Quem é que gosta de espionagem? Atômica: A cidade mais fria foi publicada no Brasil pela Darkside Books e vocês conferem agora o que achamos de Lorraine e sua rede de investigação!

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Atômica também virou filme (confira nosso REVIEW), sendo que a própria protagonista Charlize Theron, comprara os direitos da graphic novel e nisso, produzira o longa junto com o diretor David Leitch, este que fez um ótimo trabalho com John Wick – De Volta ao Jogo.

Dupla Atômica

Originalmente publicada pela Oni Press sob o título de The Coldest City, a obra angariou o prêmio de melhor graphic novel pela Comixology e conta com o roteiro de Antony Johnston, que já trabalhou com títulos como Wasteland, Dead Space e Demolidor.

Johnston também ficou famoso por trazer o carcaju amarelo, Wolverine, em uma versão bacanuda em mangá, junto ao artista Wilston Tortosa, na obra Wolverine: Prodigal Son.

Já com relação a arte de Atômica, temos Sam Hart, conhecido por sua arte nos quadrinhos de Tropa Estrelares e Juiz Dredd.

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Os autores de Atômica: A cidade mais fria, Antony Johnston e Sam Hart.

Nas sombras do muro

Na trama temos Lorraine Broughton, enviada numa Berlim infestada de espiões e agentes do mundo inteiro, poucos dias antes da fatídica queda do Muro de Berlim, em 1989.

No início, a agente é enviada para investigar a morte de um agente britânico, este que faz parte do MI6 e que contava com informações de extrema importância da agência de espionagem – na verdade, uma lista com diversos nomes.

É assim que ela – sem ao menos falar alemão – é enviada a Berlim Oriental para recuperação destes dados, e conta com a ajuda (ou não), de Percival, um agente já enraizado na cidade.

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A arte de Atômica: A cidade mais fria (Imagem Divulgação)

Uma Geração de Desconfiança

Como um todo, o roteiro de Johnston leva o leitor a se perguntar a todo momento “o que de fato está acontecendo ali?”.

De forma nada “mastigada”, é de vital importância estar apreensivo em sua leitura, pois qualquer deslize pode comprometer o entendimento dos fatos, o que acaba contribuindo para a imersão investigativa da época em que a graphic novel nos transporta.

Tudo é questionável e do mesmo nível passivo de reviravolta e desconfiança – na verdade, até mesmo com a própria protagonista da série, Lorraine, já que em Atômica: A cidade mais fria, a maioria, são espiões e agentes secretos.

Ambientação Histórica

Junto as investigações de Lorraine, Johnston trabalha a todo momento com a situação momentânea em que a obra se passa, com citações políticas e na contextualização das duas Alemanhas, dias antes da queda do Muro de Berlim.

Aos amantes da história, política e curiosos pelo fato, o quadrinho se torna deveras interessante, já que estas questões são trabalhadas não só pelo ponto de vista da protagonista, mas como também mostra em diversas passagens, a reação da própria população na época, como também dos soldados – de ambos os lados do muro.

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A arte de Atômica: A cidade mais fria (Imagem Divulgação)

A HQ mais fria

A comparação entre HQ e o filme de David Leitch, ainda vai acontecer aqui no SUCO, mas gostaria de deixar claro uma coisa: você que assistiu ao filme, não espere encontrar muita ação por aqui. Johnston trabalha com investigação pura, e como Alan Moore disse, “Lembrou-me John Le Carré na sua convincente complexidade (…). 

Apesar de ser uma leitura rápida, algo que não demore mais que uma hora, por conta da profundidade – e do apêndice, caso você não entenda alemão e francês, já que a pedidos, a editora manteve certos diálogos nestes idiomas – é provável que seja interessante uma releitura.

Aproveitando a dinâmica de leitura citada acima e uma analogia com o título, tudo denota o frio. Desde a ambientação geográfica europeia, dos personagens apáticos, da época turbulenta, o que casa perfeitamente com a contrastante arte dura, quase minimalista, de Sam Hart, no preto e branco.

O que não é frio por aqui? O cigarro! Algo que você pode reparar sempre na leitura é de que há muitos quadros com os personagens fumando haha.

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Capa de Atômica: A cidade mais fria, publicada pela Darkside Books

Edição Atômica

Como já citado em Fragmentos do Horror, o trabalho da Darkside Books está impecável, não só com a encadernação e qualidade do papel, mas como na tradução e edição da obra, crédito que damos a Érico Assis.

Aos fãs do gênero e da espionagem, Atômica: A cidade mais fria é um thriller investigativo, extremamente imersivo, duro, sem clichês e recheados de reviravoltas.

Pronto para vivenciar a queda do muro?

 

Atômica na Darkside Books

REVIEW
Atômica: A cidade mais fria
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BELLAN
O #BELLAN é um nerd assíduo e extremamente sistemático com o que assiste ou lê; ele vai querer terminar mesmo sendo a pior coisa do mundo. Bizarrices, experimentalismo e obras soturnas, é com ele mesmo.
atomica-a-cidade-mais-fria-reviewBerlim, outubro de 1989. O muro que dividiu a Alemanha está prestes a cair, feito uma peça de dominó que acabará derrubando também a União Soviética e a impenetrável Cortina de Ferro. A Guerra Fria parece chegar ao fim, mas o assassinato de um agente secreto inglês do MI6 com informações inestimáveis — uma lista que contém os nomes de todos os espiões que atuam em Berlim — deixa claro que os dois lados ainda têm muito o que esconder, como até hoje. Mas, junto ao corpo, não se encontra lista alguma.