Desde o fim do ano, a galera falando que Death Parade seria o destaque da Temporada de Inverno de 2015.

Confira também: Death Billiards | Review

Não era por menos, já que tinha Madhouse e que seria uma extensão do especial e um dos vencedores do Anime Mirai de 2013, Death Billiards.

Os mortos se divertem?

Então já estou deixando claro que Death Parade FOI o destaque da Temporada de Inverno de 2015, sem nenhuma dúvida.

Até aí ok, mas posso te garantir de que a primeira impressão nos 10 minutos iniciais do episódio debut foi um tanto quanto estranha. E você pode somar a estranheza com a música também!

Fiquei pensando: Uai, como um anime que retrata sobre a morte, a psiquê humana – na maioria das vezes o lado mais podre da pessoa – tem aquele “feeling jackson five na brilhantina”?

Death Parade
Os jogos vão começar em Death Parade (Imagem Divulgação)

O Limiar da Vida e da Morte

Podemos dividir a animação em duas partes, meio a meio: A primeira sem background, com foco nas personagens em julgamento e a segunda com o background, onde os protagonistas são explorados.

O plot da história pode parecer simples no início, algo como: “Duas pessoas serão julgadas a partir de um jogo. O destino de cada uma delas pode ser o Céu (Reencarnação) ou Inferno (Vazio).”

No universo do anime, quando certas pessoas morrem, tais almas são levadas a um local similar ao que seria um purgatório, mas falo SIMILAR mesmo.

Ao contrário do cristão onde as almas são julgadas individualmente e não vão para o inferno, pois passam apenas por uma purificação, no universo do anime a coisa é bem mais arbitrária, onde são sempre duas pessoas, cada uma podendo influenciar na decisão do juiz e cada uma podendo tomar um rumo igual ou diferente da outra.

Essa questão de rumos é uma das formas de se divertir enquanto assiste a animação, pois podemos julgar e tentar adivinhar o destino de X e Y.

Death Parade
Death Parade (Imagem Divulgação)

Um Drink no Inferno

Apesar de muitos considerarem o QueenDecim uma tortura, o bar todo “irlandês” é bem aconchegante. Tem uma área de aquários, pista de dança, o balcão de bebidas, espaço para jogos e um praticável onde se encontra o piano.

É nele que trabalham o árbitro e barman Decim, de personalidade severa, austero e com um chamativo cabelo estiloso branco e a que considero a personagem mais “forte” do anime, Chiyuki, apresentada como “garota dos cabelos negros” nos primeiros episódios.

O que acontece no bar é que, quando as duas almas chegam pelo elevador, nada da vida passada elas se lembram (apesar de que, caso a pessoa tenha um trabalho espiritual mais elevado, ela pode até se lembrar de ter passado no bar numa outra vez) e muito menos da cena em como morreram.

Conforme a interação com diálogos e jogos vai acontecendo, as lembranças vão florescendo e a personalidade de cada um é exposta.

Para dar um dinamismo para a série, o diretor e roteirista Yuzuru Tachikawa, resolve muitas vezes expor o lado podre da pessoa.

Muitas vezes temos aquela surpresa em que “nossa, ela fez isso? Ela deve ir pro Vazio”, para cinco minutos depois “nossa, a outra pessoa deve ir pro Vazio!”.

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças

Tem-se algumas questões quanto a memórias e lembranças que podemos falar. A primeira delas é quanto ao choque do Morrer. O quão pode ser pavoroso para a pessoa isso? E mais, imagina só que inusitado seria você morrer, estar em um elevador e se deparar que está num bar.

Que loucura não é? Sabe-se lá quem cuida da lembrança das almas, mas já sabe que manter todas as lembranças da pessoa, não é uma boa.

Outra questão interessante é a “transferência” de memória. Sabemos que os juízes, assim como Decim, recebem as memórias de cada uma das almas que chegam. Será que outra pessoa sentiria as mesmas sensações que você? A construção do Ego se dá apenas pela vivência e lembranças? Seria mesmo capaz, mesmo com nossas lembranças, outra pessoa ser capaz de julgar nossos atos? E mais, Se você tem as mesmas experiências e tais lembranças, como você (se)julgaria em tal ato?

Viva o Agora, pois você irá Morrer!

Um ponto alto para a criação de Yuzuru é a joelhada no queixo que temos com cada um dos episódios. Se você para bem para pensar e refletir, pode extrair diversos elementos que vão lhe fazer refletir sobre sua própria vida.

chiyuki Death Parade
Chiyuki em Death Parade (Imagem Divulgação)

Um destes elementos é do Memento Mori, que traduzindo de forma bem banal do latim, temos algo como “Lembre-se que você irá morrer”. Esta é uma forma de “alertar” ou incentivar uma pessoa a viver o momento, viver como se você fosse morrer amanhã, dando até pra unir com a célebre frase de Horácio, o Carpe Diem, que popularmente virou Colha o Dia.

Até o momento em que estas expressões são trabalhadas, na última metade de episódios, você – o telespectador – já vai estar mais habituado com as ferramentas que lhe foram apresentadas e a contextualização e entendimento de todo aquele pano de fundo ainda não explorado, começa a fazer mais sentido e algumas peças começam a se encaixar de forma orgânica. Isso é ótimo pra quem não gosta de “tudo mastigadinho” ou “vomitando o ponto de vista do criador”.

Talvez até o fim da animação, suas conclusões, julgamentos e explicações do universo de Death Parade, poderão ser bem diferentes da do seu vizinho ou amigo que assistiu com você. Isso bem interessante, já que, se ao assistir a animação lhe dá a oportunidade de refletir, nada mais natural de também ter a possibilidade de trocar uma ideia com seu parceiro.

A Técnica

O #BELLAN falou, falou e falou…mas e aí?
Death Parade é uma extensão de seu irmão menor Death Billiards e já nasceu com juras de amor por uma penca de fãs. Yuzuru Tachikawa não tem seu espaço como diretor ou roteirista bem definido, e vamos torcer para que o cara continue nesse ótimo trampo junto a Madhouse.

Os 12 episódios fluem de forma “episódica e linear” na primeira metade e difere para algo “episódico e complementar”. Como já dito, depois de ter as ferramentas, os jogos que as almas jogam, ou mesmo explicações e introduções que teríamos com todas as visitas, são colocadas em segundo plano.

decim Death Parade
Decim em Death Parade (Imagem Divulgação)

Este ritmo flui até que bem, com uma leve caída lá nos episódios 6 ou 7, dando uma revitalizada no altura dos episódios 9 e 10, fechando brilhantemente nos dois últimos episódios.

Se você pensa em acompanhar a série e quer assistir tudo de uma vez, talvez não seja a melhor recomendação. É interessante digerir e refletir sobre cada tema explorado ou cada caso mostrado. Uma dica é assistir de dois em dois ^^

O Julgamento Final

Gostaria de falar sobre cada uma das personagens, cada um dos casos mostrados, mas essa análise ficaria gigantesca. Tentei focar em alguns pontos gerais que a série traz; Eu #BELLAN não gosta de categorizar obras com o gênero “Psicológico“, pois acho que TUDO pode se encaixar aí. Porém, se há uma série que evidencia isso, é Death Parade, e das poucas.

Ainda teremos mais conteúdo para vocês e enquanto isso, se não assistiu, fica aqui nossa recomendação!

REVIEW
Death Parade
Artigo anteriorNova forma de Goku Super Saiyajin Deus em ‘Dragon Ball Z: A Ressurreição de Freeza’!
Próximo artigoGraphic MSP lança ‘Penadinho – Vida’
BELLAN
O #BELLAN é um nerd assíduo e extremamente sistemático com o que assiste ou lê; ele vai querer terminar mesmo sendo a pior coisa do mundo. Bizarrices, experimentalismo e obras soturnas, é com ele mesmo.
death-parade-reviewApós a morte, os humanos são mandados para a reencarnação ou para o vácuo. Mas alguns acabam indo parar no Quindecim, um bar onde um bartender misterioso de cabelos brancos, chamado Decim, trabalha. Todos que vão parar nesse lugar são desafiados a jogar vários tipos de jogos mortais, onde suas verdadeiras personalidades são reveladas, sendo que no final, é decidido pelo árbitro se os participantes irão para a reencarnação ou para o vácuo.