elogios para descrever tamanho talento, em cada um dos treze personagens, todos bem diferentes, não só por simbolismo da arte específica, mas também do discurso sobre a mesma, bem intenso quando se trata do mundo moderno, e algumas vezes dos primórdios da arte, à censura e a falta de criatividade de muitos artistas de todas as áreas especificadas no filme, demonstrando muitas vezes como uma forma de protesto.

Não há um personagem que roube a cena, nem que passe desapercebido, e por mais do foco ser o discurso da Cate Blanchett, deve ser notado o modo e ambiente o qual é feito discurso, de mendiga a mãe de família, ou de professora de teatro a ventríloca, tudo se torna importante da forma que a arte é manifestada.

Cada profissão dos treze personagens estão ditando regra, impondo sua ideologia, onde alguns desses personagens quebram a quarta parede, e depois a ignoram como se nada tivesse acontecido. A atriz pareceu bem envolvida e muito livre em todos os personagens, feitos com perfeição e maestria.

Cate Blanchett como personagem ventríloca em Manifesto
Cate Blanchett como personagem ventríloca em Manifesto-®Julian Rosefeldt and VG Bild-Kunst

Linguagem 

O filme possui um “problema” que acompanha todos os filmes desse gênero, que é a complexidade. Manifesto não é para ser visto como se fosse qualquer um, a linguagem dele é até mais complexa do recente Mãe! (de Darren Aronofsky), porque não há metáforas a entender ou teorias a pensar, em Manifesto, tudo será dito na hora, tudo será mostrado no momento exato.

A linha de roteiro pode confundir quem não estiver preparado para esse filme, pois não há uma ligação de personagens, o filme poderia ser dividido facilmente em treze partes e ser passado de forma separada, mas trata-se de um filme, e não só o roteiro, como linguagem e ideologia do filme é bem difícil, a ponto de afastar as pessoas de assistir o filme, o que provavelmente muitas trará muitas críticas negativas.

Manifesto-®Julian Rosefeldt and VG Bild-Kunst

Manifesto é um filme que irá atrair a maioria dos cinéfilos, e fará refletir e mudar a visão conturbada de qualquer pessoa que reclama da arte sem entendê-la, em qualquer um dos treze tipos.

Mesmo com filme podendo ser um fracasso de bilheteria por causa da sua linguagem complexa, ele agradará a quem quer refletir sobre a arte manifestada em treze aspectos, do impacto cultural que pode causar nas pessoas, e principalmente pela genialidade de Cate Blanchett em seus treze papéis realizados no filme, que certamente irá gerar uma indicação ao Oscar.

 

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Baraldi
Editor, escritor, gamer e cinéfilo, aquele que troca sombra e água fresca por Netflix e x-burger. De boísta total sobre filmes e quadrinhos, pois nerd que é nerd, não recusa filme ruim. Vida longa e próspera e que a força esteja com vocês.
manifesto-reviewOs históricos manifestos de arte podem ser aplicados à sociedade contemporânea? Uma homenagem às declarações artísticas e inovadoras do século XX, dos futuristas e dadaístas ao Pop Art, Fluxus, Lars von Trier e Jim Jarmusch, esta série de reencenações interpretadas por Cate Blanchett explora os componentes performativos e o significado político dessas declarações.